A Polícia Civil procura um motoboy de 31 anos suspeito de ter esfaqueado uma idosa, 70, no dia 10 de maio, no Bairro São Pedro, na Cidade Alta. A aposentada chegou a perder parte de pelo menos um dos dedos da mão esquerda ao tentar se defender da agressão gratuita em via pública, após supostamente ter sido confundida com outra pessoa. A Delegacia Especializada de Homicídios investiga o caso e, nesta quinta-feira (11), apresentou outros dois envolvidos em crimes contra a vida, que foram presos este mês. Os assassinatos foram motivados por rixa de bairros e tráfico de drogas.
Sobre a ocorrência de tentativa de homicídio contra a idosa, o delegado Rodrigo Rolli informou que foi expedido mandado de prisão temporária contra o suspeito no início de junho, mas ele ainda não foi encontrado. Imagens de câmeras de segurança de um centro comercial da Rua José Lourenço Kelmer ajudaram na identificação do homem. As gravações revelaram que ele chegou a manobrar a moto e retornar ao avistar a vítima. Em seguida, estacionou, pegou a faca dentro do baú, que teria cerca de 35cm de lâmina, e partiu para cima da pedestre. Ele conseguiu jogar a mulher no chão e atacá-la com várias facadas. O criminoso só parou diante dos gritos de populares e escapou em seu veículo. O motociclista usava capacete e colete reflexivo.
Conforme o inspetor Anderson Salvador (Gibi), houve dificuldade no início das investigações. “Mas tão logo descobrimos as peculiaridades do caso, chegamos ao autor. A família alega que ele teria problemas psiquiátricos e teria confundido a senhora, que estava simplesmente se dirigindo para a casa dela, desferindo as facadas.”
A aposentada voltava de uma aula de violão, por volta das 11h, quando foi surpreendida pelo agressor. Na tentativa de se defender, a idosa colocou as mãos e braços na frente do corpo. Além de sofrer fratura exposta em um dos dedos da mão, a vítima foi socorrida pelo Samu com cortes contusos no antebraço direito e na testa. Ela foi atendida inicialmente no HPS e depois transferida para o Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus, onde foi submetida a cirurgia.
Para o inspetor, o fato de o motoboy ainda não ter sido encontrado não condiz com a situação sobre a saúde dele exposta pelos parentes. “Queremos descobrir como ele consegue se manter tanto tempo foragido sem ajuda de ninguém.”
Homicídios solucionados com testemunhas veladas
Uma semana depois de divulgar a queda dos homicídios em mais de 50%, a Polícia Civil concluiu mais dois casos, com a ajuda de testemunhas veladas. Um deles aconteceu no dia 17 de maio no Bairro Poço Rico, Zona Sudeste, e teria sido motivado por questões relacionadas ao tráfico no São Bernardo, na mesma região. Carlos Roberto Borges Esteves da Silva, 19 anos, foi morto a tiros próximo à linha férrea, entre as ruas da Bahia e Espírito Santo. A PM chegou ao local após receber informações via 190 sobre vários disparos ouvidos no local. Carlos foi encontrado com uma perfuração no rosto e já sem vida, sendo o óbito confirmado pelo Samu.
O inquérito conta com três testemunhas veladas, e dois suspeitos foram identificados. Um deles, 28, foi capturado no último dia 3 pela Polícia Militar, mediante mandado de prisão temporária solicitado à Justiça pela Delegacia Especializada de Homicídios. Já o outro, 23, ainda não foi localizado. A dupla será indiciada por homicídio qualificado por emboscada e motivo torpe. “Eles conseguiram atrair a vítima até o local, criando toda uma história de acerto de contas com outros indivíduos que estariam atrapalhando o tráfico, e a executaram”, explicou o delegado Rodrigo Rolli.
Na barbearia
O segundo assassinato solucionado é o de Rômulo Gomes Silveira Costa, 23. Ele foi baleado no dia 20 de abril no Bairro Ipiranga, Zona Sul, e não resistiu aos ferimentos, falecendo em 9 de maio no HPS. A vítima sofreu tentativa de homicídio durante a noite, quando cortava o cabelo numa barbearia da Rua Marciano Pinto. O barbeiro, 17, contou à PM que o cliente estava dentro de seu estabelecimento quando foi atingido por um disparo. Mesmo com o rapaz já caído no chão, o criminoso ainda se aproximou e atirou outras duas vezes à queima-roupa.
Duas testemunhas veladas ajudaram na elucidação do caso. Os dois suspeitos, de 15 e 20 anos, são irmãos de criação, conforme a polícia, e moradores do Vale Verde, também na Zona Sul. A motivação do crime seria a rivalidade entre grupos de jovens dos dois bairros. O adolescente está acautelado no Centro Socioeducativo Santa Lúcia pelo ato infracional, e o rapaz está no Ceresp. Ele vai responder por homicídio qualificado por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Segundo Rolli, os inquéritos serão enviados à Justiça, solicitando a conversão das prisões temporárias em preventivas. “Nesses dois casos vemos que cada vez mais a sociedade, apesar do medo, vem acreditando no nosso trabalho, vindo à delegacia e prestando depoimentos de forma velada.”