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Especialistas alertam para importância de diagnóstico precoce da tuberculose

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O número de novos casos de tuberculose caiu cerca de 11% de 2019 para 2020 em Juiz de Fora, conforme dados da Secretaria de Saúde da Prefeitura (PJF). Entretanto, até o ano passado, o município era a segunda cidade com maior incidência da doença em Minas Gerais, atrás apenas da capital Belo Horizonte. Em 2021, a PJF registrou 34 novos diagnósticos entre janeiro e maio, mas, apesar de o número parecer baixo, especialistas apontam fatores como subnotificação e outros impactos da pandemia de Covid-19 como alerta para a necessidade de prevenção contra a doença, que, assim como a Covid-19, é transmitida por vias respiratórias.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o índice de mortalidade por tuberculose em Juiz de Fora também preocupa. No último boletim epidemiológico sobre a doença, publicado pelo Governo estadual em 8 de junho deste ano, o município aparece com alta taxa de mortalidade: foram confirmadas duas a três mortes a cada 100 mil habitantes na cidade em 2019. O dado é o mais recente disponibilizado pelo Estado.

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Embora a quantidade de novos casos tenha caído desde 2020, autoridades de saúde acreditam que a pandemia pode ter impactado diretamente nos números, visto que, ao mesmo tempo que as pessoas ficaram mais protegidas em razão do uso de máscaras e do distanciamento social, a população também procurou menos os serviços de saúde neste período. Conforme análise da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), por exemplo, em 2020, o registro de novos casos da doença nas Américas caiu entre 15% e 20% em comparação ao ano anterior, cenário parecido ao identificado no município.

O infectologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF), Rodrigo Daniel, explica que essa diminuição já era esperada, em um primeiro momento, devido a uma subnotificação por conta da pandemia. Entretanto, a situação preocupa por contribuir para que os diagnósticos sejam tardios. “Nós temos menos diagnósticos em razão das dificuldades de acesso ao sistema de saúde, causando um diagnóstico tardio e, consequentemente, um estágio mais grave da doença”.

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“Nós temos menos diagnósticos em razão das dificuldades de acesso ao sistema de saúde, causando um diagnóstico tardio, e, por consequência, um estágio mais grave da doença”, avalia o infectologista Rodrigo Daniel

Além disso, o médico também aponta que a redução da transmissão da tuberculose identificada pela PJF pode ter ocorrido, neste momento, pelo fato de as pessoas estarem usando máscaras, evitando aglomerações e locais fechados por conta da pandemia de Covid-19. Segundo os dados da pasta municipal, foram 243 novos casos em 2019, contra 216 em 2020, ou seja, uma redução de 11,1%.

JF é a segunda com mais casos em MG desde 2017

Pelo menos desde 2017, Juiz de Fora é a segunda cidade de Minas Gerais com mais casos da doença, de acordo com informações divulgadas anualmente pela SES. Para o infectologista Rodrigo Daniel, dois fatores contribuem para que esta posição seja mantida: “Um deles é a proximidade com o Rio de Janeiro, que, atualmente, é a cidade com maior incidência de tuberculose no país. Além disso, em Juiz de Fora, os serviços de tuberculose são muito centralizados, e há abandono do tratamento por parte dos pacientes”, opina o médico. Atualmente, a cidade conta apenas com o Serviço de Tisiologia, localizado no PAM-Marechal.

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Para controlar a doença e evitar o surgimento de novos casos, principalmente com a melhora dos índices epidemiológicos da pandemia de Covid-19 e a consequente retomada de demandas reprimidas em serviços de saúde, o especialista afirma que é preciso dar mais atenção e melhorar o tratamento, evitando casos de abandono e realizando a detecção precoce. “Em 2020 e 2021 muitas atividades ficaram voltadas para a Covid-19, mas esperamos que após a pandemia, as atitudes voltadas para tuberculose sejam intensificadas, e, com isso, se tenha um controle da doença.”

Capacitação de profissionais

À Tribuna, a Secretaria de Saúde informou que instituiu, recentemente, o Grupo de Trabalho para Tuberculose, a fim de promover ações de fortalecimento da rede de atenção à saúde. Durante as próximas semanas, a pasta realizará capacitações sobre prevenção e controle da doença para médicos da atenção básica, com cerca de 200 profissionais. Esta faz parte de uma das atividades promovidas pelo grupo, com o objetivo de promover um espaço para discussão e sensibilização sobre o tema.

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Como identificar os sintomas

Transmitida pelo ar, a tuberculose é uma das doenças mais antigas do mundo, que continua afetando uma parte da população. Provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, popularmente conhecida como bacilo de Koch, a doença infectocontagiosa atinge, principalmente, os pulmões, mas outros órgãos também podem ser afetados, como rins, fígados e olhos, e é transmitida da mesma forma que a Covid-19 ou a gripe, por exemplo.

“A pessoa doente, ao falar, tossir ou espirrar, elimina partículas que contêm o bacilo, podendo contaminar as pessoas que convivem com esse doente. Além disso, alguns pacientes apresentam poucos sintomas, às vezes só tosse persistente, que pode ser confundida com outras doenças, tais como asma, bronquite, uso de tabaco, sinusite”, explica Márcia Haddad, pneumologista e tisiologista.

“No início pode haver poucos sintomas, mas com o evoluir da doença, eles vão aparecer, podendo variar de um quadro leve a um de muita gravidade, explica a Márcia Haddad, pneumologista e tisiologista

De acordo com ela, os sintomas característicos são tosse – que geralmente é persistente, com duração de mais de três semanas-, febre baixa no final do dia, dores, emagrecimento e sudorese noturna. “No início do quadro pode haver poucos sintomas, mas com o evoluir da doença, eles vão aparecer, podendo variar de um quadro leve a um quadro de muita gravidade”, destaca a pneumologista, que orienta a procura de uma assistência médica nos casos em que a tosse é recorrente e não cessa, mesmo não tendo outros sintomas, pois pode ser tuberculose.

Tratamento deve ser feito até o final

Após o diagnóstico, que é feito pela radiografia de tórax ou pelo exame de escarro, o paciente inicia o tratamento com duração de seis meses a um ano. Tanto o exame quanto o tratamento são oferecidos de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, o infectologista Rodrigo alerta para o fato de o paciente, muitas vezes, interromper o tratamento no primeiro sinal de melhora.

“Para se ter uma ideia, com 14 dias de tratamento, em menor parte dos casos, o paciente já tem uma redução muito grande de sua transmissão e uma melhora importante dos sintomas. Mas mesmo assim, o tratamento deve seguir até cumprir o prazo estabelecido, de seis meses. O problema é que quando a pessoa melhora, ela tem uma tendência de abandonar o tratamento, o que não deve ocorrer.”

Se o tratamento não for concluído, ou o paciente for diagnosticado muito tarde, a tuberculose pode causar lesões graves no pulmão, deixando sequelas. “Algumas pessoas são diagnosticadas tardiamente e podem ficar com uma cicatriz no pulmão, ou ter o tamanho dele diminuído, e, consequentemente, sua função também será comprometida”, completa o médico.

Além do diagnóstico precoce em casos da presença de sintomas para que não haja transmissão para outras pessoas, outra forma de prevenção da doença é a vacina BCG, ofertada pelo SUS a recém-nascidos.

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