Atualizada às 19h37
Testemunhas de acusação e defesa foram ouvidas nesta quarta-feira (18), durante todo o dia, na primeira parte da audiência preliminar do caso Matheus Goldoni Ribeiro, 18 anos, encontrado morto nas águas da cachoeira do Vale do Ipê, cerca de 56 horas após ter sido visto pela última vez do lado de fora da boate Privilège, no dia 17 de novembro de 2014. De acordo com o juiz do Tribunal do Júri, que presidiu a sessão no Fórum Benjamin Colucci, Paulo Tristão, o pronunciamento sobre a determinação se os réus vão ou não a júri popular só deverá ser feito pelos menos dez dias depois.
[Relaciondas_post]”Encerrando esta fase toda de produção de provas e interrogatório, devo dar cinco dias para cada um, acusação e defesa, e, após esse décimo dia, eu decido se é o caso de levar a júri ou não, se todos ou alguns”, explicou o magistrado, referindo-se aos dois seguranças, um ex-funcionário e o gerente operacional da boate, indiciados por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e sem chance de defesa da vítima.
O promotor do caso, Juvenal Martins Folly, também acredita que está tudo dentro do previsto e mostrou otimismo. “Tenho certeza de que os réus serão pronunciados e levados a julgamento pelo Tribunal do Júri da Comarca de Juiz de Fora.” Antes do início da audiência, o promotor lembrou a denúncia. “Os réus negam a autoria do crime, mas eu tenho provas suficientes para levá-los a julgamento pelo Tribunal do Júri. Pessoas que os viram pegando a vítima Matheus Goldoni e a levando para a trilha onde ele foi executado.” O laudo de necropsia apontou que o jovem morreu por afogamento causado por asfixia. Para o membro do Ministério Público, “ele foi afogado no riacho que fica nos fundos da boate Privilége.”
Comoção
Familiares e amigos da vítima acompanharam a audiência, muitos vestindo camisas com a foto de Matheus. “Esta é mais uma etapa. Estamos clamando para eles apurarem a verdade, para que a justiça seja feita. Cada vez que passamos por esta situação é muito doloroso, como se toda hora estivessem mexendo em uma ferida. Só com o poder de Deus a gente consegue” desabafou o pai, o mecânico Cláudio Ribeiro. “Já houve a denúncia, agora aguardamos a pronúncia do juiz. A família espera por justiça, sempre buscamos a verdade”, completou a mãe, Nívea Goldoni.
A audiência foi aberta ao público e começou pouco depois das 8h. “O trabalho da Justiça é transparente, por isso as portas estão abertas, mas não serão toleradas manifestações”, orientou o magistrado Paulo Tristão no começo.
De acordo com o advogado da família, Wagner Valssis, nesta fase do processo, serão ouvidas as testemunhas de acusação e defesa e os réus. Se o juiz entender ser necessário, pode optar por fazer acareações e solicitar novas diligências. Ainda nesta etapa, o magistrado decide se os envolvidos serão pronunciados e irão a júri popular. Conforme o advogado, a acusação trabalha com a possibilidade de terem ocorrido agressões contra a vítima. “Eles alegam que correram até onde os veículos tiveram os retrovisores quebrados. Mas há evidências claras de que Matheus foi assassinado.” O advogado destacou que os réus “em momento algum rechaçam a questão de terem corrido atrás de Matheus”.
Um dos advogados de defesa, Fernando Sérgio de Oliveira, disse que vai trabalhar “com as provas dos autos, que é a negativa de autoria, mesmo porque não há nenhum indício sequer de ter ocorrido homicídio”.