Atualizada às 20h
Pacientes do SUS estão enfrentando dificuldades e falta de informação para conseguir obter o Cartão Nacional de Saúde. No PAM-Marechal, muitos esperam mais de oito horas para fazer o recadastramento do cartão. Por volta das 17h30 desta terça-feira (19), mais de 50 pessoas ainda esperavam por atendimento no setor, que fecha às 18h. A usuária Maria Aparecida do Nascimento, 52 anos, é moradora de Valadares, na Zona Norte, e chegou à unidade às 9h. “Eu preciso fazer uma cirurgia no braço. Mas, para conseguir o encaminhamento, preciso do cartão. Estou aqui sem almoço, sem café, com dor e não consigo ser atendida”, revolta-se.
No final da tarde, uma lista com os nomes dos bairros que são cobertos pelo PAM-Marechal foi afixada no setor, o que revoltou muitos usuários. “Sou moradora do Vitorino Braga, e o bairro não está na lista. Lá é uma área descoberta. Não tem posto. Além disso, eles só foram avisar quais bairros seriam atendidos agora, depois que as pessoas estão há horas na fila”, conta Andréia Márcia de Assis. O filho dela de 8 anos tem fibrose e precisa passar por uma cirurgia, mas ele não consegue encaminhamento porque o número do seu cartão está inválido. “Eles cancelaram o cartão dele antes de recadastrar e chegar um novo.”
O subsecretário de Atenção Primária à Saúde, Thiago Horta, explica que as Uaps estão realizando o recadastramento da população no Cadastro Nacional de Usuários do Sistema Único de Saúde (Cadsus Web) desde o último dia 11. “Está havendo uma confusão. As pessoas não precisam do cartão para ter acesso ao SUS e sim do número. Funciona como o CPF. Quando o paciente se dirige a uma Uaps, e o seu cartão está invalido ou inexistente, a atendente irá validá-lo. Ela irá passar o número para o usuário. Com esse número, o usuário consegue qualquer encaminhamento para o SUS.” O subsecretário ainda ressalta que o número do cartão do SUS pode ser acessado pelo site da PJF. “Noventa por cento das pessoas que vão ao PAM-Marechal não precisavam estar lá.” Sobre a demora nos atendimentos, Horta admite que “o uso maciço pode causar a queda do rendimento no sistema para acessar o banco de dados do Ministério da Saúde”, mas que esse acesso demora, em média, cinco minutos.
Falta de capacitação
A aposentada Zélia Dias, 66, é moradora do São Pedro e tentou retirar o cartão na Uaps do bairro, na última segunda-feira, e não conseguiu, sendo orientada a procurar o PAM-Marechal. “Cheguei às 13h30 aqui e fiquei na fila esperando. Agora há pouco foi que vieram avisar que somente serão atendidas as pessoas de áreas descobertas. Mas, lá no posto, eles me mandaram vir aqui.” O subsecretário ressalta que a informação dada a aposentada foi equivocada. “Está proibido o encaminhamento dos pacientes ao PAM-Marechal. Estou me reunindo com as gerentes das unidades para reforçar que cumpram a nota técnica. Estamos orientando para que validem o cartão na atenção primária.”
Na segunda (18), pelo menos 40 pessoas não estavam conseguindo agendar consultas na Uaps do São Pedro, por conta de uma falha no sistema interno, causada pela ausência de sinal da internet, como mostrado pela Tribuna.