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Representantes da comunidade acadêmica da UFJF fazem protesto contra possíveis cortes orçamentários

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UFJF panorâmica

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Quatro entidades que representam a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) vão realizar um ato público no fim da tarde desta terça-feira (17). Intitulada “Bolsonaro Inimigo do Povo Brasileiro – Ato Nacional por Fora Bolsonaro em Defesa da Educação”, a atividade segue calendário nacional de mobilizações do chamado Dia Nacional de Luta contra o Confisco das Verbas da Educação. Em Juiz de Fora, o protesto acontece na Ágora do campus da UFJF, que fica ao lado da Reitoria, a partir das 17h. No mesmo horário, também ocorrerá a manifestação da comunidade acadêmica da UFJF em Governador Valadares, na Praça do Emigrante.

Coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos (Sintufejuf), Flávio Sereno, afirma que a realização do ato demonstra a “unidade dos estudantes e trabalhadores contra mais uma redução no orçamento das instituições públicas de ensino, tentado pelo Governo. “A forte reação da opinião pública reverteu este último corte anunciado, o que nos mostra a necessidade manter a mobilização”, explica. Para Sereno, o objetivo da atividade é “denunciar todos os ataques do atual governo, em especial os sucessivos cortes no orçamento das universidades e institutos federais”.

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Coordenadora-geral da Associação de Pós-Graduandos (APG-UFJF) e doutoranda em História, Dalila Varela Singulane avalia que a mobilização da comunidade acadêmica “é de fundamental importância neste momento que atravessamos”. “Enfatizamos o desmonte e desvalorização sistemática que vivemos durante o governo Bolsonaro. As instituições públicas produzem cerca de 90% da ciência do país e, mesmo assim, o que estamos presenciando são cortes cada vez mais escandalosos na Educação, Ciência e Tecnologia. Educação é o único caminho para construção de um país desenvolvido e promotor de justiça social. Educação é um direito e nossa luta é para que todos possam ter acesso ao ensino público e de qualidade”, afirma.

Já Leonardo da Silva Andrada, que é presidente da Associação dos Professores de Ensino Superior (Apes), teme que as restrições resultem na inviabilidade de que “a Universidade continue cumprindo o seu papel social e o seu papel institucional”. Assim, o objetivo é usar das ferramentas de mobilização para informar a população sobre os riscos trazidos por possíveis contingenciamentos. “É sempre muito importante lembrar que a Universidade não é só um lugar em que as pessoas estão indo se formar. A Universidade produz pesquisa. A Universidade oferece serviços para comunidade. A Universidade tem espaços de acolhimento”, lembra.

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Leonardo ainda lembrou o histórico recente que antecedeu à mobilização. “Recentemente, tivemos a notícia de que o Governo anunciou, pela quarta vez esse ano, mais um contingenciamento. Em seguida, veio a público dizer que não é bloqueio, que depois vai ser liberado e tudo mais. Mas, em outras oportunidades, esse contingenciamento acabou se revertendo em realocação desses recursos para outras áreas”, afirma. No último dia 7 de outubro, o Conselho Superior da UFJF se reuniu para discutir os impactos do bloqueio orçamentário decretado no dia 30 de setembro pelo Ministério da Educação do Governo federal. Entretanto, durante a reunião, o Governo federal voltou atrás na decisão.

Ato ocorreria no Parque Halfeld, mas teve local alterado por questões de segurança

Inicialmente, o ato desta terça estava marcado para o fim da tarde, no Parque Halfeld. O local, no entanto, foi alterado por questões de segurança, uma vez que, em horário próximo, está previsto um comício do presidente Jair Bolsonaro (PL), que é candidato à reeleição, na Praça da Estação. “Consideramos prudente que os dois eventos não aconteçam em locais próximos devido ao período eleitoral que está em sua reta final. O mais importante é evidenciar, mais uma vez, que o atual Governo não demonstra apreço pela educação brasileira, retirando recursos da área de forma contínua desde o início de seu mandato”, explicou o coordenador-geral do Sintufejuf.

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A coordenadora-geral da APG-UFJF reforça a preocupação. “A mudança de local do ato se deve ao conturbado e violento cenário político no qual estamos inseridos. O número crescente de ataques, simbólicos e físicos, a opositores do atual presidente nos preocupa e, por isso, a decisão do ato ser na Universidade. Sabemos que não enfrentamos uma disputa eleitoral comum. Pelo contrário, a democracia está constantemente sendo ameaçada. Nosso ato é em defesa do país que acreditamos”, pontua Dalila.

Por outro lado, o presidente da Apes externou a preocupação de que, com a troca de local, o protesto seja enfraquecido no objetivo de dialogar com a população sobre os riscos e problemas orçamentários enfrentados pela UFJF. “A gente gostaria muito de ter um diálogo com a população de Juiz de Fora. Bem ou mal, as pessoas que estão dentro da Universidade têm contato direto com isso, porque elas veem a situação na Universidade piorando e acabam sendo informadas. Agora, quem está de fora, não tem esse contato direto. Então, depende de ações desse tipo para ser melhor informado”, avalia Leonardo Silva Andrada.

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Convocação

Em Juiz de Fora, além do Sintufejuf, da Apes e da APG-UFJF, o ato também é chamado pela Diretório Central dos Estudantes (DCE). Flávio Sereno ainda destaca que a convocação nacional foi feita pelas entidades representativas dos trabalhadores da educação e dos movimentos estudantis, entre elas, a Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra); o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes); a Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe); a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG); a Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet); a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES); e a União Nacional dos Estudantes (UNE).

DCE convoca paralisação de estudantes

A representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFJF, Maria Edna Fernandes Sena, lembrou que as mobilizações para a realização do ato, inclusive com o registro de solicitações e ofícios junto às autoridades, já haviam começado muito antes de surgirem as primeiras notícias de que Bolsonaro poderia estar em Juiz de fora nesta terça-feira. “Contudo, somente hoje (nesta segunda) de manhã, nós tivemos realmente a confirmação de que o ato dele seria na parte da tarde, e, que, provavelmente, o término da do ato daria de encontro com o início da nossa mobilização. Diante disso, nós tivemos reuniões entre as entidades da comunidade acadêmica e, dentro dessas discussões, entendemos que, em relação à segurança, não seria viável que fizéssemos o ato.”

Maria ainda justificou o receio acerca de um possível encontro apontando que o movimento estudantil, em outras oportunidades, já sofreu ataques de apoiadores do presidente. “Um ataque, inclusive, aconteceu dentro da Universidade. Quando nós estávamos fazendo faixas sobre o confisco do orçamento da Universidade, um bolsonarista veio até a sede da entidade para nos atacar verbalmente. Precisou de um segurança do campus se aproximar para ele se afastar”, relatou. Ela ainda pontuou que a decisão sobre a mudança foi construída de forma coletiva. O DCE afirma que será convocada uma paralisação dos estudantes.

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