Quando a época do Natal se aproxima, o sobrado localizado no número 133 da Rua Comendador Pereira da Silva, no Bairu, torna-se um dos pontos turísticos de Juiz de Fora. O motivo é a decoração natalina colocada na fachada da casa. Mas não trata-se de uma decoração qualquer. A cada ano, as irmãs Lena e Fátima de Oliveira elaboram um tema diferente para deixar o Natal ainda mais especial. A tradição perdura por 17 anos, e, para elas, o significado é manter viva a memória da irmã Graça, gêmea de Lena, já falecida, pois um dos seus últimos pedidos era de que a casa fosse enfeitada na parte de fora, de modo a tornar o Natal de crianças e adultos mais alegre e feliz.
“Nós sempre enfeitávamos por dentro, mas no ano de 2001, quando já estava doente, Graça pediu para que a levássemos um pouco dessa beleza para a fachada. Nós nunca havíamos pensado nisso, então, começamos a fazer. Graça chegou a ver os primeiros anos, e hoje é a forma de termos ela ainda mais presente. Ela disse que a nossa decoração iria alegrar as pessoas e, de fato, percebemos que quando as pessoas passam pela casa elas ficam mais felizes, nos abraçam. Já as crianças brincam e se encantam. É um trabalho que não tem preço, e a nossa recompensa é o sorriso”, explica Fátima.
Neste ano, o tema escolhido pelas irmãs foi o “Então é Natal”, que, segundo Lena, tem como objetivo levar o real significado do Natal: a comemoração do nascimento do menino Jesus e a lembrança dos ensinamentos deixados por Ele, e não o consumismo. “As luzes despertam os nossos melhores sentimentos. O Natal é época de união entre as famílias, as pessoas, de evangelizar. Para nós é uma alegria poder levar esses sentimentos por meio desse trabalho”, destaca. A decoração de 2018 reúne cerca de 60 mil micro lâmpadas luminosas de LED, que circundam as paredes e desenhos, além do tradicional boneco do Papai Noel.
Quatro meses de planejamento e trabalho
Assim como acontece com as escolas de samba, ou seja, quando acaba o desfile, a agremiação já pensa em como será o do ano seguinte, com Fátima e Lena é a mesma coisa. Ao retirar a decoração, em janeiro, as irmãs dão uma pequena pausa e retomam os trabalhos em julho, discutindo as ideias e temas. Esta etapa, de responsabilidade da Lena, dura cerca de um mês. Depois, começa a elaboração das peças, como o molde dos aramados, a colocação das luzes e os acabamentos, como a vedação, para não entrar água e não prejudicar o trabalho. Essa parte fica a cargo de Fátima. Em seguida, são mais 15 dias para fazer a montagem. Fátima e mais três ajudantes trabalham de segunda a sexta, das 8h às 17h, para deixar tudo arrumado. Em 2018, a decoração foi inaugurada no dia 2 de novembro.
Para que tudo ocorra dentro do planejamento, as irmãs fazem, anualmente, uma poupança para poder arcar com os custos da decoração. O dinheiro é destinado a pagar os materiais, o projeto elétrico, a remuneração dos ajudantes, além da conta de energia dos meses seguintes. Neste ano, as irmãs tiveram custos com a troca de fiação externa do imóvel, colocando-a de forma subterrânea. O objetivo foi tornar a decoração mais segura e prática. “A segurança vem em primeiro lugar, tanto a nossa, já que a casa é minha e da minha irmã, como das pessoas que vêm nos visitar”, pontua Fátima.
Para manter a memória da irmã, Lena e Fátima não medem esforços para criar decoração natalina diferente e cheia de luz