A incidência de focos do mosquito Aedes aegypti, causador de doenças como dengue, chikungunya e zika vírus é considerada de “alto risco” em Juiz de Fora. É este o resultado do segundo Levantamento de Índice Rápido de Aedes aegypti (LIRAa) de 2022, divulgado pela Prefeitura na manhã desta quinta-feira (19) após pesquisa realizada no fim de abril. De acordo com o Executivo, o índice de infestação atingiu a pontuação 4,4, conforme classificação do Ministério da Saúde, que leva em consideração o risco de adoecimento da população pelas doenças transmitidas pelo mosquito e o numero de recipientes positivos para a larva nos imóveis vistoriados.
Entre as 16 regiões pesquisadas, apenas uma encontra-se em baixo risco. Já as outras regiões, oito apresentaram médio risco e sete estão em alto risco. Os locais ainda não foram revelados. No resultado anterior, coletado em fevereiro e revelado pela PJF em março, a pontuação foi de 2.9, considerado situação de alerta. Abaixo de 1 o risco é baixo.
Paralelo ao LIRAa, começa a chamar atenção das autoridades os casos suspeitos das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. No caso da dengue, foram 59 notificações ao longo das últimas duas semanas, de acordo com o boletim epidemiológico de arboviroses urbanas divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) nesta quarta-feira (18). Para se ter ideia, na semana passada o estado havia confirmado 37 casos prováveis de dengue em Juiz de Fora, o que mostra uma tendência de aumento na cidade. Além disso, há nove casos suspeitos de chikungunya sob investigação.
De acordo com a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica, Louise Cândido, a cidade está em um período de alerta, pois o aumento dos casos já é observado em outras regiões do país e em Juiz de Fora não será diferente. Conforme o último boletim do Ministério da Saúde, os registros de dengue cresceram cerca de 40% no Brasil durante as últimas três semanas, foram mais de 757 mil casos prováveis, o que supera o ano passado inteiro, quando o país somou 544 mil casos.
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Período de estiagem contribui para surgimento de casos
A tendência é de aumento dos casos de dengue após o período chuvoso, para que assim tenha o tempo necessário da colocação dos ovos do mosquito vetor, a eclosão e o contato do hospedeiro com o vírus que transmite a doença. “Entre o final de abril e o mês de maio, nós já tínhamos uma expectativa de aumento dos casos e acreditamos que agora, após as chuvas, vão ter mais casos e nós estamos trabalhando no controle vetorial para evitar que esse aumento seja expressivo”, afirma Louise.
A partir do resultado do primeiro LIRAa, em fevereiro, foi lançado o Plano Municipal de Contingência das Arboviroses com o intuito de redirecionar as ações públicas de acordo com cada etapa do período epidêmico. “Nós conseguimos manter a cidade entre baixo e médio risco por meio de ações de mobilização, a realização do LIRAa, a descentralização dos agentes que foram trabalhar em áreas com maior risco. Então foram feitas várias etapas do plano para esse momento que estamos vivenciando e conforme avança o número de casos novas medidas vão sendo implementadas.”
Resistência à visita dos agentes
A parceria entre os órgãos públicos e a população é fundamental para o combate à doença, pois, segundo a gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica, a maioria dos focos identificados estão dentro das residências. Dessa forma, é preciso ter cuidado e atenção com o acúmulo de água, principalmente em vasos e frascos com água parada, assim como pratos e garrafas retornáveis, além de obras, calhas e estruturas abandonadas ou em desuso. Tais objetos são os mais propícios para depósito de água, segundo o LIRAa.
De acordo com Louise, o departamento tem notado uma resistência da população em deixar os agentes entrarem nas residências, o que impede que a vistoria seja realizada e propicia a proliferação do mosquito. Vale ressaltar que todos os Agentes de Combate à Endemias estão uniformizados com blusa e/ou colete da Prefeitura. Além disso, a cada 15 dias é feita a fiscalização de cemitérios e oficinas, pontos estratégicos para o acúmulo de água.
A Prefeitura também recebe denúncias de locais com possíveis focos, por meio do aplicativo MonitorAr, que pode ser acessado em qualquer navegador, além de plataformas, como smartphones, tablets, notebooks e computadores.
Os principais sintomas de dengue, zika e chikungunia
Segundo o infectologista Marcos Moura, os sintomas da dengue, zika e chikungunya são muito semelhantes e podem até parecer com uma síndrome viral. No entanto, o que marca as arboviroses são a febre alta súbita associada a dor no corpo, fadiga e mal-estar. “A intensidade desses sintomas variam de acordo com a doença, mas normalmente a chikungunya causa dores articulares mais intensas e a dengue dores no corpo mais fortes, enquanto a zika chega a ser mais branda tanto em relação às dores, quanto à febre. Porém, o que marca bem a zika são as manchas avermelhadas que aparecem pelo corpo, chamadas de rash cutâneo“, explica o médico.
O infectologista ressalta que se o paciente notar algum desses sintomas é necessário buscar a orientação médica para ter um diagnóstico prévio, pelo fato de que as doenças febris também podem ser doenças infecciosas bacterianas, que são graves e podem chegar a levar ao óbito. “No caso da dengue, existem sinais de gravidade que o médico pode orientar e diagnosticar precocemente para evitar um desfecho desfavorável para a doença”, afirma Marcos, que destaca a importância de não realizar a automedicação, pois pode desencadear complicações e colocar em risco o paciente.
Para prevenir a dengue, zika e chikungunya, o fundamental é ter o controle do vetor, que é o mosquito Aedes Aegypti, por isso é importante evitar o acúmulo de água parada, além de colocar telas de mosquiteiros e utilizar repelentes em regiões que tem muita incidência de mosquitos.