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Levantamento aponta que taxa de crescimento dos casos de coronavírus triplicou em JF

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O grupo de modelagem epidemiológica da Covid-19, formado por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), publicou nesta quarta-feira (24) mais uma nota técnica a respeito do coronavírus em Juiz de Fora e em outras 11 cidades da Macrorregião Sudeste de saúde. O estudo, feito semanalmente por meio da sistematização de dados de diversas fontes oficiais sobre a pandemia, apontou um crescimento exponencial na taxa de crescimento do número de casos, índice até mesmo maior na região que o registrado no estado e no país, com destaque para Juiz de Fora, Muriaé, Leopoldina e Cataguases, especialmente na última semana.

Em Juiz de Fora, conforme o levantamento, que considera o número de casos contabilizado até o último sábado (20), também houve aumento de 225% no número de casos a partir de 16 de junho, dia em que houve recorde de novos registros. A taxa é cerca de três vezes maior que a verificada anteriormente. Na cidade, o isolamento social continua em tendência de queda, conforme aponta o levantamento, chegando a uma média de menos de 50% na última semana.

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No dia 1º de junho, Juiz de Fora tinha 617 casos confirmados e registrava 34 vidas perdidas, de acordo com a Prefeitura de Juiz de Fora. Estes números evoluíram para 1.258 casos confirmados e 46 vidas perdidas no dia 20 de junho, representando aumentos de 103,9% e 35,3%, respectivamente.

Interiorização

Em relação a outros municípios da região, Juiz de Fora continua concentrando a grande maioria dos casos confirmados e vidas perdidas, com quase 95% do total de casos de óbitos na macrorregião. Segundo o estudo, as três microrregiões de saúde da Macro Sudeste com maior destaque, tanto em número de casos confirmados quanto de vidas perdidas, são Juiz de Fora (1.305 casos e 50 óbitos), Muriaé (621 casos e 19 óbitos) e Carangola (282 casos e sete óbitos) até dia 20 de junho. Destacam-se também as microrregiões de Ubá, Leopoldina e Cataguases, com sete óbitos cada uma.

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“Desde os últimos levantamentos, já vinha chamando a atenção a interiorização dos casos. Agora, a velocidade do contágio vem crescendo. O destaque maior é o crescimento de óbitos em Muriaé, o que chamou bastante atenção nessa análise. Se as coisas estão complexas na macrorregião, podem, de alguma maneira, desaguar no sistema de saúde de Juiz de Fora, que é referência natural”, comentou Isabel Cristina Gonçalves Leite, uma das pesquisadoras, que é professora associada do Departamento Saúde Coletiva.

Taxa de contaminação também está maior

O levantamento, que tem o objetivo maior de auxiliar nos planos de contingenciamento de leitos, profissionais e equipamentos de saúde no decorrer do crescimento da infecção, também aponta o número reprodutivo efetivo, ou seja, quantos casos derivam de um contaminado. Segundo o estudo, essa taxa está acima de um para todas as microrregiões que incluem as cidades de Juiz de Fora, Muriaé, Além Paraíba, Ubá, Santos Dumont, Lima Duarte, Leopoldina, Cataguases, São João Nepomucemo e Carangola. “Uma pessoa contaminada é capaz de contaminar mais de uma pessoa no fluxo do tempo. Pensar em romper o isolamento social nunca deu certo em nenhum outro país. Este dado mostra a capacidade da doença se espalhar, quando baixa a guarda da população, se vê claramente um aumento natural dos casos”, disse a pesquisadora Isabel Cristina.

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Os dados da pesquisa também revelam que mais de 70% dos casos de coronavírus se concentram entre indivíduos de 20 a 59 anos de idade, mas mais de 80% dos óbitos se concentram entre aqueles com mais de 60 anos. “Isso demonstra que quem está se contaminando, em grande maioria, é a população economicamente ativa. Porém, é preciso lembrar que no entorno destes contaminados está o grupo de risco. É preciso ter a capacidade de pensar no outro, a parte mais importante é o comportamento social, o compromisso ético com seu semelhante. Isso é papel coletivo”, disse Isabel.

Ocupação de leitos em JF pode ter pior cenário no início de julho

A nota da UFJF destaca que, como a epidemia mostrou sinais de avanço, a previsão de ocupação de leitos é de aumento, podendo chegar em um pior cenário, com 119 leitos de enfermaria e 86 de UTI ocupados no dia 4 de julho. Os dados foram obtidos no painel da Prefeitura de Juiz de Fora que apresenta de forma detalhada esta ocupação.

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“As internações por Síndrome Respiratória Aguda (SRA) tiveram um pico no dia 19 de junho em todas as regiões urbanas de Juiz de Fora. Há a previsão, obviamente de maior ocupação de leitos, tanto de enfermaria quanto de UTI ao longo do tempo”, esclareceu Isabel. Os dados de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) foram fornecidos pela Secretaria de Saúde de Juiz de Fora. Foram analisadas 698 internações ocorridas no município entre 26 de fevereiro e 19 de junho, a maioria, relacionada a residentes nas regiões urbanas de Juiz de Fora. Houve predomínio do sexo masculino (51%) e idade média de 58 anos.

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