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Juiz-forano com paralisia cerebral é o primeiro a se formar em Economia na UFJF

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Seus olhos brilham quando se reconhece como inspiração a dezenas de pessoas, mas ainda fica tímido quando é chamado de revolucionário. Thiago da Costa, 34 anos, é o primeiro aluno com paralisia cerebral a se formar na Faculdade de Economia. Pioneiro, ele conhece bem a luta diária para ser aquele que abre caminhos, em meio a tantos obstáculos que as pessoas com deficiência ainda enfrentam.

“É preciso falar de acesso para pessoas com deficiência sem assumir um tom de vítima, mas com a visão de que a inclusão pode transformar vidas.” O juiz-forano passou boa parte da infância e da adolescência na cidade de Rio Pomba, mas voltou à sua cidade natal para ingressar na Universidade Federal de Juiz de Fora.

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Dividido entre Economia e Jornalismo, suas duas paixões, Thiago foi logo conquistado pela possibilidade de não abrir mão de nenhuma e decidiu explorá-las. O perfil no Instagram, criado durante a pandemia para minimizar os impactos do isolamento social, foi seu objeto de monografia e espaço para expor suas reflexões sobre economia e inclusão, esclarecer dúvidas, divulgar seu jornal digital e, também, mostrar um pouco de si.

Com o diploma em mãos, Thiago olha para trás e lembra do início da graduação, em 2013, como um momento de adaptação à vida acadêmica e de superação de dificuldades, mas que contou com o apoio do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI), mantido pela universidade, mudando o curso de sua trajetória. Por conta da paralisa cerebral, ele possui dificuldade de locomoção e comprometimento da coordenação motora fina, dificultando a digitação e a escrita, além de ações, como pegar objetos e subir escadas. Contudo, a deficiência não afetou a parte cognitiva.

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Mestrando em Economia, André Sobrinho atuou como monitor voluntário no Núcleo de Apoio à Inclusão. Diante da percepção sobre os processos de aprendizagem específicos do aluno, o monitor desenvolveu metodologias que se alinhassem às necessidades pedagógicas de Thiago, sempre visando a otimizar o seu desempenho. Amigos, André e Thiago hoje comemoram a conquista compartilhada.

Com a graduação em Economia concluída, Thiago já está com planos para a nova etapa: ingressar no mercado e trabalhar com análise econômica com foco na inclusão.

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André Sobrinho (à direita) desenvolveu metodologias que se alinhassem às necessidades pedagógicas de Thiago e, abraçado ao amigo, comemora a conquista (Foto: Pâmela Costa)

Desafios para inclusão

Vinculado à Diretoria de Ações Afirmativas, o NAI tem o objetivo de construir e implementar políticas para pessoas com deficiência, Transtorno do Espectro Autista (TEA), altas habilidades e superdotação no âmbito dos cursos de graduação e pós-graduação da UFJF.

Mais do que contribuir para que pessoas com deficiência possam ingressar na universidade, as políticas de inclusão visam a garantir a permanência do aluno na instituição. Entre as ações desenvolvidas está a implementação de projetos envolvendo acessibilidades físicas e atitudinais, além de assessoramento de cursos de graduação e pós-graduação no cumprimento das demandas legais.

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Segundo Nádia Faria, coordenadora do NAI, o trabalho é desenvolvido com o propósito de atender as individualidades de cada estudante, atuando de maneira personalizada, de acordo com a deficiência, o curso e a disciplina. Thiago elogia todo o trabalho feito pelo NAI, no entanto, considera que a universidade ainda precisa melhorar a parte física que, exceto os prédios novos, foi construída na década de 1960, em um tempo onde não se falava de acessibilidade arquitetônica.

Nádia avalia que, embora muitos avanços já tenham sido feitos, ainda há um longo caminho a ser percorrido. O núcleo atua com base na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei 13.146, de 6 de julho de 2015, mas falta uma regulamentação interna da UFJF, com legislações específicas para o trabalho feito dentro da instituição, abrangendo questões, como aumento do tempo de prova para PCD’s quanto um aumento do tempo para se formarem. “Então, o próximo passo é a normatização e a legalização do serviço, que é um direito do aluno.”

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