Site icon Tribuna de Minas

Contra Covid-19, máscaras renovam esperanças em JF

PUBLICIDADE

Neste momento tão delicado que o mundo vive, cuidar do outro tem sido a motivação necessária para acreditar em dias melhores. Em Juiz de Fora, a produção de máscaras para proteção contra o novo coronavírus (Covid-19) é responsável por encher de esperança de quem buscou se reinventar em meio à pandemia não só para sobreviver, mas também para ajudar o próximo.

Quando ganhou a máquina de costura da mãe, a professora aposentada Sônia Maria Gomes, 70 anos, não imaginava que a utilizaria para um propósito tão nobre: confeccionar máscaras de tecido que seriam distribuídas para unidades de saúde e à população vulnerável da cidade. “É um grande desafio, pois não sou costureira. Mas, desde o início, pedi a Deus que me ajudasse a fazer o melhor possível. A máscara é muito importante, ajuda a proteger da doença.”

PUBLICIDADE

Desde que se aposentou, há dois anos, Sônia passou a dedicar parte do tempo livre para participar das oficinas oferecidas pela Praça CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados Coronel Adelmir Romualdo de Oliveira), localizada no Bairro Benfica, na Zona Norte, onde ela também mora. “Faço ginástica, dança e aulas de artesanato. Gosto de desafios, de aprender coisas novas, sou muito curiosa.”

A professora aposentada Sônia Maria Gomes ficou feliz em poder ajudar: “Fiquei emocionada. É um prazer fazer parte deste trabalho” (Foto: Divulgação)

Sônia e outras 22 colegas que participam da oficina de artesanato para a terceira idade foram convidadas para o projeto de produção de máscaras criado pela Rede de Ajuda Humanitária – formada por diferentes empresas e sociedade civil -, responsável pela realização de várias ações sociais na cidade durante a pandemia. “As alunas da Praça CEU foram abraçadas pela Rede, e o projeto de produção das máscaras ganhou uma potência muito maior do que o esperado”, explica o coordenador geral da Praça CEU, André Noronha.

PUBLICIDADE

Produção e distribuição

A Rede oferece o material necessário para a produção das máscaras, que é feita de forma domiciliar. Uma parte dos produtos é doada e a outra, comercializada, para garantir a manutenção do projeto. Até o momento, já foram produzidas mais de 16 mil máscaras.
As costureiras que integram o grupo recebem R$ 0,50 por máscara produzida, o que também contribui para a renda familiar. Segundo André, há alunas que recebem R$ 200 reais por semana com o trabalho.

PUBLICIDADE

Para Sônia, a ajuda financeira é um aspecto positivo do projeto. No entanto, ela destaca que a principal motivação para participar é poder contribuir com a sociedade neste momento. “Fiquei emocionada de poder ajudar de alguma forma. É um prazer fazer parte deste trabalho.”

Extensão

PUBLICIDADE

De acordo com André, o projeto surpreendeu de forma tão positiva que a possibilidade de ampliá-lo vem sendo estudada. “Pensamos em criar um coletivo de costureiras”, adianta. Para ele, a prática solidária deve ter continuidade após a pandemia. “A Praça CEU é um espaço de arte, cultura e cidadania, que propicia a consciência social. Acreditamos nela como instrumento para construir elos de solidariedade.”

Sobre o atual momento, ele espera que as pessoas se atentem à importância de ajudar o próximo. “O senso de coletividade já existe, mas é preciso impulsioná-lo. Precisamos observar para além da nossa janela, da porta da nossa casa. São muitas pessoas precisando, cada uma com uma necessidade diferente, é hora de entendermos e enfrentarmos tudo isso juntos.”

Projeto social com detentos produz mais de 100 mil máscaras

Peças produzidas pela Chico Rei foram doadas para sistema prisional, Ascomcer, Polícia Militar, comunidades e instituições locais, além de cidades vizinhas (Foto: Divulgação)

A produção de máscaras também tem semeado esperança na Penitenciária Professor Ariosvaldo Campos Pires, no Bairro Linhares, Zona Leste de Juiz de Fora. Em fevereiro, a empresa Chico Rei inaugurou uma célula de produção de camisetas da marca no local. O projeto, que visa a promover a ressocialização e o resgate da autoestima dos acautelados, ganhou uma proposta diferente quando a Covid-19 chegou ao Brasil.

O diretor da empresa, Bruno Imbrizi, identificou que o sistema prisional era um dos setores que demandavam produtos para a segurança pessoal. Foi assim que os detentos passaram a confeccionar máscaras de tecido para distribuição gratuita. Até o momento, mais de 100 mil peças já foram entregues. A doação foi feita para o sistema prisional de Minas Gerais, a Associação Feminina de Prevenção e Combate ao Câncer (Ascomcer), a Polícia Militar, comunidades e instituições locais, além de prefeituras de cidades vizinhas.

De acordo com a assessoria da empresa, 12 detentos selecionados pela Comissão Técnica de Classificação da Unidade integram o projeto. Para isso, eles participaram de oficinas de costura e capacitação. “O valor recebido pelo trabalho é dividido, sendo 25% destinados à conta pecúlio, uma espécie de conta-poupança judicial acessada para quando ganharem a liberdade; 50% são destinados à assistência familiar ou pessoal, diminuindo os impactos causados pela ausência de um provedor da família; e 25% ficam com o Estado.”

Dias melhores

Para Bruno, o projeto traz a oportunidade de acreditar em um futuro melhor. “Mais do que nunca somos sinônimo de liberdade. Liberdade de expressão com as nossas estampas e liberdade para aqueles que produzem as nossas camisetas. O tempo produzindo os nossos produtos é também tempo de remição da pena e de pensar em um futuro diferente do que já está escrito para a maioria esmagadora dos acautelados.”
Criada há 13 anos, a Chico Rei é atuante em projetos sociais na cidade. Para Bruno, isto não poderia ser diferente durante a pandemia. “Seguimos com essa visão e encaramos como missão apoiar a luta contra a Covid-19.”

Ele destaca, ainda, a necessidade do apoio dos governantes neste momento. “Várias empresas estão sendo afetadas, elas também precisam de algum suporte governamental. Aos empresários que seguem com os seus negócios de maneira saudável, acredito que exista uma obrigação moral em realizar ações que gerem impacto positivo na sociedade.”

Empresa se reinventa para enfrentar crise

Há 34 anos presente no mercado, a empresa juiz-forana Torp foi uma das muitas atingidas pela crise causada pela pandemia da Covid-19. “O impacto foi imediato, assim que o comércio foi fechado”, relata o diretor Alessandro Oliveira. Especializada na fabricação de peças íntimas e meias, o momento mostrou a necessidade de rever todo planejamento e, também, se reinventar para garantir a continuidade dos negócios.
Mas apesar das dificuldades também houve espaço para a solidariedade. Com as atividades de produção paralisadas, a empresa se tornou parceira do projeto social de produção de máscaras realizado pela Chico Rei, a partir da doação de tecido.

Agora a Torp estuda a possibilidade de utilizar a tecnologia que possui para o desenvolvimento de uma linha própria de máscaras de proteção. “A ideia surgiu com o objetivo de contribuir para aumentar a oferta do produto para a população e, também, ajudar financeiramente a empresa no momento que for possível retomar as atividades com segurança.”

Com a fabricação de peças íntimas e meias suspensas, Torp doou tecidos para parceiros e agora planeja desenvolver linha própria para fabricação de máscaras (Foto: Divulgação)

Segundo ele, as máscaras estão em fase de testes e estudos de viabilidade econômica e de demanda. “Temos um processo altamente tecnológico, conhecido como “sem costura”, que permite a utilização de matérias-primas com características que podem trazer muitos benefícios aos consumidores.”

As expectativas para o futuro são mais otimistas. “A proposta é colocar a capacidade produtiva da empresa à disposição, contribuir com o enfrentamento da pandemia e atender a demanda que surgir.”

Policiais recebem apoio da Arcelor e UFJF

Atuante em diferentes projetos sociais, a ArcelorMittal também viu a necessidade de contribuir em meio à pandemia da Covid-19. A empresa doou 50 litros de álcool gel e cinco mil máscaras de proteção individual aos servidores da 1ª Delegacia Regional de Juiz de Fora (DRCP), localizada no Bairro Santa Terezinha, na Zona Nordeste. “A intenção da entrega do equipamento é ajudar os policiais civis, que atuam no dia a dia e precisam adotar cuidados no enfrentamento doença”, informou a assessoria.

Para o diretor da unidade local da empresa, João Henrique Caldeira, o momento requer essa atenção e cuidado com o outro. “Somos uma empresa com tradição no trabalho em parceria com a comunidade e, desta forma, sensível às dificuldades do país, motivo pelo qual buscamos apoiar ações importantes em prol do bem-estar social.”

De acordo com o delegado regional Armando Avolio Neto, os artigos recebidos são fundamentais para a manutenção da rotina de trabalho dos policiais. “Diante de um cenário de pandemia, em que a escassez de materiais de segurança levou seus preços a valores impraticáveis, buscamos alternativas para melhorar a segurança de nossos policiais e permitir que a população continue com um atendimento de excelência, contando com mais essa importante parceria”.

Face Shields

A Polícia Civil também recebeu doações de máscaras, do modelo “face shield” (em acrílico) , feitas pelo projeto SOS 3D JF e o Grupo de Robótica Inteligente da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Essa união de esforços, em prol do bem-estar coletivo, garante um trabalho que vai além de resultados de êxito no combate à criminalidade, mas de proatividade no enfrentamento do novo coronavírus”, destacou o delegado-geral Gustavo Adélio Lara Ferreira.

Exit mobile version