A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos, informou que um homem de 37 anos, suspeito de ser o autor dos disparos e da agressão contra um médico, está preso desde o último dia 30. A informação foi repassada pela equipe à Tribuna na noite de quinta-feira (8), após reportagem publicada pelo jornal no mesmo dia mostrar que a vizinhança do Bairro São Mateus, Zona Sul de Juiz de Fora, ficou amedrontada com a demora na solução do caso, que chocou pela ousadia e uso extremo de violência durante a ação criminosa.
O urologista, de 59 anos, teve sua casa invadida e foi baleado, no abdômen e de raspão na cabeça, além de ter sido brutalmente golpeado com coronhadas. A tentativa de latrocínio aconteceu no dia 27 de abril na Rua Padre Vieira. A esposa da vítima, 58, também foi agredida com coronhadas e chutes, sofrendo lesões na cabeça e nas mãos.
De acordo com a Delegacia de Repressão a Roubos, o homem foi capturado no fim de junho pela Polícia Militar, em virtude de cumprimento de mandado de prisão. “O suspeito já é amplamente conhecido no meio policial pela prática de crimes de roubo a residência”, informou a polícia, que ainda não havia divulgado a prisão para não atrapalhar as apurações. “Não divulgamos nenhuma nota à imprensa a respeito de tal caso, pois havia novos dados sobre a investigação que estavam sendo checados pelos investigadores, e a publicidade de tais elementos investigativos poderia prejudicar ações futuras.” O comparsa ainda não foi identificado. “Outras diligências ainda estão em curso por parte dos agentes.”
Na matéria publicada pela Tribuna, a assessoria da Polícia Civil havia informado apenas que um dos suspeitos estava identificado e não forneceu outros detalhes do inquérito, conduzido pelo delegado Rogério Woyame. De acordo com a equipe de Roubos, o homem detido chegou a ser levado para prestar depoimento, mas preferiu dar declarações apenas em juízo. No entanto, teria revelado informalmente que o comparsa teria se assustado com a presença do morador e tentado fugir, ao mesmo tempo em que ele teria tentado disparar três vezes contra o médico, durante suposta reação. “Somente uma munição percutiu, e ele bateu com a arma de fogo contra a cabeça das vítimas, quando percebeu que não poderia mais atirar”, contou a polícia.
Durante a ação, o filho do casal, 19, conseguiu escapar e acionar a Polícia Militar. No entanto, os assaltantes já haviam fugido, após serem intimidados por três tiros disparados por um vizinho, com sua espingarda calibre 12, registrada na Polícia Federal. Após o crime, vários moradores contaram com apoio da Polícia Militar para integrar a Rede de Vizinhos Protegidos, a fim de evitar outros crimes como esse.
Repercussão do caso
A tentativa de latrocínio causou enorme repercussão na cidade em decorrência da brutalidade da ação e teve uma resposta rápida inicial por parte das autoridades, que chegaram à identificação do primeiro suspeito ainda na semana do crime. Na época, a Polícia Civil divulgou que câmeras de monitoramento revelaram que a dupla perambulava atrás de alvos desde a região central, passando por ruas desertas em busca de oportunidades para o cometimento de furtos ou roubos.
“Em diversos momentos, foram vistos espreitando veículos estacionados em via pública e observando prédios. Até que chegaram ao endereço da vítima”, disse na ocasião, por meio da assessoria, a delegada Camila Miller, que estava à frente do caso. O crime, portanto, não teria sido premeditado. Segundo as investigações, os bandidos teriam tentado entrar em duas casas vizinhas, inclusive pulando muros, antes de chegarem à residência do médico, onde teriam encontrado uma porta aberta nos fundos.
As cenas de violência aconteceram no segundo andar, onde fica o quarto do casal. O médico contou à PM que havia acordado, por volta das 3h30, ainda sonolento, e avistado dois homens encapuzados. Ele foi em direção a eles, entrou em luta corporal e acabou baleado. Ao ouvir o tiro, a mulher ainda viu o marido sendo golpeado com coronhadas na cabeça e tentou intervir, mas também foi agredida, enquanto gritava para o filho deixar o local. Os ladrões ainda fizeram um segundo disparo antes da fuga. Eles deixaram para trás uma touca preta e uma máscara do personagem Homem de Ferro quebrada.