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Ruas do Centro e dos bairros de JF seguem movimentados

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No segundo dia de lockdown em Juiz de Fora, terça-feira (onde apenas serviços considerados essenciais podem manter suas atividades), o Centro da cidade amanheceu movimentado. Nos Bairros da Zona Norte, a Tribuna também constatou grande circulação de pessoas nas ruas e, em flagrante desrespeito  às novas regras da faixa roxa do “Juiz de Fora Pela Vida”, estabelecimentos funcionando com as portas entreabertas.

Ruas da região central do município permaneceram movimentadas nesta terça (Foto: Leonardo Costa)

No período da manhã, o maior fluxo de pessoas nas ruas centrais foi observado, principalmente, na Rua Halfeld. Além da circulação de pedestres, muitos aguardavam em filas nos bancos localizados no Calçadão. Em coletiva realizada no último domingo (7), a Prefeitura de Juiz de Fora havia informado que, na cidade, o sistema bancário deveria funcionar em horário estendido e sem filas nas portas das agências.

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Outro ponto observado pela reportagem na região central está relacionado ao consumo interno em supermercados, mercearias e padarias. A Tribuna flagrou consumidores se alimentando no interior de uma padaria. O artigo V do decreto que impõe o lockdown em Juiz de Fora veda este tipo de atendimento, além de impedir a disponibilização de mesas e cadeiras e prever o controle de fluxo de entrada de uma pessoa a cada dez metros quadrados, bem como o distanciamento de dois metros entre as pessoas.

Autorização para novos setores

Na tarde de segunda, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) alterou o decreto do lockdown e autorizou o funcionamento de novos setores, como açougues, peixarias, postos de gasolina, serviços de call center e telecomunicações com restrições, serviços de delivery e de entrega de gás. Desta forma, estes estabelecimentos podem exercer suas atividades, além dos que já estavam permitidos anteriormente, como o serviço público de transporte coletivo urbano, bem como os serviços de transporte individual público de passageiros (táxi) e remunerado privado, além dos serviços de saúde, dos supermercados, mercearias e padarias, sendo vedado o consumo no local, e das farmácias.

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A reportagem verificou que estabelecimentos destes novos setores retomaram o atendimento, como no caso de açougues. Diversas lojas de telefonia celular também estavam abertas no Centro. 

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Movimentação nos pontos de ônibus e ruas do Centro nesta terça (Fotos: Leonardo Costa)

Portas entreabertas

Em ruas como Marechal Deodoro, Batista de Oliveira, Getúlio Vargas e São João Nepomuceno, a Tribuna constatou que lojas de diferentes segmentos – não previstos no decreto e nem em sua alteração – contavam com movimentação de pessoas. Muitas estavam com as portas entreabertas. Em um caso, a reportagem observou um lojista repassar um produto a uma cliente por baixo da porta. Muitos ambulantes irregulares também foram vistos nas ruas centrais.

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Assim como ontem, fiscais de posturas e guardas municipais foram vistos circulando pelas vias. No período da tarde, a Tribuna retornou às ruas da região central e observou que o cenário era o mesmo constatado durante a manhã. Ainda havia muitas lojas fazendo atendimento com portas entreabertas e vendedores ambulantes, mas com menos pessoas circulando.

Movimentação continua intensa na Zona Norte

À tarde desta terça (9), a Tribuna deslocou-se para a Zona Norte. Ao longo da Avenida JK, entre os bairros Francisco Bernardino e Benfica, a reportagem deparou-se com diversos estabelecimentos funcionando com as portas totalmente abertas, como lojas de autopeças, oficinas mecânicas, lava-jatos, marmorarias e estabelecimentos de venda de roupas com portas pela metade. 

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Em Benfica, havia muitas lojas fechadas, mas também muitas funcionando com as portas pela metade, como estabelecimentos de vendas de produtos eletrônicos e manutenção de celular, sorveteria e lanchonete. Algumas apresentavam cartazes, orientando a compra via WhatsApp, mas era possível observar a venda sendo realizada por meio das portas pela metade. 

No Bairro Santa Cruz, por volta das 16h30, o cenário já era um pouco diferente. Havia menos pessoas nas ruas. Na Avenida Doutor Simeão de Faria, a reportagem encontrou a grande maioria dos estabelecimentos fechados. Em funcionamento, estavam padarias, farmácias e lojas agropecuárias. A reportagem também constatou a presença de uma equipe de fiscalização da PJF na via.

A estudante Edmárcia Pereira, de 24 anos, contou que saiu de casa apenas para ir à padaria. “Desde domingo, eu e minha família estamos respeitando as restrições. Hoje, tive que vir à padaria. Não saio de casa sem a máscara, mas vejo que nem todo mundo tem essa consciência e é uma pena”, considerou. 

Vida normal

Na Barreira do Triunfo, moradores relataram para a reportagem que a vida no bairro segue normalmente, como se não houvesse lockdown, com muitas pessoas nas ruas sem uso de máscara e diversos estabelecimentos comerciais realizando atendimento presencial. 

Decreto veta qualquer atendimento ao público presencialmente

Como resposta aos questionamentos da Tribuna, a PJF informou que, sobre as agências bancárias, o Procon está fazendo vistorias todos os dias. “Nesta segunda-feira (8), 12 agências foram vistoriadas e uma recebeu duas autuações: uma por exceder o tempo máximo de atendimento e a outra por não orientar consumidores sobre o distanciamento social na fila de atendimento na parte exterior.” Até o fechamento desta matéria, o balanço das ações, desta terça, ainda não havia sido fechado.

Acerca do funcionamento de estabelecimentos, inclusive de portas pela metade, a PJF destacou que “o decreto veta qualquer atendimento ao público presencialmente. Portanto, é vedado esse atendimento com as portas entreabertas. A “Fiscalização pela Vida” está atuando, orientando e interditando quando é constatado o descumprimento. Sobre o comércio de ambulantes, a fiscalização também segue verificando os locais e fazendo ação de ocupação da via pública no máximo da capacidade, também com o objetivo de que não tenhamos a atuação dos ambulantes, em todas as regiões da cidade”, destacou. 

Usuários de ônibus relatam viagens com passageiros em pé

Parte das mudanças previstas pelas novas medidas durante o lockdown está relacionada ao transporte público. No caso, as empresas de transporte coletivo devem operar com 100% da frota contratada junto ao Município. O decreto do Executivo também veda o transporte de passageiros em pé. Entretanto, a Tribuna continua recebendo relatos de leitores quanto aos coletivos circulando desta forma.

O fato foi observado pelo aposentado José de Oliveira Resende, na manhã desta terça. Ele viajou pela linha 608, Milho Branco, e, apesar da lotação estar menor do que costumava ocorrer, alguns passageiros andaram em pé no ônibus. Além disso, o usuário reclamou da demora no atendimento à região. “(O ônibus) passa de hora em hora no bairro. Você fica a vida toda no ponto”, diz. “Não está ruim como antes, que andava lotado, mas a demora está muito grande e veio gente em pé”.

A usuária Graziane Souza, que partiu do Bairro Nova Era, na Zona Norte, ao Centro de Juiz de Fora, ratificou que pessoas circulavam em pé. Ela também realizou o trajeto de ônibus, nesta segunda, e não sentiu grandes alterações no movimento de ontem para hoje. “Ainda tem gente em pé. E tem muita gente na rua ainda”, aponta. Nos coletivos que viajou, Graziane diz que todos os passageiros estavam respeitando a regra de utilização de máscara.

Por outro lado, Simone Martins da Silva, que também viajou em uma linha do Nova Era, de número 719, avaliou positivamente o serviço de transporte público, informando que o motorista respeitou a regra de não levar passageiros em pé. “Quando o ônibus enche, ele passa direto. Está fazendo o trabalho dele e está ótimo.” Entretanto, a usuária observou que alguns passageiros não utilizavam máscara, sendo que a mesma procurou alertá-los quanto à medida de segurança. “Disse para usarem a máscara para preservar a nossa saúde. Já não está tendo mais leito na cidade, os jovens estão morrendo, então temos que fazer a nossa parte. Se não fizermos, vai morrer muito mais gente”, diz.

Astransp diz que orienta funcionários sobre novas exigências

Em nota, a Associação Profissional das Empresas de Transportes de Passageiros de Juiz de Fora (Astransp) informou que as empresas de ônibus ligadas ao grupo realizaram trabalho de orientação com seus funcionários sobre as novas exigências para embarque, bem como recomendações de segurança. Entretanto, de acordo com a Astransp, “infelizmente, em alguns casos enfrentam até ameaças”. Nesta segunda, a associação havia informado que buscava uma negociação com a PJF para adequação do atendimento de acordo com a demanda de passageiros. Questionada sobre este ponto, a Astransp explicou que as conversas continuam com a administração municipal, “uma vez que precisam ajustar o exigido às possibilidades de adequação tanto quanto à lotação de passageiros, quanto à realidade financeira das mesmas (empresas)”.

A PJF informou que, sobre a quantidade de ônibus em operação, o Consórcio Manchester está operando com a totalidade de sua frota. “A Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU) tomou ciência dos problemas que impossibilitam a operação imediata de 100% dos ônibus do Consórcio Via JF e realizou, em conjunto com as empresas, um ajuste emergencial para as linhas mais demandadas, principalmente durante o horário de maior fluxo, para que nenhum passageiro fique em pé nos ônibus”, esclareceu.

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