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Militar da reserva é detido por vigilante da UFJF após pichação em sede da Apes

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Militar disse não concordar com os dizeres do banner, “se sentiu no direito de manifestar a sua opinião, apagando o nome do presidente Bolsonaro” (Foto: Felipe Couri)

Um militar da reserva do Exército, de 59 anos, foi detido por um vigilante da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na noite de segunda-feira (14), após ser flagrado em um ato de pichação, que tentava apagar o nome do presidente da República de um banner da Associação dos Professores de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes), afixado próximo à sede sindical e ao Pórtico Norte, com a frase “Fora Bolsonaro”. A ação de vandalismo foi interrompida por um homem, 39, que, indignado com a atitude, começou a filmar. No momento da gravação, o militar estava servindo de base para um comparsa, que estava de pé sobre seus ombros, para alcançar o nome no alto e apagá-lo com tinta spray preta. Surpreendido pela câmera, o militar chegou a acionar o spray em direção ao homem que filmava.

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De acordo com informações do boletim de ocorrência, registrado pela Polícia Militar por volta das 19h, o vigilante da UFJF contou que estava trabalhando, quando foi avisado pela testemunha sobre o dano no citado banner. Chegando ao local, o servidor avistou os dois suspeitos apagando parte da frase com a lata de spray. O vigilante conseguiu deter o militar, no entanto, o comparsa conseguiu escapar.

Ao ser questionado, o integrante da reserva do Exército alegou que, por não concordar com os dizeres do banner, “se sentiu no direito de manifestar a sua opinião, apagando o nome do presidente Bolsonaro”. Ele ainda argumentou que, “por se tratar de um local público, não deveria ter algo com os dizeres afrontando a imagem do presidente da República”.

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Conforme o registro policial, o suspeito esteve acompanhado de seu advogado, e a PM fez contato com a Polícia Federal, que ficou de receber a ocorrência na manhã desta terça (15), sendo o militar liberado. A lata de spray preta utilizada na ação foi apreendida.

Outros ataques

Procurada pela Tribuna, a UFJF disse que não iria se manifestar em decorrência de o fato ter acontecido em um espaço cedido à Apes. Já o presidente da associação, professor Augusto Santiago Cerqueira, informou que o setor jurídico da entidade está tomando todas as providências legais cabíveis, “para que esse ato tenha consequência para as pessoas envolvidas e para que o patrimônio seja ressarcido”. Segundo ele, esta não foi a primeira vez em que o banner, instalado em meados de 2020, foi danificado. O mesmo inclusive já foi até rasgado. Diferentes versões anteriores, afixadas na mesma estrutura, também já foram alvo de ataques, como quando a Apes se posicionou contra a Reforma da Previdência.

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Sede de entidade privada sem fins lucrativos

De acordo com o presidente da Apes, uma das ações anteriores chegou a ser filmada pelas câmeras da associação, mas não foi possível identificar a pessoa pela imagem. “É importante esclarecer que ali é um espaço do campus cedido à Apes, o sindicato que representa os professores da UFJF e do IF Sudeste. O banner foi feito com recursos privados, pois somos uma entidade privada sem fins lucrativos. (A estrutura) está ali para demarcar a nossa sede, é o espaço pelo qual a gente se comunica e se manifesta politicamente. Portanto, não foi um dano ao patrimônio público, mas um dano material à entidade, que tem direito à livre manifestação e repudia atos de vandalismo, que demonstram intolerância e desejo de opressão à livre manifestação.”

Direito à livre manifestação

Para Augusto, mais do que o ressarcimento dos recursos, a importância de a Apes levar a questão adiante é defender o direito à livre manifestação da categoria e o posicionamento político da entidade. “Incorporar a luta pelo ‘Fora Bolsonaro’ foi decidido em assembleia em março de 2020, inclusive chegamos a mencionar (em banner) o número de mortes na pandemia. Qualquer manifestação a esse governo tem sido alvo de ataques.” Segundo ele, além dos banners terem sido rasgados e pichados, foram divulgados vídeos nas mídias sociais com uma série de mentiras. “Esse tipo de ação só reforça a necessidade de se manter a manifestação, para não se dobrar a qualquer tipo de intimidação e de opressão.”

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