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PRF registra aumento de mais de 60% nas apreensões de drogas em JF

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Mais de cinco toneladas de drogas foram apreendidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) neste ano, nos trechos das rodovias BR-040 e 267 sob jurisdição da Delegacia de Juiz de Fora. Os 5.060kg contabilizados de janeiro a agosto ultrapassam em 61,3% o peso total das apreensões de entorpecentes realizadas nos primeiros oito meses de 2020, que somaram 3.136,5kg. Os flagrantes nas estradas que cortam a cidade reforçam a posição geográfica do município como rota e possível entreposto para distribuição desses ilícitos para outras localidades e até estados.

Além de 4.630kg de maconha, 225kg de Skank, 190kg de cocaína e 15kg de crack, em 2021 foram recolhidos na malha rodoviária da região 10 mil comprimidos de ecstasy. Já no ano passado, nenhuma unidade da droga sintética chegou a ser flagrada pela instituição no mesmo período. O volume de ocorrências que resultaram em autuações por tráfico subiu 83,3%, saltando de seis para 11 casos, enquanto as prisões aumentaram 216,6%, passando de seis para 19 pessoas detida.

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Em agosto, os policiais encontraram mais de 160 tabletes de maconha em caminhão de mudança abordado na BR-040 (Foto: PRF/Divulgação)

A relevância de Juiz de Fora para o percurso do tráfico também pode ser observada em relação às estatísticas da Zona da Mata, que totalizou 6.433kg de substâncias ilícitas apreendidas pela PRF até agosto deste ano. Isso significa que 78,6% da droga pesável abarcada pelo órgão em todo Território Mata foram descobertos em veículos interceptados pelos policiais nos segmentos das rodovias ligados à cidade. (ver quadro) Em toda a região, o peso total das apreensões praticamente dobrou, já que em 2020 haviam sido retirados de circulação das estradas 3.273,5kg de entorpecentes.

Para a PRF, chama a atenção os meios mais diversos utilizados pelos transportadores para camuflar as drogas. No dia 13 do mês passado, por exemplo, foram encontrados cerca de 150kg de maconha, divididos em 163 tabletes espalhados em meio à carga de mudança de um caminhão-baú. Para despistar o cheiro e não levantar suspeitas, as substâncias ainda estavam envoltas em plástico bolha e misturadas a pó de café. O veículo, com placa de São Paulo, foi interceptado na BR-040, em parceria com a Polícia Civil, e teria como destino o Espírito Santo. O motorista, 28, e outro homem, da mesma idade, que escoltava a carga, receberiam R$ 25 mil pelo transporte.

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Parcerias

Ações conjuntas entre as polícias, como essa citada, teriam ajudado a alavancar as apreensões de entorpecentes nas rodovias que passam por Juiz de Fora, segundo o chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Juiz de Fora, Leonardo Facio. Ele não visualiza alguma possível relação entre o crescimento dos flagrantes de tráfico e a chegada do coronavírus. “As apreensões têm aumentado desde antes da pandemia, tenho observado desde 2017, 2018, por causa da intensificação dos trabalhos da PRF, da capacitação dos servidores, da aquisição de equipamentos e da parceria com outras forças de segurança.”

Em maio deste ano, uma grande apreensão de drogas, avaliadas em mais de R$ 10 milhões, foi realizada em um apartamento no Bairro Bom Pastor, na Zona Sul da cidade (Foto: Fernando Priamo)

O resultado desse conjunto aparece com frequência. Em 14 de agosto, um dia depois do flagrante no caminhão de mudanças, a PRF encontrou mais 181 tabletes de maconha durante fiscalização de rotina no km 119 da BR-267, em Igrejinha. A droga estava no porta-malas de um veículo, com placas de São Paulo, que seguia junto com outro, de Caratinga (MG). Os motoristas, de 33 e 24 anos, viajavam com destino ao município mineiro de Fervedouro, às margens da BR-116. O homem de SP receberia R$ 2.500 pelo transporte, guiado pelo comparsa.

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No dia 2 de junho, a PRF apreendeu 380 tabletes de maconha que eram transportados em um carro, de Apucarana (PR), que trafegava pela BR-267, na altura do km 140, entre Juiz de Fora e Lima Duarte. Os 226kg, avaliados em R$ 200 mil, estavam em pacotes no porta-malas e no banco traseiro. Um cabeleireiro, 21, e um trabalhador do setor de eventos, 31, que entregariam a droga na rodoviária de Juiz de Fora, acabaram presos. Mais quatro pessoas que estariam fazendo escolta em um segundo veículo também foram detidas. A ocorrência foi encaminhada à Polícia Federal.

Questionado se é possível identificar as principais rotas de tráfico que têm Juiz de Fora como destino e se a cidade pode ser considerada entreposto para distribuição, por causa de sua posição geográfica, Facio pondera ser difícil avaliar. “Na verdade, acreditamos que possa ser um entreposto, mas também não temos como garantir. Pode ser que a droga apreendida fosse ser consumida em Juiz de Fora, como pode ser que não. Acredita-se que, pelo volume grande de apreensão, não seja. Também tivemos apreensões grandes em Leopoldina (BR-116), então acreditamos que um volume importante dessas drogas possa estar indo tanto para o Rio de Janeiro, quanto para o Nordeste, como para o litoral do Espírito Santo ou até para outras cidades do interior de Minas. Não que tenhamos identificado essas como rotas do tráfico, mas são rotas que costumeiramente são usadas para negócios lícitos em Juiz de Fora e também podem estar sendo usadas para ilícitos.”

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O chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização destaca, ainda, que a PRF não atua com operações específicas para o combate ao tráfico. “Desenvolvemos um trabalho contínuo de combate à criminalidade, através da fiscalização, tanto no trecho da BR-040, quanto da BR-267.” Segundo ele, esse trabalho é realizado pelas equipes das escalas de serviço e, principalmente, pelos grupos táticos da PRF, desencadeando várias operações, que inclusive resultam na apreensão de drogas. “Eventualmente, a polícia rodoviária até desenvolve algumas operações nacionais ou regionais, em que Juiz de Fora recebe reforço de efetivo, mas também não são necessariamente para combater o tráfico de drogas, mas os crimes em geral. O foco não é só o narcotráfico, mas também o enfrentamento às fraudes veiculares, para identificar veículos clonados, roubados; o combate aos crimes fiscais, que compreendem aquelas mercadorias sem nota fiscal, principalmente combustível, cerveja, gás de cozinha.” Facio ainda cita as ações contra crimes ambientais, algumas delas resultando no recolhimento de pássaros e outras em eventuais apreensões de madeira.

Sítios usados para armazenamento, antes da distribuição

O titular da Delegacia Especializada de Combate ao Narcotráfico, Rafael Gomes, observa que a localização geográfica de Juiz de Fora, aliada ao fato de ser cortada por uma extensa malha rodoviária, acaba, de certa forma, favorecendo uma rota de passagem para os crimes ligados a entorpecentes. “A cidade é muito interessante para os traficantes, porque é próxima ao Rio de Janeiro e a Belo Horizonte. Temos várias entradas e vias por estradas de chão que não têm monitoramento.” Dessa forma, segundo ele, os carregamentos acabam indo parar diretamente em propriedades rurais ou em outros locais usados para o armazenamento, antes da distribuição.

A situação foi revelada, por exemplo, no dia 10 de agosto, quando a Polícia Civil apreendeu quase 300kg de maconha em um sítio no distrito de Torreões. Na véspera, a Delegacia Especializada de Repressão a Roubos havia recebido informações de que um grande volume de drogas teria chegado naquela localidade e passou a monitorar a vizinhança para tentar identificar o imóvel exato. Um suspeito de 33 anos foi preso em flagrante quando chegava ao local. Os entorpecentes estavam em um quarto.

Já o proprietário do material, 35, que seria morador do Bairro Santa Paula, Zona Leste, foi capturado no dia 27 de agosto, durante ação conjunta desencadeada pelas polícias Civil e Rodoviária Federal em Duque de Caxias (RJ). Investigado por fornecer drogas a várias regiões de Juiz de Fora, o suspeito foi flagrado com um carro clonado, onde estavam várias malas, indicando possível tentativa de fuga para outro estado, em decorrência das investigações relacionadas aos 300kg de maconha. Na casa dele, a polícia já havia apreendido uma arma de fogo de origem tcheca, munições, dois carregadores e caderno com anotações relacionadas ao tráfico.

O delegado da especializada ressalta que outras apreensões de grandes quantidades de drogas na Zona Rural também já foram feitas e que, em muitas situações, os entorpecentes são enterrados dentro de tambores plásticos, as chamadas “bombonas”, para dificultar o trabalho policial. “Hoje em dia, adotaram por praxe não deixar grande quantidade de drogas no mesmo lugar. O dinheiro também nunca fica junto, assim como a arma. Se o traficante possui uma tonelada, espalha por vários pontos para, se perder, não tomar prejuízo muito grande. Normalmente, enterram em tonéis e vão distribuindo aos poucos.”

R$ 10 milhões em drogas dentro de apartamento no Bom Pastor

Ainda que o modus operandi tenha mudado, na avaliação do delegado Rafael Gomes, flagrantes de grandes quantidades de entorpecentes continuam surpreendendo na cidade. Um dos casos de maior repercussão este ano foi a apreensão de drogas, avaliadas em mais de R$ 10 milhões, em um apartamento no Bairro Bom Pastor, Zona Sul. A ação conjunta foi desencadeada pelas polícias Civil e Rodoviária Federal (PRF) no dia 13 de maio e resultou no recolhimento de mais de 3 mil quilos de maconha, 140kg de cocaína, 100kg de skank, 10kg de pasta base de cocaína, cerca de 10 mil comprimidos de ecstasy, duas armas calibre 12, duas pistolas, um revólver e farta munição. As investigações apontaram que a maior parte da droga seria distribuída em Juiz de Fora, mas as remessas poderiam ser destinadas também a municípios da região ou de outros estados.

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