Cerca de cem veículos se reuniram no Bairro Cruzeiro do Sul, na Zona Sul, em protesto contra a decisão do Município de não permitir o consumo interno em bares da cidade. Agendada para concentrar às 15h, a carreata partiu às 15h50 do local com destino à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e foi acompanhada pela Polícia Militar.
Com cartazes de protesto afixados nos veículos, representantes do setor de bares e restaurantes seguiram para a sede do Executivo com a finalidade de entregar ao prefeito Antônio Almas (PSDB) um manifesto, requerendo que tais estabelecimentos voltassem a funcionar em horário amplo, de forma consciente, respeitando todos os protocolos de prevenção ao coronavírus.
Durante a manifestação, a Guarda Municipal precisou intervir e pediu que os manifestantes desocupassem as duas pistas da Avenida Brasil, local que ficaram concentrados por cerca de meia hora. Como forma de protestar, alguns batiam panelas, enquanto outros buzinavam do interior de seus veículos. Parte dos manifestantes entrou no prédio da PJF, enquanto outros foram estacionar nas imediações e depois retornaram ao movimento.
Até por volta das 17h, com gritos de “Almas, cadê você?”, os empresários e trabalhadores do setor seguiram no aguardo do chefe do Executivo, que não os recebeu. No entanto, segundo a assessoria, Almas estava com o documento em mãos e iria avaliá-lo ponto a ponto durante a reunião da noite desta terça. Já se passavam das 17h30 quando o grupo se dispersou.
Minutos depois, começaria a reunião do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19, onde o assunto voltaria a pauta.
Demissões e queda no faturamento
Proprietário do Espaço Café Central, Hugo Rezende Frade relatou ter perdido 70% do faturamento mensal desde o início da pandemia. Depois de demitir doze dos seus 21 funcionários, ele teme o futuro do espaço. Há alguns meses sem cumprir com os impostos governamentais e precisar recorrer por duas vezes a empréstimos, o empresário trabalha com perdas sucessivas. “São cinco meses de prejuízo. Tirei meu filho da escola, porque tanto eu quanto minha esposa tiramos nossa renda de lá. Estávamos preparados, com todos os protocolos, desde o anúncio da abertura das lojas de vestuário e etc., no entanto, não aconteceu, e seguimos com medo.”
Também obrigado a demitir três funcionários, José Henrique está tentando o delivery, mas, segundo ele, “nem de longe se equipara ao movimento de porta aberta”. Dono da pizzaria Tarentella, ele relata nunca antes ter visto um cenário tão devastador. “A pizzaria existe desde 1987, quando eu ainda era funcionário. Há quinze anos, comprei o empreendimento e hoje funciono no limite, com medo de fechar as portas. Antes, eu tinha perspectiva de contratar mais dois funcionários e vejo essa realidade longe de se concretizar.”
Dono de um dos mais tradicionais bares de Juiz de Fora, o Bar Dias, o empresário Francisco de Paula Alves participa do movimento e acredita que pode ter seu estabelecimento em pleno funcionamento, respeitando todas as regras impostas pelo Poder Público. “Se conseguíssemos funcionar até meia noite seria o ideal. Evitaria aglomeração e daria para sobrevivermos”, declarou. A opinião é compartilhada por Tânia Moreira, representante do Bar do Abílio, localizado no Centro de Juiz de Fora. “O horário principal dos bares é a noite. Coloco afastamento de mesas, álcool em gel, mas logo houve regressão de funcionamento, e estamos esperando um posicionamento da Prefeitura e do comitê”.