Será que mensagens criadas através da linguagem virtual atual – como por exemplo os emoticons do WhatsApp – poderão ser compreendidas em 2024? Parte dessa dúvida será esclarecida pelos alunos de sexto ano do Ensino Fundamental II do Colégio de Aplicação João XXIII, que enterraram, nesta terça-feira (12), em um espaço na escola, cápsulas de mensagens de fatos que estão acontecendo neste ano de 2018, e que só serão desenterradas neste futuro já agendado.
A atividade foi promovida por causa de uma situação real de sala de aula, na disciplina de História, quando alguns alunos do sexto ano demonstraram estranheza em relação às pinturas rupestres. Para eles, aquelas imagens não tinham nenhum significado. Foi então que a professora Fabiana Rodrigues os provocou a refletirem sobre as diferentes marcas e linguagens da passagem do tempo.
“O homem, independente do tempo, produz marcas, seja no passado ou no presente, marcas que servem de pistas da experiência humana de qualquer temporalidade. Então foi importante para os meninos perceberem que, assim como os homens lá no Paleolítico, período tão distante no tempo, que produziram marcas nas cavernas, eles também produzem ao se comunicarem usando emoticons”
Fabiana Rodrigues, professora
De acordo com a diretora de ensino, Margareth Pereira, a ideia é realizar a partir dessa ação outros eventos que provoquem os estudantes. “O objetivo é valorizar cada vez mais ações interdisciplinares que trabalhem com o contexto atual, procurando colocar os alunos como protagonistas para que eles se envolvam com o conteúdo que estiver sendo trabalhado”, afirma.
Helena Perantoni, 11 anos, decidiu escrever sobre respeito à diversidade de gênero. “Eu quis passar a importância de respeitar as pessoas que são LGBTs, porque elas são seres humanos iguais a nós, também têm o direito de ser respeitados. Eles demonstram o amor que eles têm um pelos outros, e eu acho isso lindo”, disse.
Já João Victor Pacheco, 12, escreveu em forma de emoticons sobre uma possível união das Coreias do Sul e do Norte. “Eu quis falar sobre esse tema para lembrar sobre a paz”, comenta o garoto. Valentina de Baptista, 10, usou os emoticons para falar sobre o prédio de 24 andares que desabou após ser incendiado em São Paulo. “Achei muito legal essa atividade, porque a gente pôde fazer uma coisa que as pessoas faziam antigamente, mas da nossa maneira”, conta.
PVC, sílica, naftalina
O projeto interdisciplinar conta com o apoio das professoras de ciências Márcia Pinheiro Hara e Thamiris Dornelas de Araújo, que discutiram com os alunos o tempo de decomposição de determinados materiais na natureza para que pudessem decidir que a cápsula seria feita de um tubo de PVC lacrado, com sílica e naftalina, materiais que resistem a decomposição por pelo menos sete anos.