A ordem para a execução do incêndio criminoso em um ônibus urbano em Juiz de Fora partiu de dois detentos, segundo informou a Polícia Civil nesta quinta-feira (11), após desencadear a Operação Nero, que cumpriu mandados de busca e apreensão ligados à investigação do caso. O crime aconteceu no dia 17 de outubro, quando um homem armado e encapuzado entrou em um coletivo no ponto final da linha São Benedito, determinou que motorista e cobrador desembarcassem e ateou fogo no veículo, que ficou destruído. Apesar do susto, não houve feridos, mas as fachadas de duas residências próximas ao local do incêndio foram atingidas e danificadas pelas chamas. No mesmo dia, populares receberam e entregaram à Polícia Militar cartas com diversas reivindicações provenientes do sistema prisional, com referências a melhorias ligadas à superlotação e pedindo a regularização das visitas.
Durante a ação policial desta quinta, deflagrada nos bairros Vila Alpina e São Benedito, Zona Leste, foram apreendidos documentos, celulares, dinheiro, insumos para preparo de drogas e comprovantes de transações bancárias. “Conseguimos constatar vínculos criminais entre pessoas que estão dentro do sistema prisional de Juiz de Fora com pessoas que se encontram fora, com o objetivo de apurar a autoria mediata e imediata do delito: quem cometeu e quais seriam os mandantes desse crime”, informou a delegada Camila Miller, que esteve à frente da operação.
A policial destacou a importância da manobra, já que as cartas que chegaram às mãos das autoridades continham ameaças de outros atentados semelhantes, caso as reivindicações do sistema prisional não fossem atendidas. “O intuito (da operação) era arrecadar indícios da autoria desse delito e identificar de fato os autores.”
Segundo a delegada, as buscas, portanto, foram realizadas com o objetivo de arrecadar provas para o inquérito policial que apura os fatos. As diligências contaram com a atuação de policiais civis da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e dos setores de inteligência do 4º Departamento da 1ª Delegacia Regional. As investigações seguem em andamento e outras ações serão realizadas. “Tão logo o procedimento seja concluído, vamos informar à população”, garantiu Camila.
Caso em Muriaé
Crime semelhante aconteceu no dia 6 de outubro no município de Muriaé, a cerca de 160 quilômetros de Juiz de Fora. Naquela madrugada, dois ônibus urbanos foram completamente destruídos em um incêndio criminoso praticado na garagem de uma empresa. Os bandidos também deixaram uma carta, que ligaria a motivação do crime a detentos do sistema prisional. A Polícia Civil ainda não informou se há ligação entre os casos.