Com o tema “Fraternidade e fome” e lema “Dai-lhe vós mesmos de comer”, a Campanha da Fraternidade 2023 tem como objetivo sensibilizar a sociedade em relação ao problema da fome no Brasil e no mundo. A Igreja Católica irá lançar oficialmente a campanha na próxima quarta-feira (22), com o início do período da Quaresma. As informações foram apresentadas pela Arquidiocese de Juiz de Fora em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (17).
De acordo com o arcebispo metropolitano, Dom Gil Antônio Moreira, o alerta este ano é que a fome segue sendo uma realidade. Essa é a terceira vez que a temática é abordada pela Campanha da Fraternidade. A primeira foi em 1975, com o tema “Fraternidade é repartir” e o lema “Repartir o pão”, e a segunda em 1985, com o lema “Pão para quem tem fome”.
“A Igreja sempre, na sua história, se preocupou com os pobres, com os pequenos, com aqueles que são humilhados, e ela vê que o problema da fome continua”, disse. “A fome existe e a Igreja quer, na palavra de Jesus Cristo, conscientizar as pessoas para que nós possamos, unidos, combater este mal social.”
Como destacado por Dom Gil, cerca de 30 milhões de pessoas no Brasil dependem de alguma ajuda para se alimentar. Desta forma, a campanha quer chamar a atenção para o problema entre todos. “Todo mundo tem que combater a fome, não é só um setor da sociedade, mas cada pessoa também.”
Em Juiz de Fora, a Campanha da Fraternidade 2023 será lançada na Quarta-feira de Cinzas (22 de fevereiro), às 19h, na Catedral Metropolitana. A celebração será presidida por Dom Gil.
Coleta de solidariedade
A Campanha da Fraternidade ocorre durante o período da Quaresma, encerrando no dia 2 de abril, com o Domingo de Ramos, mas mantendo-se nas discussões pastorais ao longo do ano. De acordo com o Padre Antônio Camilo de Paiva, vigário episcopal para comunicação, que participou da coletiva de imprensa sobre a iniciativa, a campanha coincide com a Quaresma por ser um período de exercício espiritual.
“A Quaresma é um tempo para despertar no ser humano, em especial nos católicos, esta fraternidade. Eu gosto muito daquela expressão ‘o ser humano é a gramática para entender Deus’. Quando eu vejo um pobre, é Cristo que está no pobre. E, por isso, nós devemos despertar para esse sentimento de fraternidade, de buscar o outro para ir comigo, não ir à frente de ninguém.”
Em 2 de abril, acontece a Coleta Nacional da Solidariedade em todas as comunidades cristãs, paróquias e dioceses. De acordo com a Arquidiocese de Juiz de Fora, do total arrecadado pela ação, 40% será enviado ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), gerido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Esses recursos serão direcionados para apoiar iniciativas de grupos, associações e outras organizações que desenvolvam ações relacionadas ao tema da Campanha da Fraternidade. A outra parte irá permanecer na Arquidiocese para projetos locais.
Cerca de 3.500 famílias assistidas
A Arquidiocese de Juiz de Fora conta com programas que se relacionam diretamente com a Campanha da Fraternidade de 2023, com foco no cuidado de pessoas em situação de vulnerabilidade social. No contexto da pandemia da Covid-19, foi criada a diaconia “Dai-lhes vós mesmos de comer” que, coincidentemente, está em acordo com o lema da campanha deste ano. De acordo com o assessor da diaconia, Padre Fernando Augusto Martins da Silva, o objetivo dessa comissão foi articular os trabalhos da Arquidiocese voltados para a insegurança alimentar.
“Durante esse tempo de pandemia, quando alguns projetos tiveram de ser interrompidos, muitas das nossas paróquias em Juiz de Fora e nas cidades vizinhas continuaram atuando, continuaram indo em busca de formas de arrecadação de alimento para as famílias necessitadas. Agora, mais ainda, estamos tentando reunir esse trabalho para continuar alcançando as pessoas em vulnerabilidade e que têm vivido a situação de insegurança alimentar.”
Um levantamento feito pela diaconia em 2022 mostra que a Igreja de Juiz de Fora atende cerca de 3.500 famílias, considerando os 37 municípios que compõem a Arquidiocese. O auxílio vem, principalmente, por meio de cestas básicas doadas pelas paróquias, grupos e movimentos a elas relacionados. Na cidade, a Arquidiocese tem como destaque os trabalhos realizados pelo Instituto Padre João Emílio, que atende 135 crianças de 5 a 12 anos em situação de vulnerabilidade social, e a Fundação Maria Mãe, que atua com pessoas em situação de rua.