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Tusmil diz ter comprador para empresa e espera reverter rescisão de contrato

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A Viação Tusmil divulgou, nesta sexta-feira (24), ter um empresário interessado em comprar a empresa, única integrante atual do Consórcio Manchester, contra o qual a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) decretou, no dia 15, o fim do contrato para operação do sistema de transporte coletivo urbano. O investidor, que não teve seu nome divulgado, é ligado a um grande grupo nacional do ramo de transporte, “com capacidade de investimento para renovar e ampliar a frota e melhorar a qualidade do serviço, mantendo a concorrência com os demais operadores”.

“A empresa teve conhecimento desse processo de caducidade, declarado na quarta-feira retrasada, e tinha três dias úteis para recorrer. Como quinta foi feriado e sexta ponto facultativo, nosso prazo era até quarta (passada), quando recorremos administrativamente. Estamos esperançosos de que a Prefeitura vai analisar com carinho essa situação, até porque temos uma solução imediata para esse problema da cassação: conseguimos um empresário investidor que tem interesse em comprar a Tusmil, assumir a empresa imediatamente e resolver todos os problemas dela”, anunciou o sócio Júlio Noel, em entrevista à Rádio Transamérica na manhã desta sexta.

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Noel acrescentou que a Tusmil foi surpreendida pelo decreto de caducidade do contrato. “Quando a Procuradoria emitiu parecer favorável à cassação, a Prefeitura tinha prazo indeterminado, poderia analisar com calma. Eu já havia falado que estava tentando comprador para a empresa, que estava negociando. Eu já tinha um ou dois interessados e pedi paciência, que eu ia resolver a situação. Me pegou de surpresa porque foi quase imediatamente: houve o parecer da Procuradoria, e foi declarada a caducidade.”

O sócio forneceu algumas justificativas para o desequilíbrio financeiro do consórcio, entre elas, o congelamento da tarifa de ônibus desde novembro de 2019. “São dois anos e sete meses sem reajuste. De lá para cá só o óleo diesel sofreu reajuste de 126%, pneu e peças mais que dobraram de preço. Os insumos subiram muito e houve também reajuste da categoria em janeiro, de mais de 11%. Isso tudo vai impactando.”

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Como a Tusmil já havia se pronunciado por nota na quarta, Noel reafirmou que a PJF deixou de pagar subsídio ao consórcio. “A Prefeitura nos pagou no ano passado, até dezembro e, a partir de janeiro, ela suspendeu. Os problemas começaram a acontecer mesmo a partir de janeiro, quando foi suspenso o pagamento do subsídio.” A PJF, por sua vez, segue sem se pronunciar sobre a questão.

Maior parte das linhas da Zona Rural está com a Tusmil

Durante a entrevista à Transamérica, o sócio da Tusmil Júlio Noel também destacou diferença entre os lotes de linhas de cada consórcio que venceu a licitação em 2016, com concessão inicial por dez anos, afirmando que a Tusmil tem custos mais altos. “A maior parte das linhas de ‘roça’ está com a Tusmil. São 11 linhas que rodam em estrada de chão, com quilometragem alta e índice de passageiro por quilômetro baixo. Tem linha que roda 60 quilômetros, distância daqui a Três Rios. O funcionário faz duas viagens e já cumpriu a carga horária dele.”

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O sócio acrescentou que, além das questões de custo operacional apontadas, as linhas da Zona Rural desgastam mais os ônibus, que transitam por estradas precárias. “Às vezes o carro não suporta. Não é falta de manutenção, é que o carro não foi feito para andar em um piso desses, requer até mais manutenção. Isso também causa desequilíbrio”, observou, dizendo que deveriam ter sido feitas trocas de linhas entre os consórcios para melhor equilíbrio.

Além das justificativas apresentadas para a situação financeira atual, Noel destacou que a pandemia foi um agravante. “Nosso contrato previa o transporte de oito milhões de passageiros, antes da pandemia já estava abaixo de sete e, com a pandemia, chegou a dois milhões. Só que a frota não foi reduzida na mesma proporção. Tivemos redução de quase 80% na demanda, mas a frota foi diminuída aos poucos e em torno de 50%.” Segundo ele, o prejuízo estimado à Tusmil, de março de 2020 até janeiro de 2022, gira em torno de R$ 35 milhões.

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Para o empresário, as únicas maneiras de “corrigir” essas diferenças seriam o aumento da tarifa ou o repasse de subsídio. “Ou cortando custos. Mas para isso teríamos que tirar ônibus de circulação, e a população já reclama que está faltando, como vamos tirar? Então o custo hoje já está no limite, não tem mais o que fazer. Aliás, têm linhas que precisariam acrescentar (horários), porque têm muita demanda.” Ele lembrou que a PJF já declarou que este ano não haverá reajuste no valor da passagem. “Então só sobrou o subsídio”.

O sócio da viação destacou que diante dos prejuízos milionários nos últimos dois anos, a empresa tem tentado captar recursos, com empréstimos bancários, para mantê-la. “A receita não é suficiente para cobrir os custos. Não acumulei resultados para que pudesse reinvestir agora. Então, infelizmente, não conseguimos fazer a troca dos veículos (com mais de 10 anos de uso).” Na ocasião do decreto de caducidade, a PJF informou ter sido constatada a circulação de 25 veículos do Consórcio Manchester com idade acima da permitida por contrato.

Sobre a preocupação dos trabalhadores de que aconteça com a Tusmil o mesmo ocorrido com Gil, que chegou a encerrar suas operações com dívidas trabalhistas, Noel disse ter apresentado a solução para a Prefeitura: “Os empresários estavam aqui ontem (23) para ter uma reunião com interesse de assumir a empresa imediatamente. Só faltava fazer contrato, porque valores já tínhamos acertado. Mas como há o processo de caducidade, queriam confirmar se seria suspenso”. Em nota divulgada nesta sexta, a Tusmil disse que os empresários não foram atendidos pelo Executivo Municipal, que teria suspendido a reunião, marcada com antecedência, em cima da hora.

Empresa quer cancelamento da caducidade

Noel complementou que, se a caducidade for cancelada, viabilizando a compra da Tusmil pela empresa interessada, continuariam sendo pagos inclusive os processos trabalhistas da Gil assumidos pela Tusmil. Além disso, seria feita a renovação da frota, substituindo os veículos de 2010 e 2011 que continuam rodando. “Espero que a prefeita (Margarida Salomão – PT), que tem a decisão na mão desse recurso, pense nessa solução, que é imediata e sem risco de contrato emergencial, resolvendo o problema imediatamente.”

Em nota enviada à imprensa também nesta sexta-feira, o Consórcio Manchester “reforça sua convicção de que a reversão da caducidade é a melhor alternativa para todos na cidade. Para a população, porque irá entrar em caráter definitivo um grupo com capacidade de investimento para renovar e ampliar a frota e melhorar a qualidade do serviço de transporte, mantendo a concorrência com os demais operadores. Para os funcionários da Tusmil, porque terão a garantia de seus empregos e salários. Para os funcionários da antiga Gil, porque irão continuar recebendo em dia os acordos trabalhistas celebrados pela Tusmil. E para a própria Prefeitura, por evitar uma verdadeira e desgastante batalha judicial que se avizinha, tendo em vista que a alternativa apresentada pela Prefeitura, caso mantenha a decisão pela caducidade, seria a contratação emergencial de uma outra empresa para operar o sistema, o que não faz sentido se a própria Tusmil já está oferecendo a solução definitiva por meio de um grande grupo com experiência no segmento, vontade e recursos para investir na cidade, adquirindo a Tusmil e mantendo suas operações com qualidade.”

A empresa também diz esperar que a Prefeitura cancele a caducidade e aprove a venda da Tusmil para “esse grande e respeitado grupo empresarial nacional.”

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