Depois chegam norte-americanos, alemães e peruanos, que repetem o ritual. Os brasileiros reconhecem a placa: Pelotas, Rio Grande do Sul. E fazem a pergunta que está estampada na cara de todo mundo, independentemente da nacionalidade: como esse Fusca chegou até aqui?
Quatro anos atrás, o fotógrafo Nauro Junior assistia aos jogos da Copa do Mundo no Brasil com sua mulher, Gabi. Ele viu o fatídico 7 a 1 e depois os 3 a 0 para a Holanda, na disputa pelo terceiro lugar. Atônito, perguntou se o Brasil conseguiria se reerguer. Ela respondeu: “É mais fácil chegar de Fusca na Rússia do que o Brasil ser campeão”. Foi daí que saiu a fagulha. “Vamos fazer o impossível para que o Brasil também consiga fazer o impossível”, profetizou o fotógrafo.
Foi uma aventura planejada. Teve até ensaio. Ele percorreu 15 mil quilômetros em sete países na América do Sul na Expedição Fuscamérica. A passagem pela Bolívia, no entanto, danificou o carro. Foi aí que a cidade de Pelotas se mobilizou. Mecânicos e donos de lojas de peças reergueram o carro, que ficou novo de novo. Em uma campanha de financiamento coletivo, ele bateu 98% da meta de R$ 40 mil.
A empresa de transporte marítimo WWO, presidida por um brasileiro, cuidou da viagem até Hamburgo. O custo seria de US$ 10 mil (R$ 38 mil). Da Alemanha para a Rússia, o Segundinho (esse é o nome do Fusca) foi de trem. “A ideia é mostrar que o mundo é o quintal da nossa casa.”
Nauro Junior foi acolhido por um mecânico especialista em carros Volkswagen, que também se envolveu com a aventura pela internet. O Fusca é quase original. As principais diferenças são o sistema de injeção eletrônica e duas baterias para dar conta do equipamento fotográfico. Em cima, vão as barracas de camping, fogão, panela e gasolina extra.
Segundinho vai para Moscou. Serão 635 quilômetros, um dia e meio de viagem. Em 30 dias, Nauro Junior viajará com a família pela Europa. Em 15 de agosto, ele coloca o Fusca de volta no navio, agora em Santander, na Espanha. “O que fazer quando chegar em casa? Pensar na próxima”, disse.