Atualizada às 19h26
Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes Aegypti (Liraa), divulgado nesta quarta-feira (22), aponta o risco de um novo surto de dengue. O resultado do levantamento, que é o segundo feito este ano, foi de 4,8%. De acordo com o Ministério da Saúde, acima do limite de 4%, já existe o risco de surto. A Secretaria de Saúde também divulgou que os bairros onde há maior incidência de infestação do mosquito são Nova Benfica e Nova Era, na Zona Norte, Bandeirantes, Parque Guarani e Santa Terezinha, na região Nordeste, Mundo Novo, na Zona Sul, Santa Cândida e Borborema, na Zona Leste. No total, foram vistoriados 6.044 imóveis localizados em 209 bairros durante uma semana.
O índice alcançado agora é o maior desde março de 2015, quando o Liraa chegou a 6,8%. Em outubro daquele ano, no entanto, o resultado diminuiu para 2,5%, chegando a 1,6% em novembro de 2016. O Liraa voltou a subir no primeiro levantamento deste ano, realizado em janeiro, quando já apontava alerta, com 3,4%. Já o número de notificações de dengue diminuiu em relação ao ano passado. De acordo com a Secretaria de Saúde, ocorreram 98 casos de dengue na cidade nos três primeiros meses desse ano, enquanto, no mesmo período do ano passado, 19.746 haviam sido registrados.
Para a pasta, a diminuição nos casos se deve ao clima mais seco e também à intensificação dos trabalhos de campo feita pela secretaria. Apesar disso, o Liraa também apontou que 85% dos focos estão em propriedades particulares, o que, para o médico infectologista Rodrigo Daniel de Souza, coloca em xeque a eficácia das ações de conscientização. “O Liraa é o parâmetro para verificar a eficácia das ações de conscientização. Se o índice está maior que o do último levantamento, podemos concluir que o trabalho foi pior do que o realizado no ano anterior.”
Conforme o especialista, a grande diminuição no número de casos de dengue se deve a um ciclo natural da doença. “Existem quatro tipos de dengue. A pessoa que já teve um dos tipos fica imune para o sorotipo daquele vírus, mas pode desenvolver os outros três. No ano passado, tivemos 20 mil notificações, mas para cada pessoa com sintomas do vírus, quatro não sentiam nada. Isso quer dizer que o número de vítimas pode ter sido quatro vezes maior. Se a maioria das pessoas adoeceu no ano passado, e não tivemos um novo sorotipo do vírus chegando à cidade, é comum que o número de casos diminua. Mas basta um juiz-forano adquirir um novo sorotipo, e uma nova epidemia pode acontecer”, explica o infectologista.
Para o médico, as pessoas devem voltar a se preocupar com as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. “Mesmo sabendo do risco do vírus da febre amarela, que também é transmitida pelo Aedes, as pessoas estão preocupadas só com a vacina. Mas se cada um cuidar do seu espaço e gastar pelo menos dez minutos na semana checando todos os locais possíveis de proliferação, com a maioria seguindo as orientações para prevenção, o resultado vai ser muito importante.”