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Nova audiência sobre tiroteio entre policiais é marcada para 2 de agosto

Houve tumulto entre policiais de JF e SP minutos depois da constatação da morte de Chicão. Paulistas foram levados para a delegacia (Foto: Fernando Priamo)

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Uma nova audiência sobre o tiroteio fatal envolvendo policiais civis mineiros e paulistas no estacionamento do Centro Médico Monte Sinai, na Zona Sul de Juiz de Fora, foi marcada para o dia 2 de agosto. Na quinta-feira (11) aconteceu a primeira fase da audiência de instrução do caso na 4ª Vara Criminal, quase nove meses após o episódio, ocorrido no dia 19 de outubro do ano passado. A sessão, presidida pelo juiz Cristiano Álvares Valladares do Lago, foi iniciada às 14h e terminou por volta das 23h.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), durante as nove horas, várias testemunhas foram ouvidas e quatro réus acompanharam os depoimentos, mas, como o processo corre em segredo de justiça, outros detalhes não foram divulgados. “Há outras testemunhas que não comparecerem na data de ontem, e que a defesa entende serem fundamentais, por isso foi designada nova audiência, para o dia 2 de agosto de 2019, quando será feita a tentativa de se ouvir essas testemunhas e de colher o interrogatório dos réus, para que a fase de instrução seja concluída”, informou o TJMG.

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Na prisão

De acordo com informações da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), o escrivão Rafael Ramos dos Santos, 30, e os investigadores Leonardo Soares Siqueira, 43, e Marcelo Matolla de Resende, 46, lotados na 1ª Delegacia Regional de Juiz de Fora, permanecem presos na Casa de Custódia da Polícia Civil. Eles foram detidos no dia 12 de novembro. Já Antônio Vilela, suposto estelionatário ferido com um tiro no pé e preso em flagrante no dia do crime, está no Ceresp. Outros três envolvidos no tiroteio – advogado, motorista e comparsa de Vilela – tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça no dia 11 de dezembro, mas não estão em nenhuma das unidades prisionais mineiras.

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O processo envolve as mortes do policial juiz-forano Rodrigo Francisco, 39 anos, o Chicão, assassinado com cerca de 20 tiros no local, e do proprietário de empresa de segurança particular paulista Jerônimo da Silva Leal Júnior, 42, que foi baleado várias vezes no abdômen e faleceu posteriormente no hospital. Todos os sete acusados citados foram denunciados pelo Ministério Público por latrocínio (roubo seguido de morte), organização criminosa, além de tentativas de estelionato e de lavagem de dinheiro. O escrivão e os dois investigadores de Juiz de Fora ainda respondem por fraude processual. Apenas para o crime de latrocínio a pena é de 20 a 30 anos de prisão.

Repercussão nacional

A troca de tiros entre policiais civis de dois estados ganhou repercussão nacional por também envolver malas apreendidas com cerca de R$ 14 milhões, a maioria delas em notas falsas. Dois delegados e dois investigadores paulistas foram presos em flagrante e chegaram a ser afastados de suas funções, mas recorreram à Justiça, conseguiram alvará de soltura e retornaram ao trabalho. Os quatro deixaram o Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na região Metropolitana de BH, em 16 de dezembro, quase dois meses depois de serem detidos.

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Outros cinco policiais paulistas envolvidos no caso foram liberados do flagrante porque não estariam realizando a escolta de empresários paulistas no momento da negociação no estacionamento, que resultou em tiros e mortes após a descoberta do suposto golpe milionário. Os policiais de São Paulo não foram denunciados pelo MP em relação aos homicídios, mas todos foram indiciados por tentativa de lavagem de dinheiro.

Conforme a denúncia do Ministério Público, o grupo de Juiz de Fora teria tentado induzir ao erro os empresários paulistas, “mediante artifício ardil”, com 147.633 notas falsas, “devidamente embaladas em pacotes plásticos e misturadas com notas originais, simulando o montante de R$ 14.673.300”. Para o MP, os três policiais civis mineiros denunciados, o policial morto Rodrigo Francisco, Antônio Vilela, Jorge Ponciano, Sérgio Guerra e Nivaldo Cunha “se associaram, com o emprego de armas de fogo de maneira estruturalmente ordenada e mediante divisão de tarefas, informalmente, com o objetivo de obterem diretamente vantagem indevida de natureza pecuniária, mediante a prática de crimes contra o patrimônio com a utilização de grave ameaça e violência, estelionato e lavagem de capitais”.

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Apesar de a investigação ter apontado que a intenção seria a troca de dólares por reais, o empresário paulista Flávio de Souza Guimarães negou a versão de ter trazido R$ 1 milhão na moeda estrangeira e alegou estar “negociando empréstimos para sua empresa”. Ele admitiu ter contratado o serviço de escolta da empresa de segurança de Jerônimo durante a viagem a Juiz de Fora. A defesa dele, do advogado Mário Garcia Júnior e do empresário Roberto Uyvari Júnior acrescentou que seria realizado um empréstimo “de maneira formal e dentro da lei”, mas que seus clientes foram vítimas de golpe. Os três foram indiciados por tentativa de lavagem de dinheiro.

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