O Programa Nacional de Imunização (PNI) aumentou a faixa etária para a vacinação contra HPV em meninos. Agora, tanto meninos quanto meninas devem começar a tomar a vacina a partir dos 9 anos de idade. Anteriormente, o PNI estabelecia a proteção para meninos de 11 a 14 anos, enquanto para as meninas já era determinado que a vacinação ocorreria de 9 a 14 anos.
A vacinação ocorre nesta faixa etária porque é mais favorável se feita antes do início da vida sexual. O imunizante, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), protege contra o Papilomavírus Humano (HPV) e é considerado uma estratégia de prevenção e redução de doenças ocasionadas pelo vírus, como cânceres do colo do útero, vulva, vagina, região anal, pênis, boca e garganta, além de verrugas genitais.
A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que as vacinas são distribuídas pela SES à medida em que os municípios realizam a solicitação do quantitativo via sistema. De acordo com os registros disponíveis no SI PNI do Ministério da Saúde, foram administradas em 2022, para meninas e meninos, em Juiz de Fora, 2.246 primeiras doses e 1.613 doses de reforços. Os dados foram extraídos na última sexta-feira (13) e estão sujeitos a alterações.
Na cidade, a vacina contra o HPV é parte da rotina vacinal. A imunização pode ser feita nas UBSs e no Departamento de Saúde da Mulher, Gestante, Criança e do Adolescente. O esquema da vacina HPV compreende duas doses, com intervalo de seis meses. A criança pode receber a segunda dose mesmo após completar 15 anos, mas é essencial que tenha tomado a primeira até 14 anos, 11 meses e 29 dias.
Além de crianças de 9 a 14 anos, também devem ser vacinados os grupos com condições clínicas especiais: pessoas de 9 a 45 anos de idade vivendo com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea, e pacientes oncológicos. Nestes casos, devem ser administradas três doses da vacina, com intervalo de dois meses entre a primeira e segunda dose, e seis meses entre a primeira e terceira dose. Para a vacinação desses grupos, é necessário haver prescrição médica.
Cobertura vacinal abaixo do esperado em MG
A cobertura vacinal em Minas Gerais ainda está abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde. Por ser considerado tabu, é necessário que ocorram campanhas incentivando a vacinação contra HPV, que, quando feita na idade certa, protege a vida toda. O secretário de Estado de Saúde, Fabio Baccheretti, em comunicado distribuído à imprensa, explica que “temos vacinas sobrando nos postos porque menos da metade dos adolescentes tomaram duas doses. Vamos garantir mais uma proteção para a saúde das nossas crianças e adolescentes”, alerta o médico.
É necessário, também, que os pais chequem o esquema vacinal de seus filhos junto à equipe responsável pela imunização. A presidente da Regional Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm-MG), Jandira Campos Lemos, esclarece ainda que é preciso superar os tabus existentes por se tratar de uma imunização que protege contra uma possível Infecção Sexualmente Transmissível (IST). “A vacina induz à proteção, não induz à atividade sexual. É importante que se vacinem antes de iniciar a fase de atividade sexual justamente para diminuir a circulação dessas doenças, assim como se vacinar contra a gripe antes do inverno. E os pais devem também somar à imunização orientações das demais medidas de prevenção de transmissão de ISTs”, conclui Jandira.
HPV
É estimado que o Brasil tenha de 9 a 10 milhões de infectados pelo Papiloma Vírus Humano e que, a cada ano, 700 mil casos novos da infecção surjam. Trata-se de um vírus que atinge a pele e as mucosas, podendo causar verrugas ou lesões precursoras de câncer, como o câncer de colo de útero, garganta ou ânus.
Atualmente, existem mais de 200 tipos de HPV – alguns deles podendo causar câncer, principalmente no colo do útero e no ânus. A doença é conhecida como condiloma acuminado ou, popularmente, como verruga genital, crista de galo, figueira ou cavalo de crista.
A infecção pelo HPV normalmente causa verrugas de tamanhos variáveis. No homem, é mais comum na cabeça do pênis (glande) e na região do ânus. Na mulher, os sintomas mais comuns surgem na vagina, vulva, região do ânus e colo do útero. As lesões também podem aparecer na boca e na garganta. Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas.
A principal forma de transmissão desse vírus é pela via sexual. Para ocorrer o contágio, a pessoa infectada não precisa apresentar sintomas. Mas, quando a verruga é visível, o risco de transmissão é muito maior. O uso da camisinha durante a relação sexual geralmente impede a transmissão do vírus, que também pode ser transmitido para o bebê durante o parto.
CRÉDITO: Cristiano Machado/Imprensa MG
LEGENDA: VACINAÇÃO CONTRA o HPV deve acontecer antes da iniciação sexual de meninos e meninas