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Vias remendadas causam transtornos em Juiz de Fora

Rua Irmão Martinho, no Bairu, valeta foi aberta para obra, mas trecho não foi recapeado, dificultando mobilidade (Foto: Leonardo Costa)

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Ao transitar por algumas regiões da cidade – a pé, de ônibus ou de carro – a sensação é a de estar andando por uma verdadeira colcha de retalhos. Percebe-se que o recapeamento asfáltico em alguns pontos, que deveria solucionar o surgimento de buracos, torna-se o principal problema quando não estão nivelados com a pista. O que se vê são verdadeiros aclives e declives que causam desconforto e, dependendo, impactam no funcionamento dos automóveis e trazem risco de queda para pedestres. Seis meses depois de mostrar reclamações da população a respeito dos buracos, a Tribuna voltou às ruas e constatou que, além dos buracos, agora sobram também remendos que causam transtornos.

Chama a atenção as condições do asfalto presente na Rua Eduardo Weiss, um dos acessos aos bairros Monte Castelo e Esplanada, na Zona Norte. Os remendos são tantos que mal se consegue ver o pavimento original. Quem trafega por lá diariamente relata que a experiência é semelhante a uma corrida de obstáculos. Uma leitora que não quis se identificar conta que é preciso fazer movimentos de zigue-zague com o veículo para tentar minimizar o impacto causado pelo desnivelamento. “Além disso, a pista é tão irregular que esconde buracos e, quando menos se espera, o pneu já entrou em um deles. Ainda não tive problemas com o carro, mas temo que isso ocorra, pois trafego por lá todos os dias”, aponta.

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Na mesma região, o Acesso Norte também apresenta asfalto precário ao longo de toda a via, mas o trecho entre a entrada para o Bairro Barbosa Lage até o Colégio Militar é o que mais apresenta problemas. Uma moradora da região, que preferiu não ter seu nome revelado, destaca que já furou um dos pneus do seu carro ao cair em um buraco na via, em frente ao colégio. “Há anos a via vem sofrendo com esse buracos, que são tampados e, logo em seguida, se abrem novamente. É preciso que seja feito um asfaltamento geral, e não paliativo”, comentou.

Outras ruas que colecionam remendos são a Doutor Henrique Burnier, no Mariano Procópio, no trecho entre a Avenida Rui Barbosa e a Rua Teresa Cristina, região Nordeste, e a Engenheiro José Carlos Moraes Sarmento, no Santa Catarina, região central. Ambas as vias estão repletas de remendos e desníveis, dificultando o trajeto de motoristas não só de veículos leves, como aqueles mais pesados, pois tratam-se de vias com fluxo intenso de carros, caminhões e ônibus. Ainda no Mariano Procópio, a Rua Francisco Lage também está bastante desnivelada. No Santa Luzia, na Zona Sul, um buraco ainda sem pavimentação exige alerta para quem trafega pela Avenida Ibitiguaia, esquina com a Rua Torreões. Já na Avenida Santa Luzia, na margem direita do córrego, há remendos de fora a fora.

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Asfalto cedendo

Uma situação grave foi flagrada na Rua José Miguel Mansur, no Cascatinha, também na região Sul. Por lá, há um recapeamento feito por toda a via, mas que está bastante fora do nível da rua. O agravante, no entanto, é uma obra inacabada para a colocação de uma manilha, que toma conta de boa parte da via. Moradores relatam que o asfalto vem cedendo e que, há algumas semanas, não foram vistos operários mexendo no local. Na sequência, a Rua Nair da Costa Cunha também apresenta remendos no pavimento em seu prolongamento até a Avenida Dr. Paulo Japiassu Coelho. Na Avenida Engenheiro Valdir Monachesi, quase esquina com a Avenida Eugênio do Nascimento, no Aeroporto, Cidade Alta, dois recapeamentos em buracos chamam a atenção pelo descaso. Um deles foi feito próximo a uma boca de lobo e, no dia em que a Tribuna esteve no local, o ponto já acumulava placas do próprio asfalto e folhas secas de vegetação. Na mesma direção, outro buraco foi tampado, mas o material utilizado espalha-se pela pista.

Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que, nos endereços com desníveis informados, a Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização (Empav) promoverá uma vistoria para verificar a viabilidade de tomar medidas para amenizar o problema. Sobre a possibilidade de instalar um novo asfalto, as obras de recapeamento, por serem onerosas, necessitam da captação de recursos externos, e, devido à grave crise no país, as verbas estaduais e federais para este fim não têm sido repassadas. “No entanto, para regularizar a situação, a Empav continua executando a operação tapa-buraco em diversos pontos. Vale ressaltar que, com o período chuvoso, a carga de trabalho é maior, bem como as solicitações recebidas, porém não é possível realizar todo o serviço nos dias com precipitação intensa. Por isso, as equipes priorizam os locais que apresentam maior risco. A programação da Empav visa a atender todas as demandas da população por ordem de prioridade”, disse o documento.

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A PJF destacou, ainda, que são quatro equipes e quase 30 funcionários empenhados nessas operações. “Os trabalhos serão intensificados no período de maior estiagem, iniciando pelos corredores de tráfego e, portanto, locais com maior movimento. Posteriormente, o serviço se estenderá aos locais com menos movimento.” De acordo com a nota da assessoria, os endereços mencionados foram incluídos na programação de serviço da empresa para que os trabalhos sejam realizados assim que possível.

Recapeamento temporário

Os problemas vistos nestes bairros também se refletem na região central. Acredita-se que a principal causa esteja relacionada aos serviços de empresas que, para realizar alguma intervenção, necessitam perfurar o asfalto e, posteriormente, executam o recapeamento temporário das aberturas. Muitos leitores reclamaram a respeito da obra para a implantação de gasoduto na cidade pela Gás de Minas Gerais (Gasmig). No começo de setembro, a Prefeitura suspendeu as obras da empresa. A paralisação se deu em razão dos problemas relacionados ao recapeamento asfáltico executado pela própria entidade após as intervenções. A constatação das falhas foi feita pela fiscalização da PJF. Segundo a Prefeitura, em reunião com a companhia, ficou acordado que a mesma iria corrigir todos os problemas apresentados e, após a comprovação das correções do recapeamento enviadas pela Gasmig, as obras foram retomadas.

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Na Avenida Barão do Rio Branco, próximo à Rua Sampaio, recapeamento feito por empresa de gás ficou abaixo do nível da via (Foto: Marcelo Ribeiro)

Contudo, a Tribuna foi até aos locais citados pelos leitores e registrou pontos onde o recapeamento ainda deixa a desejar. Na Avenida Rio Branco, sentido Bom Pastor/Manoel Honório, quase esquina com a Rua Sampaio, existe um corte no qual a pavimentação está abaixo do nível da pista. Na Rua Oswaldo Aranha, há dois recortes próximos da calçada. Ainda na mesma via, mas no cruzamento com a Avenida Itamar Franco, existe outro buraco recapeado, também desnivelado. De acordo com a PJF, outras fiscalizações continuam sendo realizadas, sendo solicitadas à Gasmig as devidas correções. Procurada, a Gasmig não se pronunciou sobre o problema.

Outros casos

Mas as reclamações não são apenas contra a companhia. No Bairro Santos Dumont, na Cidade Alta, trabalhos para a instalação de fibra óptica subterrânea deixaram as ruas Álvaro José Rodrigues e José Expedito Alves com cortes de fora a fora, ainda sem pavimentação definitiva. Um morador de uma das vias, que também preferiu não ter sua identidade revelada, disse que, há algumas semanas, a intervenção acabou por perfurar um cano, o que deixou ele e os vizinhos sem abastecimento de água por algumas horas. “Mas rapidamente consertaram o vazamento. Eles ainda estão mexendo, por isso não fecharam definitivamente, mas já está um pouco complicado”, destacou. Sobre os serviços executados por demais empresas particulares, a Prefeitura disse que as mesmas serão notificadas conforme a necessidade.

No Bairu, Zona Leste, duas vias estampam frequentemente a seção “Vida Urbana” do jornal por apresentarem sucessivos problemas no recapeamento. Na Rua Irmão Martinho, um buraco próximo à esquina com a Rua Teodoro Coelho, está aberto há cerca de três meses. Poucos metros depois, em frente ao número 248, há uma valeta, que, de acordo com moradores, foi aberta há mais de um mês para a realização de uma intervenção, mas foi tapada apenas com pó de pedra.

Sobre esses pontos, a PJF informou que tratam-se de pendências de recapeamento sob responsabilidade da Cesama, e os trabalhos serão realizados até o final desta semana, bem como na Rua Irmão Martinho, no Bairu, ruas José Miguel Mansur e Nair de Castro Cunha, no Cascatinha; e na Rua Álvaro José Rodrigues, no Santos Dumont. Ainda na programação constam os endereços: avenidas Ibitiguaia e Santa Luzia, no Santa Luzia; e na Avenida Rio Branco, próximo ao número 679, no Centro.

Buracos dificultam tráfego em vários trechos

Além dos remendos, há trechos onde os buracos persistem. A Tribuna percorreu vias na área central onde crateras podem ser vistas, o que dificulta a mobilidade. Na Rua Silva Jardim, entre as ruas Tiradentes e Santo Antônio, no Bairro Santa Helena, o asfalto está em péssimas condições. Além dos buracos, há segmentos onde o piso está esfarelando. Ainda há problemas na Marechal Deodoro, entre a Rua Tiradentes e a Avenida Olegário Maciel, no Centro. Na Rua Oswaldo Aranha, na parte íngreme, onde havia um buraco, o trecho foi consertado. Quem circula frequentemente pela Avenida Olegário Maciel também encontra alguns trechos onde há remendos e outros ainda com buracos.

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