A alegoria busca referência numa velha fábula. O esforço inicial da precursora borboleta, conta a história, ganhou a atenção de um homem. Ao perceber que o inseto havia conseguido fazer apenas um pequeno buraco no casulo, aflito, ele rasgou o restante do alvéolo para que, enfim, a borboleta tivesse maior facilidade em sair de lá. Ela saiu facilmente, no entanto, seu corpo estava murcho e as asas amassadas. Não seria capaz de voar, portanto.
O homem compreendeu, então, que o casulo apertado e o esforço da borboleta para conseguir se libertar eram necessários para fortalecer seus corpo e suas asas. Ou seja, o esforço para a superação de uma fase, muitas vezes, são essenciais para o nosso crescimento e fortalecimento.
Segundo o fotógrafo Christiano, o objetivo do projeto tem relação, justamente, com “a moral da história”: contribuir para que as mulheres retratadas possam olhar para si mesmas depois de terem passado por dificuldades e vencido a luta contra a doença. “O intuito, além de conscientizar, foi, de certa forma, levantar a autoestima destas mulheres vitoriosas. Começamos a trabalhar a ideia em setembro, foi de última hora, mas deu tudo certo. A sessão de fotos aconteceu na Ascomcer (Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer de Juiz de Fora), com as pacientes do hospital”.
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Personagens se emocionaram com resultado
Para a manicure Cleonice dos Santos Teixeira, 57, uma das mulheres fotografadas, poder ter participado e sido retratada pel’O Resgate da Borboleta é motivo para se emocionar. Aos 48 anos, ela descobriu o câncer de mama. Após passar por uma cirurgia conservadora, no ano passado a doença tornou a se manifestar, e foi necessária a mastectomia da mama esquerda.
A foto de Cleo, como gosta de ser chamada, retrata uma branda, mas contundente nudez, que exibe as marcas da agressiva cirurgia que salvou sua vida. Mas ela prefere, simplesmente, adjetivar de ‘feio’ o que está retratado. “Algumas pessoas dizem que é bonito, mas não é bonito, é feio. Eu estou mostrando o feio para que as pessoas entenderem o que passamos e que têm de se cuidar. Não que eu não me cuidava, eu fazia os exames, as mamografias. Mas, no meu caso, acho que teve que acontecer. Mas a minha única ideia foi conscientizar as pessoas e as mulheres”, expõe.
Aos 81 anos, Warli Maria Eufemia Ciampi também participou do projeto. Aos 79 ela descobriu a doença e, após retirar a mama esquerda, continua em tratamento. Para ela, o momento foi totalmente inovador e “maravilhoso”. “Eu nunca tinha me arrumado assim, feito maquiagem. Quando eu me olhei no espelho e depois vi o resultado da foto, achei maravilhoso. Não era eu, não acreditei”.
O projeto tem como parceiro o Rotary International, por meio do clube Casa da Amizade de Juiz de Fora. As fotografias, em preto e branco, ficam expostas até esta sexta-feira (19) na Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora, na Rua Braz Bernardino 59, Centro. No domingo, a exposição acontece no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), durante a 6ª Corrida Solidária da Ascomcer. Por fim, as imagens elas ficarão expostas em um evento na empresa Mercedes-Benz.