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Delegado Rafael Gomes é um dos presos na Operação Transformers do MPMG

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(Foto: Arquivo Tribuna /Leonardo Costa)

O delegado Rafael Gomes de Oliveira, então titular da Delegacia Especializada de Narcóticos, está entre os presos na “Operação Transformers”, realizada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) na quinta-feira (20).

A informação, inicialmente divulgada pela TV Integração, foi confirmada pela Tribuna juntamente ao advogado de defesa do delegado, Luiz Eduardo Lima, na manhã desta sexta-feira (21). A Tribuna ainda tenta contato com as defesas dos demais presos. No caso dos agentes públicos, são seis, todos investigadores da Polícia Civil.

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A ação aconteceu em Juiz de Fora e nas cidades de Esmeralda, Botelhos e Três Corações, resultando na prisão de 25 suspeitos de integrar uma organização criminosa que teria ligação com tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, adulteração veicular, entre outros crimes.

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Defesa aguarda deferimento do acesso aos autos

À Tribuna, na tarde desta sexta-feira, após a audiência de custódia, o advogado de defesa do delegado Rafael afirmou que a Justiça recebeu a solicitação de acesso aos autos por parte das defesas de todos os investigados. Não há prazo para que o pedido seja deferido, segundo o advogado Luiz Eduardo Lima. Dessa forma, ainda conforme o defensor, não foram tomadas quaisquer providências em favor do delegado Rafael Gomes, tal como pedido de habeas corpus.

De acordo com Lima, a prisão surpreendeu o delegado, que havia retomado os trabalhos na Polícia Civil, após período afastado por conta do processo eleitoral. O advogado afirma que Rafael Gomes havia solicitado afastamento da Delegacia Especializada de Narcóticos.

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“Ainda que de uma forma bem superficial, pelo que podemos observar no processo, o doutor Rafael somente é citado por terceiros. Não existe nada de concreto do doutor Rafael conversando com qualquer uma dessas pessoas investigadas”, pondera.

“Traz uma surpresa muito grande para ele e para a defesa, por ser uma medida extremamente grave, com uma exposição completamente desnecessária, por motivos bem rasos”, critica.

Quem é Rafael Gomes

O delegado Rafael Gomes de Oliveira tem 37 anos e é natural de Juiz de Fora. Ganhou notoriedade à frente da Delegacia Especializada de Narcóticos da Polícia Civil. Nas redes sociais, o policial se notabilizava por mostrar os bastidores das operações policiais, que geralmente levavam à prisão de pessoas envolvidas com o tráfico de drogas em Juiz de Fora e região.

Com o trabalho realizado na Polícia Civil, o delegado candidatou-se a deputado estadual no último pleito pelo Partido Avante.

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Com 8.448 votos, ele terminou as eleições como suplente do partido. Na candidatura, Rafael Gomes de Oliveira declarou R$ 543.596,30 em bens para a Justiça Eleitoral.

A “Operação Transformers”

A ação movida pelo MPMG teve o cumprimento de 250 mandados, sendo 31 de prisão preventiva, 61 de busca e apreensão, 148 de sequestro de veículos e dez de sequestro e indisponibilidade de imóveis. Entre os alvos da investigação estavam o delegado Rafael e seis investigadores da Polícia Civil de Juiz de Fora. Além dos mandados, houve também apreensão e indisponibilidade financeira na ordem de R$ 55 milhões.

Em coletiva de imprensa na tarde de quinta-feira, o promotor de justiça Thiago Fernandes de Carvalho informou que há suspeitas de que o grupo criminoso tenha movimentado cerca de R$ 1 bilhão nos últimos cinco anos.

A investigação teve início há cerca de dois anos, a partir da suspeita de roubo e adulteração de veículos. Estes eram modificados a partir de peças de carros roubados e usados para o tráfico de drogas, seja como transporte ou mesmo como forma de pagamento.

A organização criminosa investigada ainda atuava com lavagem de dinheiro, de acordo com as apurações do MPMG. Em Juiz de Fora, por exemplo, o crime foi observado em eventos artísticos e casas de comércio de diversos segmentos, como roupas e alimentos. Entre os alvos dos mandados de prisão estavam empresários e comerciantes, além de dois advogados.

Pelo que foi informado pelo MPMG, o setor de logística envolve o fornecimento de veículos para o transporte e pagamentos de cargas de drogas; já o setor financeiro seria responsável pela parte gerencial da atividade econômica, no caso, do tráfico de drogas e da lavagem de dinheiro; enquanto o setor de corrupção seria responsável pela proteção dos negócios ilícitos com informações privilegiadas de atividades policiais e demais condutas para evitar a responsabilização de integrantes da organização. Além disso, o grupo também teria um núcleo de liderança para coordenar e controlar as atividades.

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