Um servidora municipal, de 21 anos, que trabalha fazendo atendimento ao público no Pam-Marechal, foi agredida fisicamente por um usuário, nesta quarta-feira (20), por volta do meio-dia. O homem, que fugiu após a agressão, agarrou a jovem pelas costas e desferiu socos e chutes contra a trabalhadora, porque não aceitou que atendente tinha que sair para o horário de almoço. Em razão do episódio violento, o setor de regulação, que funciona para marcação de exames e consultas, e o setor de coleta de sangue e urina ficaram de portas fechadas durante o período da tarde.
Segundo a vítima, cujo cargo é de assistente de administração II e prefere não ser identificada, o agressor a surpreendeu, não deixando tempo para que pudesse escapar. “Foi no momento de fechar a porta, para a gente sair para o almoço. O homem me atacou pelas costas e me deu vários socos. Na hora, fiquei assustada e não entendi direito, mas, se reencontrá-lo consigo identificá-lo. Ele me machucou e estou dolorida e chocada, pois a gente não espera. Ele arranhou minhas costas, bateu no meu braço e puxou minha roupa, quase me deixando nua”, contou a jovem, denunciando que agressões verbais são recorrentes contra os servidores no local.
Ela relatou que, na última sexta-feira (16), já tinha registrado um boletim de ocorrência contra uma mulher que a agrediu verbalmente. “Agressão física foi a primeira vez que aconteceu comigo. É uma coisa que não esperamos. A gente fica muito exposta, além de estarmos em desvio de função. Nossa atribuição do cargo não é atender o público”, afirma. Segundo ela, também nesta quarta, outra funcionária foi xingada por um homem, que ainda chutou o balcão de atendimento. “Com a falta de segurança que existe aqui, isso sempre vai acontecer”. A vítima passou por atendimento médico e fez o registro do boletim de ocorrência na Delegacia de Santa Terezinha.
Sindicato cobra providências
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sinserpu), Amarildo Romanazzi, foi acionado até o PAM-Marechal e, conforme ele, agressões verbais no local é uma queixa frequente dos servidores. Para Amarildo, a situação se agrava, quando as agressões começam a ser físicas. “Essa situação tem sido debatida frequentemente com a secretaria responsável, à qual vem sendo solicitada a efetivação de novos guardas municipais. Infelizmente, o Município não toma providência, e o corpo da guarda defasado não consegue dar cobertura de acordo com a necessidade”, ressalta o sindicalista.
Ele ainda observa que os setores que fazem atendimento ao público ficam expostos a situações de violência. “Aqui é onde o cidadão vem marcar exame médico e não tem prazo, não tem data e fica sem condições de marcar. Assim, o cidadão se revolta e fica transtornado e transforma essa revolta em agressão física contra o funcionário que não tem culpa de nada”, avalia Amarildo, acrescentado que o setor onde a servidora foi agredida, caso não haja a presença da Guarda Municipal no local, não irá funcionar nesta quinta-feira e nos próximos dias.
Ainda segundo o presidente do Sinserpu, foi verificada uma irregularidade no PAM-Marechal. “Esses profissionais foram contratados como administrativo II e esse processo é feito para realização de trabalho interno. Esses servidores estão expostos aqui, fazendo o atendimento ao público, quando, na verdade, quem deveria estar aqui era o servidor para atendimento ao público. E a carga horária é de seis horas, o que já configura uma irregularidade, o sindicato irá tomar as providências junto à Administração.”
Outra agressão
No mês passado, no dia 20, um médico, 27, foi agredido com um soco na cabeça durante atendimento a uma paciente na Unidade Regional Leste, no Bairro Costa Carvalho. Devido ao grande número de pessoas que esperavam atendimento, a mulher teria ficado insatisfeita com a demora na assistência. De acordo com o boletim de ocorrência, a usuária, ao entrar no consultório, começou a gritar e a reclamar do tempo de espera, partindo para cima do médico. A vítima, então, disse que não haveria condições de realizar a consulta caso a agressora continuasse falando alto. Ao tentar sair da sala, ele foi atacado pela mulher, que evadiu da unidade. Os dois episódios trazem à tona a questão da insegurança e das condições de trabalho às quais servidores públicos estão sendo submetidos, como alegou Amarildo Romanazzi.
Secretaria diz que irá manter guarda no PAM
A Secretaria de Saúde informou que “está dando total assistência à servidora agredida. Ela foi atendida no Hospital de Pronto Socorro (HPS), passou por atendimento na traumatologia, realizou exame radiológico e foi liberada. Logo em seguida, foi encaminhada para o Departamento de Ambiência Organizacional (Damor), conhecido como Casa do Servidor, onde vai receber atendimento psicológico. Ela ficará afastada por 15 dias”.
Com relação à segurança, segundo a pasta, a partir desta quinta-feira (21), uma equipe da Guarda Municipal vai ficar na galeria do Pam-Marechal, para garantir a segurança dos servidores e também dos usuários. “E, por último, a Secretaria de Saúde informa que está avaliando a situação dos servidores com o objetivo de garantir a continuidade do serviço público”, informou.