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Medo ronda passageiros na BR-040

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Viagens pela BR-040 estão entre as visadas por criminosos, que interceptam os coletivos

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Constantes assaltos a ônibus de viagem, principalmente no trecho da BR-040 entre Rio de Janeiro, Petrópolis (RJ) e Juiz de Fora, têm assustado usuários dos coletivos fretados ou das linhas interestaduais e deixado as autoridades de segurança em alerta. Os bandidos cercam os veículos na rodovia, fazem disparos de arma de fogo, ferem passageiros e utilizam até arma de choque para intimidar as vítimas.

Um dos casos mais recentes aconteceu no mês passado com um ônibus fretado que saía de Juiz de Fora em direção a São Paulo. Na altura de Matias Barbosa, um Monza interceptou o ônibus, e dois bandidos invadiram o veículo, ameaçaram de morte os passageiros e feriram o ajudante de motorista com uma coronhada na cabeça. Ainda em Juiz de Fora, no ano passado, um coletivo que levava 46 comerciantes às compras em São Paulo foi alvo de bandidos armados, próximo ao trevo do Salvaterra. Na ocasião, um Palio parou em um túnel de acesso à BR-040, bloqueando a passagem. Quando o ônibus se aproximou, dois bandidos desceram do carro e ordenaram a abertura do coletivo. Eles estavam encapuzados, armados e ameaçaram atirar caso o motorista se negasse a abrir a porta. Em uma ação ousada, os bandidos permaneceram com o Palio atravessado na pista enquanto assaltavam o coletivo. No momento em que a dupla roubava os passageiros, um comparsa aguardava no veículo. Os suspeitos teriam ordenado que os passageiros entregassem dinheiro e celulares e ameaçavam atirar. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram levados cerca de R$ 3.500 e celulares. Os bandidos teriam fugido em direção a Juiz de Fora.

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Na região de Petrópolis, uma área considerada crítica, é o trecho que dá acesso ao Bairro Duarte da Silveira, onde assaltos vêm ocorrendo com frequência. Neste ponto, onde há um viaduto, ladrões ficam à espreita, esperando a passagem de veículos. Eles jogam pedras nos vidros, obrigando o motorista a parar e, posteriormente, cometem o assalto. A situação recorrente já tinha sido discutida, em maio do ano passado, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Petrópolis e representantes de diversas instituições. Na época, o objetivo era aumentar a segurança na BR-040. A reunião na sede da 3ª Subseção da OAB, aconteceu após diversos relatos de vítimas sobre assaltantes com armamento pesado.

Câmeras

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Segundo o presidente da 3ª Subseção da OAB de Petrópolis, Antônio Carlos Machado, os roubos eram muito frequentes perto da região de Xerém, em Duque de Caxias (RJ), e, agora, a atenção está voltada para o trecho da 040 perto do Bairro Duarte da Silveira, em Petrópolis. “Mandamos ofício à concessionária da rodovia, solicitando instalação de câmeras naquele trecho, onde não há esses equipamentos, a fim de evitar esses casos”, afirmou Machado. O documento foi encaminhado pela OAB à concessionária da rodovia, no último dia 8. Por sua vez, a empresa respondeu que já tem cem câmeras de monitoramento ao longo do trecho Rio/Juiz de Fora.

Ranking da ANTT

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A insegurança se estende ao longo da 040 em direção a Belo Horizonte e Brasília. No ano passado, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgou que Minas Gerais, que tem a maior malha rodoviária do Brasil, estava na terceira posição no ranking de assaltos de 2013, com 44 casos. Os dois primeiros no ranking do medo são as estradas de Brasília e Goiás. Em todo o Brasil, conforme dados da ANTT, foram registrados 311 roubos em ônibus em 2013. Destes, 161 ocorreram no DF e em Goiás. O estado goiano foi líder nos registros, com 99 assaltos. O Distrito Federal contabilizou 62 crimes. Numa tentativa de dificultar a ação dos bandidos, na região do DF, as empresas passaram a despachar os carros em comboio. Contudo, nem isso tem impedido os roubos. Normalmente, o último da fila acaba interceptado pelos ladrões.

Comerciante vive momentos de tensão

Passageiros viveram momentos de terror no assalto mais recente ocorrido na BR-040 próximo a Juiz de Fora, no final do ano passado: “O tempo todo eles gritavam: ‘Queremos dinheiro’, e as pessoas começaram a jogar as quantias no chão. Foi uma ação muito rápida. O auxiliar do motorista foi ferido com uma coronhada de revólver na cabeça. Ao meu ver, é preciso uma ação integrada entre todas a polícias para coibir este tipo de ação criminosa.” O relato é de uma comerciante, de 56 anos, que estava no ônibus fretado com destino a São Paulo. O veículo foi interceptado por ladrões na altura de Matias Barbosa.

Segundo ela, o ônibus foi impedido de continuar seu trajeto por um Monza, no qual um homem armado efetuou um disparo com os dois veículos em movimento, mas não atingiu ninguém. “Ele gritava com o motorista, fazendo ameaças com a arma, fechando o ônibus com o Monza até o motorista parar para eles entrarem”, contou a comerciante, acrescentando que dois bandidos invadiram o ônibus. Enquanto um portava uma arma de fogo e ficou na parte da frente, o outro, que se posicionou no fundo, usava uma arma de choque. “Eles chegaram a colocar o revólver na cabeça de um homem que estava com a esposa grávida e sempre gritavam: querem morrer?, apontando o revólver para a cabeça das pessoas. É uma situação que nunca mais quero viver, pois é muito traumatizante.”

Antes de fugirem, os bandidos jogaram a chave do ônibus em um matagal, a fim de evitar que as vítimas se deslocassem e acionassem a polícia, já que subtraíram seus celulares. De acordo com ela, se somar o prejuízo de todas as vítimas, os ladrões conseguiram levar cerca de R$ 30 mil. A comerciante não deixou de viajar, pois precisa trabalhar. Mas, desde o assalto, quando está viajando, liga para a família, frequentemente, a fim de tranquilizá-la, avisando sobre os pontos onde se localiza.

A vítima acredita que esse tipo de ação é planejada pelos bandidos, já que teriam conhecimento das datas e dos horários das viagens. “Por meio de outros comerciantes, fiquei sabendo que, pelo menos, mais quatro ônibus foram assaltados”, relata a mulher, que ainda completa: “O proprietário da empresa com a qual costumo viajar quer desistir do negócio, pois está com muito medo e, em todas as viagens depois do assalto, passou a seguir o ônibus em seu carro próprio, para dar mais segurança.” Apesar das denúncias da violência nas estradas, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), na altura de Juiz de Fora, apenas dois assaltos foram registrados, no ano passado, em sua área de atuação.

Trechos são monitorados por bandidos

De acordo com o chefe do Núcleo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Juiz de Fora, Flávio Loures, esses criminosos agem de forma premeditada, observando previamente o trecho onde o crime será cometido e obtendo informação dos destinos dos ônibus que trafegam, fazendo uma suposição dos valores que são transportados. O policial assegura que a PRF está atenta a este tipo de ocorrência na região, mas enfatiza: “A polícia não pode ser presente em todos os locais, e é justamente nestas lacunas que estes criminosos agem. “O importante é que, em função das ocorrências, estejamos traçando parâmetros sobre este tipo de caso. Precisamos que a sociedade se aproxime mais e nos ajude com denúncias, pois, às vezes, há suspeitos na estrada e ninguém nos comunica”, ressalta o policial, acrescentando que, com o cruzamento de informações, a PRF tem condições de agir de forma mais sistemática. Loures alerta que o uso de arma pelos bandidos é preocupante, já que é difícil saber qual o estado psicológico em que eles se encontram. “A orientação é que os passageiros tenham calma, para que não precipitem uma ação violenta.” Flávio Loures concorda que a maior vigilância irá inibir essas ações. “O cidadão infrator vai ficar com medo de ser identificado. Além disso, o maior número de equipamentos vai fazer aumentar a sensação de segurança.”

De acordo com a Concer, empresa que opera no trecho Rio/Juiz de Fora, as cem câmeras distribuídas em pontos estratégicos da rodovia integram o Sistema Inteligente de Transportes (ou ITS, na sigla em inglês), permitindo à concessionária monitorar eletronicamente as condições de trânsito e clima ao longo de toda rodovia, 24 horas por dia, sete dias na semana.

O conjunto de câmeras dinamiza o atendimento ao usuário, seja em situações de assistência mecânica ou de socorro médico, e sua operação está integrada ao Centro de Controle Operacional da empresa, que conta ainda com inspeção de tráfego presencial, também 24 horas por dia. O monitoramento eletrônico serve à segurança viária da BR-040,uma das atribuições contratuais da Concer. A segurança pública da rodovia é de competência exclusiva da Polícia Rodoviária Federal, órgão com o qual a concessionária atua constantemente em parceria.

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