Fechado há quase dois anos, o Museu da Loucura, em Barbacena, foi finalmente reaberto. O espaço, totalmente revitalizado, foi entregue à comunidade ontem, quando se celebra o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Funcionando em prédio anexo ao Hospital Regional, o museu está todo interativo e permite uma viagem pelos tempos sombrios do lugar onde morreram 60 mil pessoas, e também pelos dias atuais, caracterizados pelo uso de luminosidade, quando serviços extrahospitalares passaram a substituir o antigo modelo de segregação que desumanizou milhares de brasileiros. A concepção do Museu é do subsecretário de Cultura de Barbacena, Edson Brandão.
O evento, realizado no início da tarde, contou com a presença de secretários do Governo de Minas, do prefeito de Barbacena, Toninho Andrada (PSDB), e do presidente da Fhemig, Jorge Nahas, que viabilizou as mudanças em parceria com o município. Entre os convidados estavam nomes importantes na busca da dignidade aos pacientes com doença mental, como o jornalista Hiram Firmino, de Belo Horizonte, autor da premiada série de matérias publicadas, em 1979, sob o título “Nos porões da loucura”.
A grande surpresa ficou por conta da presença do ex-deputado federal Paulo Delgado. Autor da lei que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, sancionada em 2001, Delgado estava sumido do cenário político. A presença dele no evento foi comemorada por pacientes, pelas autoridades públicas e pelos servidores do hospital. “Esse museu aqui recupera parte dessa história da loucura brasileira. Eu tinha um orgulho muito grande de, em uma determinada época, ser considerado o deputado dos loucos”, declarou à Tribuna.
O presidente da Fhemig, Jorge Nahas, vê o museu como espaço permanente de reflexão. “O Museu nos mostra que o Hospital Colônia não era um mundo clandestino e oculto. Mas foi necessário um outro olhar, um outro momento histórico, o desenvolvimento de uma cultura de sensibilidade, para além da mera compaixão, para que percebêssemos que o que ali se passava era um insulto à humanidade, inaceitável, intolerável”, disse.