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JF chega a cem mortes violentas em 2017

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Uma centena de pessoas já perdeu a vida em decorrência de ações criminosas este ano em Juiz de Fora. A pouco mais de cem dias para o fim de 2017, a violência continua assustando, mesmo diante da ligeira queda observada, na comparação com o mesmo período de 2016. A cidade mantém a média de uma morte violenta a cada dois ou três dias, amedrontando moradores de praticamente todas as regiões, principalmente de bairros mais periféricos. A Zona Norte está na triste liderança, concentrando 28 dos casos. Apesar de ocupar território bem menor, a parte Leste segue logo atrás, com 25 crimes. Também conhecida por ser palco de assassinatos brutais, como o duplo homicídio de dois irmãos na última sexta-feira na Olavo Costa, a Zona Sudeste aparece na terceira posição, com 17 óbitos. Em seguida estão as regiões Sul (11), Cidade Alta (9) e Nordeste (7). Na Zona Rural, houve dois registros, enquanto, na área central, ocorreu uma morte (ver quadro).

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Até o dia 17 de setembro, 93 homens e sete mulheres foram assassinados na cidade, conforme o mesmo levantamento realizado pela Tribuna. A estatística leva em conta os falecimentos posteriores em hospitais, mas em consequência de atividades criminosas, e também os casos de latrocínio (roubo seguido de morte). O número é um pouco menor do que o contabilizado até o mesmo período de 2016, quando 110 pessoas já haviam sido mortas. Mais da metade das vítimas em 2017 são jovens de até 25 anos, reforçando a análise do titular da Delegacia Especializada de Homicídios, Rodrigo Rolli. Segundo ele, essa faixa etária é a que mais morre violentamente e também a que mais mata. Ele ainda avalia que cerca de 80% dos assassinatos estão ligados ao tráfico de drogas e/ou a briga de gangues.

A arma de fogo aparece de forma disparada como o meio mais utilizado para os homicídios, estando presente em mais de 80% dos casos. Na semana passada, a execução dos irmãos foi realizada com pistolas 9mm, acendendo o alerta sobre o poderio dos armamentos utilizados atualmente, sobretudo pelo tráfico.

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Na estatística, observa-se uma grande disparidade entre a quantidade de mortes violentas registradas em cada mês. Abril e julho foram os períodos mais sangrentos, com 17 casos cada um. Já maio e junho registraram seis óbitos, ou seja, mais de dez a menos. O fato de a Zona Rural ter tido um homicídio a mais que a região central chamou a atenção. O único assassinato ocorrido no Centro foi de uma jovem, 18, esfaqueada no pescoço, por uma adolescente, 16, na Praça Antônio Carlos, Centro. O crime aconteceu no dia 15 de julho após o evento Arraiá da Cidade e teria motivação passional. A suspeita foi apreendida em flagrante.

Apesar da suposta sensação de segurança na área central, Juiz de Fora tem mantido um índice muito alto de crimes contra a vida, chegando a expor inocentes ao risco de uma bala perdida. Esse foi o caso, por exemplo, de uma criança, 8, baleada durante a execução de um homem, 43, no dia 5 de agosto, no Bairro Santa Rita. Alvejada no abdômen, a menina ficou internada durante cinco dias na UTI Pediátrica do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus. O crime estaria relacionado à “guerra do tráfico” naquela região.

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Fica Vivo

A vinda do projeto Fica Vivo para Juiz de Fora, confirmada pelo Governo estadual na semana passada, trouxe uma ponta de esperança diante do genocídio de jovens que temos acompanhado desde 2012, quando as mortes violentas praticamente dobraram em relação ao ano anterior. A situação escancarou a falta de políticas públicas para prevenção e piorou de 2013 para cá, quando os números anuais não ficaram abaixo de 130, chegando ao ápice em 2016, com 154 assassinatos.

O projeto, em parceria com a Prefeitura, está sendo implantado na Olavo Costa, onde a disputa por pontos de tráfico tem levado à matança de muitos jovens. Voltado para a faixa etária de 12 a 24 anos, com o objetivo de prevenir homicídios, por meio de oficinas de esporte, cultura e profissionalização, o Fica Vivo também é esperado em outras regiões consideradas zonas quentes de criminalidade, como a Norte e a Leste.

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Vítima é executada ao deixar salão de cabeleireiro

O último homicídio registrado em Juiz de Fora até o fim de semana aconteceu na tarde de sábado (16), quando Wallace de Paula Batista de Oliveira, 28 anos, foi executado com tiros em via pública ao sair de um salão de cabeleireiro no Bairro Santos Dumont, na Cidade Alta. O crime aconteceu pouco antes das 18h na Rua Geraldo Timóteo de Oliveira. Segundo informações obtidas pela Polícia Militar, o morador da Rua Pedro Germano Caniato, no mesmo bairro, estava pintando o cabelo no estabelecimento. Ao terminar, ele teria ficado sentado em uma cadeira no interior do salão, mas decidiu sair correndo ao perceber que o atirador estava na calçada, próximo ao local. Ele acabou sendo alvejado por vários disparos pelas costas e não resistiu, caindo sem vida do outro lado da rua.

Populares disseram à PM que o criminoso não residiria no Santos Dumont. Ele fugiu por um escadão e chegou a ser visto correndo com uma arma de fogo nas mãos, embarcando em seguida em um Fiat Stilo, onde mais dois comparsas aguardavam. Apesar do rastreamento, o bandido não foi encontrado.

O óbito foi confirmado pelo Samu, e a perícia da Polícia Civil realizou os levantamentos. Durante os trabalhos, três buchas de maconha e um papelote de cocaína foram localizadas no bolso da vítima. Dois cordões e um anel que estavam com Wallace foram entregues a um parente. O corpo foi encaminhado para necropsia no Instituto Médico Legal (IML), e o caso seguiu para investigação na Delegacia Especializada de Homicídios.

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