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Polícia acredita em informação privilegiada no roubo à Brinks

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Fotos dos armamentos apreendidos foi divulgado pela Polícia Civil (Foto: Polícia Civil/Divulgação)

A Polícia Civil de Juiz de Fora trabalha com a hipótese de informações privilegiadas terem viabilizado o roubo na empresa de segurança e transportadora de valores Brinks, assaltada entre os dias 1º e 2 em Juiz de Fora, por cerca de 30 criminosos fortemente armados, que renderam 18 pessoas, com idades entre 15 e 51 anos, e promoveram o sequestro de 11 delas. Um carro usado pela quadrilha durante o assalto foi encontrado incendiado no último dia 8 na região de Monte Verde, próximo ao sítio usado como cativeiro, na Zona Rural. A situação envolvendo o Ford New Fiesta roubado, com placa de Belo Horizonte, também reforça o suposto envolvimento de pessoas da cidade no assalto, considerado um dos maiores da história do município, devido ao número de envolvidos e ao montante estimado de R$ 6 milhões, quantia que teria sida levado pelos bandidos. A polícia também acredita que o crime esteja ligado a uma poderosa facção criminosa, já que um considerável arsenal foi utilizado, sendo parte dos armamentos apreendidos, incluindo um fuzil, submetralhadoras e pistolas 9mm.

“Da forma como foi feita a ação, sem nenhuma troca de tiros, sem erro aparente, quer dizer que houve informação privilegiada. Estamos seguindo essa linha de investigação. Sabemos que a maioria dos presos e suspeitos não é de Juiz de Fora. Mas eles não viriam à cidade para praticar esse tipo de crime sem saber de toda a movimentação da empresa, sem ter acesso a determinadas informações muito privilegiadas. O que corrobora também essa linha de investigação é que na quinta-feira um dos veículos utilizados ativamente no crime foi descartado, incendiado na Zona Rural. Isso quer dizer que pessoas daqui estão tentando eliminar provas”, concluiu uma das delegadas designadas para a força-tarefa de apuração do assalto, Sheila Oliveira.

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Um dos presos em Contagem seria o “cabeça” da quadrilha

Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (12), a Polícia Civil forneceu detalhes da investigação, que já resultou na captura de três suspeitos do assalto à Brinks. Dois deles foram presos na última sexta (9) em Contagem (MG). Um deles, 35 anos, natural e morador de Ponte Nova (MG), é apontado como o “cabeça” do bando que praticou o assalto em Juiz de Fora. Já o outro, 28, é natural de Diadema (SP) e morador de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele seria o sequestrador que teria tomado conta do cativeiro em Contagem, onde foi mantido refém um adolescente, filho do gerente da Brinks de Juiz de Fora. “Essas duas pessoas presas alugaram o sítio para onde foi levado o filho do gerente. Um deles ficou tomando conta do menino, na posse de uma arma de fogo, enquanto o outro, provavelmente, articulou toda a situação. Ele estava na posse de uma quantia muito grande em dinheiro estrangeiro e havia muitas armas de grosso calibre, que possivelmente foram usadas no crime”, disse Sheila.

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A dupla foi pega em ação conjunta do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic/SP) com a 5ª Delegacia Especializada em Repressão ao Crime Organizado (Deroc), da Divisão Especializada de Operações Especiais (Deoesp) de Minas. Os suspeitos estavam sendo observados e foram abordados após colocarem várias malas em um Fiat Strada Trek, de Belo Horizonte. Uma das bolsas estava repleta de dinheiro de vários países, mas a quantia total não foi informada. Ainda foram apreendidos materiais da Brinks, como crachá, e um verdadeiro arsenal: um fuzil calibre 5,56mm, duas submetralhadoras ponto 40, duas pistolas calibre 9mm e uma ponto 40, carregadores, 83 munições ponto 40 e outras 83 calibre 9mm. Também foram recolhidos toucas ninja, celulares e objetos usados em arrombamentos, inclusive a caixas eletrônicos, como pé de cabra, maçarico e instrumentos perfurantes e cortantes. Além do Fiat Strada, a polícia apreendeu um Fiat Palio Weekend, de Belo Horizonte, e um Honda Fit de Sabará (MG).

A primeira prisão do caso aconteceu no mesmo dia do crime. Segundo a Polícia Civil, o homem, de idade não informada, é cadeirante e morador de Juiz de Fora, mas é natural de Belo Horizonte. Contra ele já havia mandado de prisão em aberto.

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Troca de informações possibilitou captura

Para a delegada Regional, Patrícia Ribeiro, a troca de informações com as equipes policiais da capital mineira contribuiu para a captura dos dois presos em Contagem,vsuspeitos de envolvimento direto no roubo. “Tomamos conhecimento do fato e instituímos uma força-tarefa com delegados e investigadores. Naquele mesmo dia, dois veículos utilizados no crime foram localizados pela equipe em um galpão na Zona Norte, e um terceiro foi localizado pela PM. Já no final daquela tarde, tínhamos três pessoas identificadas, reconhecidas por meio fotográfico, como participantes da ação aqui em Juiz de Fora. A partir daí trocamos informações com a equipe de Belo Horizonte, do Deoesp, já que o filho do gerente da empresa também foi sequestrado lá. Chegamos à conclusão que essas pessoas já pertenciam a uma quadrilha especializada neste tipo de crime, possibilitando a prisão de duas delas.”

No dia do crime, a Polícia Civil de Belo Horizonte informou que, possivelmente, o roubo foi orquestrado e articulado pela Facção PCC (Primeiro Comando da Capital), por meio de dois integrantes presos na Penitenciária de São Paulo. Os suspeitos já teriam agido com êxito na mesma empresa com sede em São Paulo. Embora a delegada Regional não acredite em uma relação direta entre o assalto ocorrido em Juiz de Fora e os ataques a carros-forte da Brinks em Mato Grosso do Sul e no Rio de Janeiro na semana seguinte, a polícia não descarta que esses casos sejam orquestrados por uma mesma grande facção criminosa, como o PCC. Segundo a delegada regional, as investigações continuam na tentativa de capturar outros membros da quadrilha e elucidar totalmente o crime. “A investigação é muito minuciosa, é um trabalho de inteligência mesmo.”

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A ação criminosa durou cerca de 14 horas, tendo início por volta das 18h30 de quinta-feira (1º) e finalizada por volta das 8h30 de sexta-feira (2), quando as vítimas, incluindo funcionários da empresa e seus familiares, foram libertados. Alguns deles haviam sido rendidos em um prédio no Santa Luzia, Zona Sul, e também em uma casa no Linhares, na região Leste. Após deixar os parentes dos empregados na casa usada como cativeiro em Monte Verde, parte da quadrilha seguiu com os trabalhadores até a sede da Brinks, no Bairro Cerâmica, Zona Norte, de onde teriam sido levados milhões em dinheiro.

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