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Polícia Federal e MPF combatem fraudes bancárias em JF

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Duas associações criminosas responsáveis por praticar fraudes bancárias contra a Caixa Econômica Federal foram desarticuladas durante as operações Prados e American Dream 2, deflagradas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) nesta terça-feira (16) em Juiz de Fora. Quinze mandados de buscas e apreensão foram cumpridos por policiais federais, sendo 13 deles em dez bairros do município, um em Brasília e (DF) e outro em Fortaleza (CE), locais onde os investigados, incluindo jovens empresários da cidade, tinham braços atuando diretamente nas instituições financeiras.

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Em Juiz de Fora, as vistorias aconteceram no Centro e Granbery, na região central; no São Benedito, Zona Leste; no Bairro de Lourdes e na Vila Ideal, região Sudeste; no Eldorado e Parque Independência, na área Nordeste; além de Nova Era, Cidade do Sol e Santa Maria, na Zona Norte.

Ninguém foi preso, porque não foram expedidos mandados de prisão e não houve flagrantes. Vasto material armazenado, principalmente em computadores e celulares, foram apreendidos e ainda serão analisados. Também foram recolhidos documentos e cartões de crédito supostamente usados em fraudes. Os casos seguem em andamento na 2ª Vara Federal de Juiz de Fora, inclusive com pedido de quebra dos sigilos bancários dos investigados.

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Operação Prados

O grupo alvo da Operação Prados é formado por um contador e por empresários jovens do município, que não tiveram suas identidades reveladas. De acordo com a PF, por meio da montagem de documentos falsos, eles constituíam empresas fictícias em nome de pessoas fantasmas e abriam contas bancárias em diversas instituições financeiras, inclusive na Caixa, para obter empréstimos de natureza pessoal e empresarial. Apenas um dos investigados teria utilizado cinco números de CPF diferentes, com pequenas variações de seus dados pessoais, para constituir empresas e obter empréstimos bancários que não foram quitados. A manobra foi batizada de “Prados” em referência ao sobrenome mais utilizado pelos fraudadores na confecção dos documentos falsos.

Operação American Dream 2

Já a American Dream 2 é um desdobramento da primeira etapa da operação de mesmo nome, desencadeada em Juiz de Fora no dia 20 de outubro de 2015. O objetivo, desta vez, é “responsabilizar criminalmente cinco integrantes do grupo criminoso não identificados na primeira fase da investigação, dentre eles dois empregados da Caixa Econômica Federal, sendo um de Brasília e o outro de Fortaleza, suspeitos de vazar dados de correntistas para os membros da quadrilha incumbidos de operacionalizar a clonagem de cartões de crédito”.

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Vazamento de dados possibilita clonagem de cartões

O valor total do prejuízo causado às instituições financeiras ainda será apurado, e a quebra dos sigilos bancários dos envolvidos é parte fundamental desta fase. De acordo com o delegado da Polícia Federal em Juiz de Fora responsável pela investigação, Gabriel Xavier, os grupos já estariam agindo há cerca de cinco anos. “Conseguimos apreender alguns documentos, mas grande parte do material está em dispositivos de informática (computadores e celulares), que ainda serão analisados. O resultado efetivo só teremos após as análises.”

A expectativa é que esta etapa das operações possibilite mais provas sobre as condutas dos suspeitos e identifique as reais ligações entre os envolvidos, além de poderem surgir novos fatos criminosos. “Tem contador, empresários, pessoas que exercem atividades remuneradas com vínculos empregatícios, funcionários da Caixa e motorista de táxi. Os envolvidos são os mais variados”, destacou o delegado, sem precisar número de investigados. Os três empregados do banco são lotados em Juiz de Fora, Fortaleza e Brasília, locais onde também foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Eles são “suspeitos de vazar dados de correntistas para os membros da quadrilha incumbidos de operacionalizar a clonagem de cartões de crédito”, usados em compras diversas.

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Os 15 mandados foram cumpridos pela manhã por policiais federais de Belo Horizonte, Varginha, Divinópolis e Governador Valadares. Não há previsão para a conclusão da análise do material apreendido. “Vamos fazer o detalhamento e encaminhamento para a perícia”, finalizou o delegado Gabriel.

Em 2015, American Dream prendeu 14 pessoas

A operação que deu origem à American Dream 2, deflagrada nesta terça-feira (16), prendeu 14 pessoas, 12 delas em Juiz de Fora, em outubro de 2015. Entre as principais ações criminosas exercidas pela organização especializada na clonagem e fraude de cartões de crédito estavam compras no exterior, com posterior revenda de mercadorias no Brasil. Um dos presos era um funcionário da Caixa Econômica Federal, que facilitaria a liberação de cartões com altos limites, em nome de laranjas. Um empresário da construção civil detido na cidade foi apontado pela PF como o cabeça do esquema.

O grupo chegou a movimentar R$ 20 milhões em 20 meses. Os suspeitos, incluindo duas mulheres, tinham entre 25 e 35 anos, e a maioria atuava no ramo empresarial, principalmente no comércio de eletrônicos, muitos desses adquiridos por meio da ação delituosa. Os nomes dos envolvidos não chegaram a ser divulgados pela PF.

As investigações apontaram que a quadrilha atuava desde setembro de 2013. Os mandados na época foram cumpridos no Centro e nos bairros São Mateus e Bom Pastor, na Zona Sul. Durante as buscas em comércios e residências de suspeitos, foram recolhidos cartões de crédito, cheques, cerca de R$ 150 mil em espécie e, pelo menos, US$ 3 mil, além de joias, roupas infantis e outros materiais de procedência duvidosa. Houve desdobramentos nos estados do Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Com os cartões internacionais fraudados e liberados para compras no exterior, os golpistas compravam equipamentos eletrônicos nos Estados Unidos, especialmente produtos da marca Apple, além de telefones celulares, câmeras fotográficas profissionais e bicicletas de competição, algumas avaliadas em US$ 12 mil. As revendas no Brasil aconteciam por meio de redes sociais, páginas na internet e lojas físicas, com preços entre 10% a 30% abaixo do valor. A forma como o grupo era estruturado, com hierarquia e funções muito definidas para cada integrante, chamou a atenção da polícia.

A maioria dos cartões usados nas fraudes era clonado, mas a organização também se valia das tarjetas feitas em nome de laranjas e praticava “autofraude”. Nessa modalidade, os envolvidos usavam seus próprios cartões para compras internacionais e depois contestavam as mesmas junto às operadoras ou aos bancos. O funcionário da Caixa detido em 2015 facilitava a liberação de cartões premium para laranjas, adulterando a renda dessas pessoas.

Também foi investigado indícios da prática de lavagem de dinheiro, já que quantias adquiridas na prática das ações criminosas teriam sido utilizadas em empreendimentos de construção civil e em comércios. As investigações tiveram início após uma empresa, que prestava serviço para a Caixa, alertar para um volume muito grande de fraudes de cartões de crédito, oriundos de Juiz de Fora e usados nos Estados Unidos. A PF batizou a operação de “American Dream”, em referência ao sonho norte-americano de prosperidade, já que os investigados levavam uma vida “ilusória”.

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