A Polícia Civil descartou a possibilidade de tentativa de assalto na ocorrência que vitimou o humorista Gustavo Mendes, ocorrida na madrugada do dia 5 deste mês, na Avenida Itamar Franco, na altura do Bairro São Mateus, Zona Sul de Juiz de Fora. De acordo com o delegado Daniel Buchmuller, responsável pelo caso, diante da identificação dos suspeitos, foi possível concluir a primeira etapa da investigação, que passou a qualificar o crime apenas como lesão corporal.
“Nossa investigação está dividida em duas fases. A primeira dela é apuração da agressão sofrida pelo Gustavo, que a princípio foi tratada como uma tentativa de assalto. A conclusão que nós chegamos, portanto, é de que na verdade houve somente uma lesão corporal. Nós tivemos acesso a diversas câmeras de segurança, e conseguimos averiguar que, na verdade, o Gustavo teve uma animosidade com o agressor minutos antes de ser ferido. Logo após, o agressor retorna ao local e inicia uma nova discussão. Não satisfeito, o autor pega duas pedras e acerta a cabeça do Gustavo, e nesse momento, ele inicia uma perseguição atrás do agressor”, afirmou o delegado, em entrevista coletiva à imprensa na tarde desta quarta-feira (11).
Ainda de acordo com o delegado Buchmuller, o humorista teria se encontrado com a companheira do agressor, de 26 anos, que também estava no local, mas ela não teria participado da agressão. O suposto autor ainda não foi localizado pela Polícia Civil. A segunda etapa da investigação, portanto, deverá determinar qual foi a motivação da agressão e a conduta do humorista, que poderá responder pelo crime de denunciação caluniosa caso seja comprovado que ele mentiu aos policiais ao dizer que teria sofrido uma tentativa de assalto.
“Só quem agrediu o Gustavo foi um autor. Nesse momento, eles começam a discutir com a companheira e chegam duas testemunhas. Ambas tiveram contato com a companheira e também com agressor, que retornou ao local depois. Isso foi fundamental, porque nós descobrimos quem era o agressor e a sua companheira através de um trabalho investigativo, e desta forma mostramos as fotografias para as duas testemunhas e o Gustavo, com todos sendo reconhecidos. A segunda fase da investigação vai tratar da motivação dessa agressão, porque se restar comprovado que a vítima mentiu dolosamente, alegando que teria sido assaltado, ele poderá responder pelo crime denunciação caluniosa”, assegura o delegado responsável pelo caso.
Humorista reafirma agressão em rede social
Em suas redes sociais, com o rosto machucado pelas pedradas, Gustavo Mendes se manifestou na noite desta quarta. Ele reafirmou sua versão, dizendo que foi, sim, vítima de tentativa de assalto e agressão. “Se houve um anúncio de um assalto, ‘isso é um assalto!’, eu sinceramente não me lembro, foram duas pedradas na cabeça… mas as imagens estão aí e mostram por si só”, afirma no vídeo.
Caso ganhou repercussão nacional
A suposta tentativa de assalto teve repercussão nacional após o comediante publicar um vídeo sobre o ocorrido em suas redes sociais. Ele apareceu com a cabeça enfaixada e com marcas de sangue pela roupa, relatando ter sido atacado por dois homens e uma mulher enquanto esperava por um carro de aplicativo na saída de um bar na Itamar Franco. Mendes foi agredido com uma pedrada ao reagir e precisou levar quatro pontos. Em entrevista à Tribuna na última quinta-feira (5), o humorista confirmou a versão que deu no vídeo publicado nas redes sociais.
“Ao fingir que tinha uma arma, o assaltante abriu a sua bermuda e eu vi que não tinha nada e cometi o ato mais irresponsável que eu poderia cometer: eu reagi ao assalto. Logo em seguida, o comparsa dele me deu uma pedrada”, contou Mendes, que também disse à reportagem que os supostos assaltantes teriam fugido sem levar seu celular e que estava acompanhado no momento em que foi abordado. Entretanto, seu amigo só teria percebido o fato após a pedrada. “Eu fiquei muito horrorizado. Ainda estou fazendo um pouco de comédia com a situação, mas não sei se é porque eu superei ou porque ainda estou vivendo um luto e a ficha não caiu”, comentou o artista.
Na época, ele ainda teria realizado uma recomendação à população: “É por isso que eu falo para todos: nunca reaja a um assalto. Carteira, dinheiro, carro a gente recupera, menos a vida”, afirmou. Conforme a chefe do 4º Departamento da Polícia Civil em Juiz de Fora, delegada-geral Flávia Mara Camargo Murta, a Polícia Civil continuará com os levantamentos em meio a várias provas, “sejam elas objetivas ou subjetivas, isto é, um conjunto de trabalho investigativo que é feito para chegar até uma conclusão”, finaliza.