Site icon Tribuna de Minas

Donos de animais de estimação devem ter cuidados especiais durante pandemia

PUBLICIDADE

A Tribuna passa a esclarecer dúvidas, neste espaço, sobre o novo coronavírus. As redes sociais do jornal (Facebook, Twitter e Instagram), além do Whatsapp (99975-2627) estão abertas para receber questionamento dos leitores, bem como averiguar informações que circulam pelas próprias redes. Vamos buscar as respostas com autoridades e especialistas. Participe!

Donos de animais de estimação devem ter cuidados especiais durante pandemia

PUBLICIDADE

São poucas as informações a respeito de quais animais possuem a capacidade de transmitir o novo coronavírus a humanos, mas especialistas apontam para a necessidade de reforçar cuidados de higiene quando lidando com pets, sobretudo porque os animais de estimação certamente podem transportar o vírus pelas patas ou pelos. Pessoas que já foram infectadas devem ter cautela ao lidar com os bichinhos.

Segundo a médica infectologista Rosângela Maria de Castro Cunha, pesquisadores indicam que, apesar de outros vírus semelhantes atingirem cães e gatos, a classe do coronavírus que causa a atual pandemia não atinge os pets. Entretanto, o perigo passa a ser o transporte do vírus por patas e pelos, de modo que é necessário, também, restringir os passeios com os animais. “A orientação para as pessoas que já contraíram o coronavírus é evitar o contato com os animais, já que não há dados precisos sobre a infecção em pets. Quando o convívio é inevitável, uma boa ideia é usar luvas e máscara facial sempre que possível”, alerta Rosângela.

PUBLICIDADE

Os hábitos de higiene também devem ser ampliados quando em contato contínuo com os animais, conforme aconselha a médica infectologista. “É fundamental lavar bem as mãos antes e depois de brincar ou tocar nos bichos. A higiene das mãos com água e sabão é recomendada ainda depois de manusear os alimentos e limpar a urina e as fezes. Outra medida é evitar beijar, receber lambidas ou compartilhar comida com o pet”, enumera. Em caso de ser necessário levar o animal para o veterinário, também é aconselhável combinar um horário com antecedência para evitar permanência na sala de espera, otimizando o tempo de saída de casa.

Higienização com água sanitária tem efeito limitado

A sanitização de espaços com água sanitária, quando corretamente utilizada, garante a higienização, mas tem pouca durabilidade. O fato é confirmado pela Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (Aprag), que alerta também para o impacto mitigado em áreas públicas.

PUBLICIDADE

Conforme o biólogo Sérgio Bocalini, em áreas abertas a ação tem efetividade pequena e, em áreas fechadas como residências, o produto deve ser aplicado sempre que o local higienizado volte a ficar exposto a possível contaminação. Ainda com todos os fatores, o uso da ferramenta é tratado como fundamental pelo especialista. “A água sanitária é um importante produto destinado a higienização e sanitização, pois possui ação em diversos microrganismos, reduzindo a carga microbiana nociva em níveis seguros para saúde humana e de outros animais”, destaca Bocalini, que é presidente da Aprag.

Conforme aconselhado pelo biólogo, há medidas que garantem a utilização efetiva da água sanitária. “Deve-se sempre seguir rigorosamente as orientações presentes no rótulo do produto, desta forma garantindo segurança para o usuário. Se necessária a diluição, está deve ser realizada seguindo as recomendações do fabricante, fazendo uso de um balde e com a utilização de luvas, proceder a aplicação manual com o auxílio de um pano nas superfícies presentes no imóvel”, enumera o especialista, também salientando a importância de manter os espaços abertos e bem arejados, além de isolar crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios durante a aplicação do produto.

PUBLICIDADE

A água sanitária é tida como um produto especialmente importante por Bocalini, entre outros motivos, pelo valor acessível a diferentes camadas da sociedade. Entretanto, outras ferramentas podem ser usadas para garantir a higienização de espaços. “Caso não haja água sanitária, ela pode ser substituída por produtos como saponáceos (sabões e detergentes) e desinfetantes”, complementa o presidente da Aprag.

Qual a importância da utilização de máscaras?

Nos espaços públicos de convivência em várias cidades mineiras, o ambiente ganhou um novo elemento: as máscaras de diferentes tipos tornaram-se presentes nos rostos de quem circula pelas ruas. A ferramenta de proteção individual é vista por especialistas como essencial para diminuir a taxa de transmissão do coronavírus, e o aprendizado coletivo pode ser um legado para conter também futuras doenças.

Segundo o infectologista Marcos Moura, as máscaras são utilizadas para bloquear gotículas que podem transmitir o vírus. “As máscaras, mesmo não-industrializadas, tem o efeito de bloqueio. Reduz em muito a transmissão, inclusive as gotículas que são liberadas em tosse e espirro”, explica Moura, que acredita ser um equipamento útil mesmo após a passagem da pandemia. “Que seja um legado do Covid-19, porque está relacionado com a higiene respiratória e pessoal, e reduz outras infecções”, enumera.

A proteção, entretanto, exige a utilização correta. Especialistas alertam para o perigo de tirar e colocar a máscara do rosto a todo momento, além do cuidado ao acertá-la no rosto, para não contaminar o equipamento com as mãos. O infectologista Marcos Moura também orienta a posse de ao menos duas máscaras por pessoa, para que, em caso de sujar ou umidificar uma das máscaras, se tenha uma de reserva até que se possa fazer a higienização. “Em casa, a máscara deve ser colocada de molho na solução de hipoclorito: água sanitária diluída. Ela vai ficar ali por 20 minutos e depois vai ser lavada como qualquer outra roupa”, orienta.

E não é obrigatória a compra de máscaras, como também há a possibilidade de fabricá-las em casa.

Vídeo da Tribuna de Minas ensina a fazer uma máscara caseira efetiva na proteção:

Ao sentir quais sintomas eu devo procurar assistência médica?

Os profissionais da saúde são unânimes ao afirmar que, no contexto atual, as pessoas devem ser criteriosas na decisão de procurar atendimento em uma unidade de saúde. Em período epidêmico, indivíduos saudáveis podem se contaminar em ambiente hospitalar, ou mesmo agravar um quadro clínico simples. Conforme o infectologista Marcos Moura, no entanto, qualquer sintoma respiratório deve despertar atenção especial por poder ser indício de infecção por coronavírus, e orientação médica, mesmo remota, é recomendável.

Na avaliação do especialista, febres altas recorrentes e falta de ar são indicativos mais graves da Covid-19 e podem demandar assistência presencial. Entretanto, também em casos mais leves cabe o acompanhamento médico. “Qualquer problema respiratório a pessoa deve procurar uma assistência de saúde”, explica. Mesmo presencialmente na unidade de saúde, a possibilidade de internação vai depender de análise médica. “Não necessariamente, por ter sintomas de Covid, o paciente será internado. O médico vai avaliar os sintomas de gravidade para essa pessoa buscar o serviço de saúde para uma possível internação”, completa Moura.

Para o infectologista, as características do novo coronavírus são genéricas, de forma que o contato à distância com os médicos pode ser crucial na decisão de ir até uma unidade hospitalar ou não. “Muitas vezes, a pessoa, por não ter contato com o médico, mesmo remoto, fica muito nervosa. Conversando, nós conseguimos adiar a ida à unidade de saúde. Não substitui 100% o atendimento presencial, mas parte das orientações e recomendações. Mesmo remotamente, o olho no olho do médico é muito importante”, constata.

Tratamento de doenças crônicas deve ser mantido durante pandemia

Medicamentos de uso corriqueiro para tratamento de doenças crônicas devem ser mantidos durante a pandemia. Conforme o infectologista Marcos Moura, não há indícios de risco pela manutenção dos tratamentos mesmo em casos de infecção pelo novo coronavírus, mas deve haver esforço para a continuidade do acompanhamento médico.

De acordo com o especialista, sem tratamento determinadas doenças podem causar a morte do portador em caso de interrupção, sendo responsabilidade do poder público e de órgãos privados a manutenção da distribuição dos remédios. “Um cardiopata, se parar de tomar o medicamento, pode até ocasionar a morte, se a pessoa parar de tomar. Assim como o diabético não tomar insulina, ou o hipertenso parar de tomar os hipertensivos”, exemplifica.

Conforme Moura, os tratamentos a doenças crônicas não apresentam maiores riscos ou potencializam a Covid-19, de modo que mesmo os sintomáticos devem seguir com os tratamentos. “Os medicamentos de uso corriqueiro são adaptados, uma vez que o tratamento domiciliar da Covid-19 não tem nenhum medicamento atípico. Basicamente, não vai ter dano colateral ou interação com os medicamentos de uso rotineiro das doenças crônicas”, completa o infectologista.

Máscaras caseiras são recomendadas para prevenção ao novo coronavírus

(Foto: Acervo Pessoal)

Após algumas indefinições sobre a eficiência do uso de máscaras como prevenção ao novo coronavírus, os órgãos de saúde brasileiros – embasados por decisão da Organização Mundial de Saúde (OMS) – passaram a recomendar a fabricação de máscaras caseiras. A ferramenta deve ter uso individual e sua utilização deve ser submetida ao respeito de cuidados pontuais, segundo orientações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

As entidades não recomendam a utilização de máscaras descartáveis pela população, uma vez que o equipamento tem curta durabilidade e, por limitações nas fabricações, o quantitativo ainda fabricado fica dedicado aos profissionais da saúde. As máscaras fabricadas em casa, por sua vez, são indicadas pelos órgãos. Publicação do Ministério da Saúde do início de abril, inclusive, orienta determinados cuidados que devem ser tomados no momento da confecção do equipamento de uso individual.

Conforme reiterado pelo infectologista Marcos Moura, a ferramenta requer o uso correto para a proteção seja efetiva. “É importante que lavem toda vez que a máscara estiver úmida e a pessoa utilize toda as vezes que sair para a rua. Após chegar em casa, tem que colocar em um saco plástico, porque ela pode estar contaminada por fora”, explica o profissional, que também alerta: o uso da máscara não anula a necessidade de manter as outras medidas de higienização. “A máscara é mais uma barreira contra o coronavírus. Mas, só ela, não funciona. A pessoa precisa ter todos os cuidados de higiene”, garante.

Empresas e clientes devem tomar cuidados especiais em delivery

Com a recomendação pelo isolamento social e as limitações impostas sobre os estabelecimentos comerciais, o delivery foi a solução encontrada por consumidores e comerciantes, sobretudo no setor alimentício. Entretanto, o serviço de entregas requer cuidados especiais de clientes, empresas e entregadores em meio à pandemia de coronavírus.

De acordo com o infectologista Marcos Moura, a melhor forma de garantir a segurança no trajeto e na recepção dos produtos é embalando a mercadoria com uma camada a mais, se possível, composta por saco plástico. As embalagens de papel, alerta Moura, são mais vulneráveis e difícil de desinfectar sem sofrer danos. “As empresas alimentícias, depois de embalar o material na loja, deve envolver todo esse material em um saco plástico para que o entregador possa entregar nessa sacola”, orienta o especialista.

Durante o transporte, a recomendação é que os entregadores utilizem máscaras e luvas, além de manter uma distância segura do consumidor no momento da recepção do produto. O cliente, por sua vez, deve ficar atento para desinfectar e descartar a embalagem de plástico, se houver, para, só então, ter contato com o produto.

Quando, de fato, chegará o pico de contaminações pelo coronavírus em JF?

Foto: Fernando Priamo

Meados de abril? Princípio de março? Junho? Quem acompanha cotidianamente os noticiários locais e nacionais certamente recebeu diferentes informações quanto ao chamado “pico da transmissão do coronavírus”, o período em que o número de vítimas simultâneas da Covid-19 estará em seu quantitativo mais alto, o que pode sobrecarregar o sistema de saúde. Não há uma previsão única para todos os pontos do território brasileiro, e, em Juiz de Fora, a expectativa é que haja aumento no número de casos em até três semanas, conforme especialista ouvido pela reportagem.

Quem prevê o maior número de casos até o princípio do mês de maio é o infectologista Marcos Moura. Segundo o especialista, o ponto alto do novo coronavírus em Juiz de Fora deverá acontecer após a chegada do pico da doença nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A manutenção das medidas de isolamento domiciliar adotadas em território nacional, entretanto, poderá achatar a “curva da doença”, como apontam os especialistas, o que demanda ainda mais atenção popular.

“O ideal é não afrouxar as medidas de isolamento. A gente não percebe a doença se a quarentena estiver dando certo. Se a gente perceber a doença, é porque ela está dando errado”, analisa. A sensação de segurança pelo aumento menos íngreme da quantidade de infectados é perigosa, alerta Moura, pois pode levar ao desleixo da população. “Nesse momento, as pessoas começam a desacreditar por não estar acontecendo nada. Isso é perigoso. Quando o vírus chegar, as pessoas podem não estar isoladas, aí teremos um aumento grande”, analisa.

Ainda não há remédio contra coronavírus e automedicação é perigosa

Em diversos países do mundo, pesquisadores da área da saúde correm contra o tempo para conseguir medicamentos eficazes no tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Em meio às pesquisas, algumas drogas se mostraram promissoras, auxiliando na cura de pacientes de diferentes nacionalidades. Entretanto, especialistas alertam para o perigo da automedicação e salientam que não há medicamento comprovadamente eficiente contra o vírus.

Entre os casos mais famosos de drogas utilizadas no combate ao coronavírus, está a cloroquina. O remédio é apenas um dos diversos outros testados contra a Covid-19, mas ainda carece de testagem ampla para assegurar os benefícios e as contraindicações do consumo, e, mesmo que aprovada, não é para uso autônomo do paciente. “Não existe medida preventiva e nem para tratamento empírico da Covid. Os medicamentos são hospitalares e ministrados por médico. Nós não estamos orientando a tomar nada em casa”, assegura o infectologista Marcos Moura.

Resultados preliminares de estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a cloroquina, por exemplo, apontaram pouca diferença nas taxas de letalidade de pessoas comprovadamente com Covid-19 que receberam o medicamento em comparação a pacientes que não receberam. Por outro lado, o remédio provocou efeitos colaterais em algumas pessoas, como arritmia, o que pode ser ainda mais grave em um cenário de utilização sem o acompanhamento de um profissional.

Alergias sazonais podem ser confundidas com coronavírus

A rinite e a asma são exemplos de doenças alérgicas que afloram nesta época do ano. A sazonalidade dessas alergias no mesmo período em que é prevista uma explosão de casos do novo coronavírus (Covid-19), entretanto, ligam o sinal de alerta para a triagem médica, uma vez que os sintomas alérgicos podem ser facilmente confundidos com o da pandemia. Mas, conforme especialista, algumas diferenças básicas podem ajudar a afastar a inicial semelhança das enfermidades.

Espirros, tosse e desconforto na garganta podem ser observados em portadores de rinite e da Covid-19, alerta o alergista e imunologista Fernando Aarestrup. Mas segundo ele, a febre é um diferencial. “Pacientes com rinite não apresentam febre. Na Covid-19, febre alta e persistente, mal estar geral, dores no corpo e falta de ar são observados”, analisa o médico.

Por outro lado, a asma se assemelha à Covid-19 pela falta de ar, chiado e aperto no peito, além da tosse seca. Do mesmo modo, a febre e o mal estar geral a diferencia da doença causada pelo novo coronavírus. Pacientes asmáticos não possuem maior risco de infecção pelo vírus, mas devem ter especial atenção pela possibilidade de ter dois problemas de saúde simultâneos. “Se a asma não estiver controlada e o paciente contrair infecção teremos dois problemas graves de saúde ao mesmo tempo. Portanto, os pacientes com asma devem manter suas medicações prescritas pelo médico”, alerta Aarestrup, lembrando que a asma mata três pessoas por dia no Brasil.

Por fim, a orientação do alergista é: mantenham os cuidados com a saúde. “Nossa recomendação final para os pacientes alérgicos é manter a doença controlada, caso tenham sintomas devem procurar atendimento com o especialista em alergia e imunologia”, finaliza Fernando.

Fumantes estão no grupo de risco do novo coronavírus

O tabagismo traz maior risco de contrair infecções bacterianas e virais, tornando o grupo de fumantes um dos vulneráveis ao novo coronavírus (Covid-19). O fato foi levantado por especialista, em contato com a reportagem, e também estudado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), do Ministério da Saúde.

Segundo o infectologista Marcos Moura, de acordo com a intensidade do fumo ou o tipo de cigarro consumido o indivíduo pode desenvolver problemas respiratórios agudo ou crônico. “A gente considera a pessoa fumante e vai quantificar o grau de tabagismo. De toda forma, o fumante dependente é considerado um portador de doença crônica, assim como o alcoolismo”, explica.

A relação entre o tabagismo e o coronavírus também foi tema de estudo do INCA. Em nota técnica divulgada em março, o Instituto ressaltou que “entre os pacientes chineses diagnosticados com pneumonia associada ao coronavírus, as chances de agravamento da doença foram 14 vezes maiores entre as pessoas com histórico de tabagismo em comparação com as que não fumavam”. O narguilé também foi apontado como um possível agravante da vulnerabilidade ao vírus, fator que estimulou países como Irã, Kuwait, Paquistão, Catar e Arábia Saudita a proibirem o uso em locais públicos.

Novo coronavírus não é transmitido pelo suor

A transmissão do novo coronavírus se dá, principalmente, através das mucosas, ou seja, sobretudo pelas vias aéreas superiores (boca e nariz, por exemplo). Conforme especialista, o suor não é uma via de transmissão da infecção, sendo preciso tomar cuidado com a distância em relação a outras pessoas e do contato do rosto com as mãos.

“O vírus é transmitido por secreções respiratórias – como tosse e espirro – e de fezes. A princípio, as fezes não são o melhor meio de transmissão, mas é possível isolar o vírus. Mas, a principal forma, é através de gotículas respiratórias”, explica o infectologista Marcos Moura. Dessa forma se dá a necessidade de manter distância de um metro ou mais para outras pessoas.

Vinagre não funciona como prevenção ao coronavírus e álcool caseiro pode ser ineficiente

Desde o início do combate ao coronavírus no Brasil, usuários de redes sociais são municiados com um turbilhão de informações sobre a pandemia. Entre as mais populares estão boatos sobre suposta eficiência de vinagre na proteção ao novo vírus e as receitas para fabricação caseira de álcool 70%. No entanto, é necessário atenção: enquanto o composto de vinagre não é eficaz, as soluções caseiras de álcool também podem oferecer falsa sensação de proteção.

“O que tem sido colocado que seria eficaz contra o coronavírus é a água sanitária, álcool e os desinfetantes, de uma forma geral. Não existe comprovação em relação a vinagre”, garante o clínico-geral Clorivaldo Corrêa, quando questionado sobre os boatos que surgiram em redes sociais. Uma página do Ministério da Saúde em combate a fake news, inclusive, também desmentiu o rumor, alertando para os perigos de informações falsas neste momento de pandemia.

Sobre as receitas caseiras para fabricação de álcool, o perigo é pela sensação equivocada de segurança. A produção da substância se dá através de cálculo detalhado, com rigorosos processos de produção e atenção a padrões de qualidade. “Sempre existe o risco de proporções equivocadas e que ele não tenha a eficácia que precisa ter. Isso pode gerar uma falsa sensação de segurança e a pessoa acaba se expondo de forma indevida por achar que o álcool está sendo efetivo”, alerta Corrêa. Os perigos de manipulação de elementos inflamáveis e que podem causar prejuízos à saúde também são outras preocupações, de modo que é melhor evitar de se aventurar pela produção caseira do produto.

Possibilidade de segunda contaminação por coronavírus ainda é incerta

Um dos maiores mistérios sobre a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, diz respeito à possibilidade de uma segunda infecção. Desde o início de março, surgem relatos de chineses que teriam sido diagnosticados com a enfermidade pela segunda vez, após ter alta de hospital. Entretanto, conforme especialistas, não há comprovação científica sobre a possibilidade de reinfecção.

Uma explicação possível para os relatos de segunda contaminação por chineses é a permanência do vírus no organismo mesmo após adquirir imunidade. Entretanto, pesquisadores ainda não conseguiram apontar por quanto tempo o agente permaneceria no corpo infectado, nem mesmo por quanto tempo dura a imunidade ou de que modo ela pode ser nociva. “A princípio, não existe nenhuma evidência que comprove a reinfecção. Uma vez que você foi contaminado pelo coronavírus, adquire imunidade, desenvolve anticorpos e não vai ser infectado”, aponta o clínico-geral Clorivaldo Corrêa.

Apesar das pesquisas sobre o novo coronavírus estarem em um estágio inicial, muitos líderes de Estado estruturaram o combate à epidemia com base em estratégia de imunização da população. Quando boa parte do contingente populacional adquirir anticorpos da doença, ela terá os danos amenizados ou erradicados. A possibilidade de reinfecção jogaria esse plano por terra, mas ainda é cedo para sair do contexto de especulação sobre a eficiência da estratégia.

Vitamina C fortalece o sistema imunológico, mas excesso é ineficaz

Os conselhos de avós não falham: a Vitamina C – presente em frutas como limão, laranja e manga – é eficaz para fortalecer o sistema imunológico e ganha importância em meio à pandemia de coronavírus. Entretanto, o consumo excessivo de alimentos com a propriedade pode amenizar o efeito positivo, conforme especialista.

“A gente sabe que Vitamina C tem propriedades que ajudam no sistema imunológico. Mas, se a pessoa começar a tomar muita Vitamina C, a partir do momento que atingir a necessidade do organismo, o restante passa a ser eliminado”, explica o médico Clorivaldo Corrêa. De acordo com o profissional, a proteção do sistema imunológico deve ser agregada com uma alimentação saudável. “Uma alimentação saudável – muito rica em frutas, em peixe, em alimentos mais naturais e menos processados, ajuda a reforçar a imunidade, vai garantir mais saúde e, com isso, a pessoa fica em uma condição mais favorável para combater ao vírus”, afirma.

O médico também destaca a atenção especial ao grupo de pessoas imunodeprimidos, que reservam condições médicas prejudicadas por outras enfermidades, como diabetes, hipertensão, doença pulmonar ou pessoas HIV positivo. “Esses grupos precisam ter atenção redobrada, porque são mais propensos a desenvolver a Covid-19. A gente precisa de tomar cuidado com esse grupo e com os idosos, eles têm que ficar em casa e sair o mínimo necessário”, alerta.

Tenho que sair de casa para trabalhar e utilizo transporte público: como me proteger?

(Foto: Fernando Priamo)

Nos comunicados governamentais, nas redes sociais e nas conversas virtuais o conselho é sempre o mesmo: fique em casa. Entretanto, há trabalhadores que seguem atuando em áreas fundamentais para o mínimo funcionamento da sociedade mesmo em período de quarentena, e muitos deles necessitam de utilizar o transporte público. Conforme especialistas, os riscos da utilização de coletivos urbanos podem ser minimizados com atitudes simples.

Ambiente arejado e distanciamento das outras pessoas. Esses são os dois principais conselhos do clínico geral Clorivaldo Corrêa, salientando também que o esvaziamento contínuo dos ônibus contribuem para uma utilização mais segura. “A gente sabe que as pessoas estão utilizando menos os ônibus, então a expectativa é que, com menos pessoas circulando, haja a diminuição do número de passageiros e tenha maior distância entre as pessoas. Mas a recomendação é que deixem as janelas abertas”, orienta Corrêa, também aconselhando a evitar espirrar dentro dos veículos.

Lembrando que o cenário ideal é manter-se em casa, a infectologista Cristiane Marcos destaca outro cuidado necessário na obrigatoriedade de sair e utilizar o transporte público: cuidado com as mãos. “Higienizar constantemente as mãos evitar de colocar as mãos na face olhos e boca, manter as janelas abertas. Mas, idealmente, a pessoa não deveria utilizar transporte público e manter o isolamento domiciliar”, alerta a médica.

Uso excessivo de álcool gel pode ser maléfico?

Os tempos de prevenção ao novo coronavírus proporcionaram destaque, sobretudo, para um produto que ressalta sobre as prateleiras de farmácias e supermercados: o álcool gel. O agora desejado produto realmente é útil para manter a higiene das mãos, mas apenas para momentos em que não for possível utilizar água e sabão, conforme especialistas.

“O uso do álcool gel é uma alternativa à lavagem das mãos. Prioritariamente, as pessoas devem ter o cuidado de lavar a mão com uma frequência maior. Ninguém precisa usar o álcool gel se ele tem acesso a utilizar a água e o sabão”, explica o clínico geral Clorivaldo Corrêa. Em saídas de casa, sobretudo, o produto é o mais indicado para se manter protegido.

Entretanto, como o álcool é um material com grande potencial inflamatório, é necessário ter cuidado com a quantidade despejada nas mãos. Há relatos de pessoas que queimaram as mãos ao mexer com fogo após utilizar álcool gel, o que é evitável. “O uso do álcool para deve ser feito numa quantidade suficiente que possibilite sua ação em toda a mão (região palmar, entre os dedos, região do polegar e ponta dos dedos), sendo necessário a fricção e a sua secagem posterior”, orienta a infectologista Cristiane Marcos.

 

Aparelho celular também precisa ser higienizado com frequência

Seja em quarentena em casa ou no trabalho fora da residência, quem resiste a tocar o celular a todo momento? Entretanto, o aparelho pode estar repleto de bactérias ou vírus que permanecem na superfície durante um longo período de tempo. Justamente pelo constante manuseio dos telefones, a higienização deles é necessária para manter a segurança na utilização.

Conforme especialistas, o álcool 70% e o hipocloreto de sódio (água sanitária), além da mistura de água com detergente, são os modos indicados para a higienização de toda superfície constantemente tocada, como é o caso dos aparelhos telefônicos. “Devem sempre ser limpos observando suas características próprias”, alerta a infectologista Cristiane Marcos. Dessa forma, é preciso ter cuidado com aberturas como entradas de carregador e de fone de ouvido.

Além dos celulares, a capa tradicionalmente utilizada para proteção dos aparelhos também devem ter atenção, conforme complementa o clínico geral Clorivaldo Corrêa. “É (necessário) passar pano no chão, assim como limpar mesa, limpar móvel com os produtos indicados”.

Máscaras e luvas realmente protegem contra o novo coronavírus?


As recusáveis saídas pelas ruas há dias reservam acessórios atípicos à moda do recém-chegado outono: máscaras e luvas são utilizadas em grande escala por pessoas que ainda transitam pelas calçadas juiz-foranas. Entretanto, sobretudo nas situações das máscaras, há momentos específicos em que a utilização é recomendada.

Conforme o clínico-geral Clorivaldo Corrêa, o uso de máscaras e luvas é indicado apenas para o atendimento de pessoas que estejam portando o novo coronavírus ou com suspeita de infecção. “Se eu tiver contato com paciente que estiver comprovadamente infectado ou com suspeita, o paciente que tem o vírus deve usar a máscara cirúrgica obrigatoriamente. Com a máscara, ele estará inibindo a proliferação das gotículas e evitando que contamine outras pessoas”, explica o médico.

Segundo Corrêa, é ilusório acreditar que a máscara protege o indivíduo que ainda não foi contaminado, uma vez que são múltiplas as regiões em que o vírus pode se alojar. “A máscara tem uma efetividade muito pequeno quando uma pessoa saudável está utilizando, leva a uma falsa sensação de proteção”, analisa.

Mães infectadas por coronavírus podem amamentar?

Estudos da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano da Fiocruz solucionam dúvida

Publicação da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomenda a manutenção da amamentação mesmo em caso de infecção pelo coronavírus. A orientação parte de estudos realizados por órgãos públicos brasileiros e internacionais, inclusive considerando deliberação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a qual alega falta de elementos que comprovem a disseminação do vírus através do leite materno.

O grupo ligado à Fiocruz recomenda a manutenção da amamentação desde que a mãe esteja em condições clínicas adequadas e sejam tomadas medidas para reduzir o risco de transmissão do novo coronavírus por meio de gotículas respiratórias durante o contato com a criança.

  1. Orientações:
    1. Lavar as mãos por pelo menos 20 segundos antes de tocar o bebê ou antes de retirar o leite materno (extração manual ou na bomba extratora);
    2. Usar máscara facial (cobrindo completamente nariz e boca) durante as mamadas e evitar falar ou tossir durante a amamentação;
    3. A máscara deve ser imediatamente trocada em caso de tosse ou espirro ou a cada nova mamada;
    4. Em caso de opção pela extração do leite, devem ser observadas as orientações disponíveis neste documento;
    5. Seguir rigorosamente as recomendações para limpeza das bombas de extração de leite após cada uso;
    6. Deve-se considerar a possibilidade de solicitar a ajuda de alguém que esteja saudável para oferecer o leite materno em copinho, xícara ou colher ao bebê;
    7. É necessário que a pessoa que vá oferecer ao bebê aprenda a fazer isso com a ajuda de um profissional de saúde.”
    Fonte: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
Exit mobile version