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Escola oferece conhecimento aos alunos para o dia a dia

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Português, matemática, história, geografia, física, química, biologia… Certamente você cursou todas essas disciplinas durante sua vida escolar. Agora imagina se, ao longo de sua formação, tivesse tido a oportunidade de estudar assuntos mais aplicáveis e presentes em seu cotidiano? Há dois anos, estudantes do ensino médio do Colégio de Aplicação João XXIII têm acesso a este tipo de conteúdo por meio de uma iniciativa inédita: as ágoras, matérias extracurriculares de curta duração que oferecem conhecimentos, digamos, para a vida, além de convidar os alunos a terem experiências que transcendem as salas de aula. Mas não só os adolescentes ganham com isso. As ágoras também valem para os professores, que passam a exercitar sua criatividade e podem repassar suas experiências adquiridas fora da escola.

Ser um grande admirador da natureza e seus benefícios para a saúde mental e física, por exemplo, motivou o psicólogo do colégio, José Francisco Fernandes Júnior, a criar a ágora “Contados com a natureza”. Neste ano, ele ministra a disciplina ao lado da professora de português Raquel Pinheiro, praticante de corrida de montanha. “A ágora me permite passar aos alunos um pouco da vivência das caminhadas, da atividade física e o quanto a gente se sente melhor ao ficar próximo da natureza. É uma forma deles aliviarem um pouco a tensão, já que o ensino médio é uma fase marcada por várias conquistas, decisões e seleções em vestibulares”, explica Raquel. O relaxamento por meio da contemplação é obtido a partir do deslocamento da turma até áreas verdes da cidade, segundo Júnior. Para ele, estas visitas ainda despertam neles uma reflexão sobre a ação humana no meio ambiente.

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A ágora trouxe tantos benefícios para a estudante Mayara César, 16 anos, que ela matriculou-se duas vezes. “Fiz a ágora no ano passado e gostei muito. Quando vi que seria oferecida de novo, quis fazer novamente. Sou uma pessoa sedentária e muito medrosa em relação à mata. Com as caminhadas, fiquei mais tranquila e perdi o medo”, conta. Também estudante Iara Alves, 15, passou a praticar caminhadas com mais frequência depois que participou da ágora. “Sempre fiz corridas e caminhadas junto à natureza. Esta disciplina me aproximou ainda mais dessa prática e virou uma rotina”.

Desde 2015

Os relatos anteriores só confirmam os objetivos das ágoras, segundo a coordenadora do ensino médio do Colégio João XXIII, Nati Borba. Quando o projeto foi implantado, em 2015, a proposta era trabalhar assuntos que fugiam do currículo regular da escola. “Por sermos um colégio de aplicação, uma de nossas funções é experimentar práticas pedagógicas inovadoras e diferenciadas. No começo oferecemos poucas opções, mas no final de 2015 realizamos uma avaliação com os alunos para que eles pudessem opinar sobre os conteúdos. A partir daí, os professores criaram suas ágoras e, para promovê-las, realizamos uma mostra, como se fosse uma feira, para divulgá-las aos alunos. Algumas ágoras são interdisciplinares e envolvem muitos departamentos”, explica Nati.

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O ano letivo na instituição é dividido em três trimestres, e os alunos precisam cursar, no mínimo, três ágoras, uma a cada trimestre. “Mas eles acabam fazendo bem mais do que isso, até porque, a mesma ágora é oferecida três vezes ao longo do ano. As turmas são mistas, permitindo a integração entre alunos dos três anos do ensino médio”, explica Nati, acrescentando que cada ágora possui 20 vagas, facilitando a dinâmica pedagógica e o aprendizado. As disciplinas têm duração de dez horas/aulas. Na prática, as aulas acontecem em uma semana durante o turno da tarde, das 14h15 às 15h45, conforme a programação do colégio.

“Contatos com A NATUREZA” é uma ágora que dá aos alunos vivência de caminhada, atividade física e contato com a natureza, além de ajudar os jovens a aliviarem a tensão

Nova língua, robôs e eletricidade

Vinte ágoras fazem parte do projeto em 2017. Algumas já são conhecidas pelos alunos, como a “Contatos com a natureza”, mas muitas são inéditas, como a “Esperanto, a língua internacional”. “Foi uma demanda dos próprios jovens, que queriam aprender uma língua diferente daquelas que já têm acesso na escola, como o inglês, francês e o espanhol. A escolha pelo esperanto foi por ser um idioma fácil e rápido de se aprender, além de ser uma língua internacional e implantado em mais de 120 países”, destaca o professor de português e literatura, Paulo Henrique Goliath, que ministra a ágora.

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Também atendendo a pedidos, os professores do Departamento de Matemática Felipe de Carvalho e Leonardo da Silva criaram a ágora “Introdução à robótica educacional”, utilizando o arduíno, um software voltado para a área de educação. “Queremos aproximar os alunos dessa realidade tecnológica, como a internet e a automação, aproveitado as possibilidades do arduíno”, explica Leonardo. “Muitas escolas já participam da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), e uma das modalidades são os robôs feitos com o arduíno. A partir desse trabalho, vamos criar, futuramente, uma equipe de alunos para participar dessa competição”, afirma Felipe.

Para quem gosta de eletricidade, os professores de física Paschoal Tonelli e Luiz Carlos Tonelli criaram as ágoras “Grau de proteção dos equipamentos elétricos” e “Segurança em eletricidade”, que visam a prevenção contra choques e acidentes elétricos de forma geral, incluindo os relacionados a eletrodomésticos. “O objetivo é promover o conhecimento para a vida, que é muito mais importante do que a formação intrínseca do conhecimento específico. Isso traz um traz um olhar diferente para o aluno”, aponta Paschoal. “Elas ajudam a despertar a vocação para a área da eletricidade, que apesar de ser muito abrangente, é possível praticá-la em seu dia a dia”, observa Luiz Carlos.

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