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Polícia Civil prende ex-marido suspeito de desaparecimento de mulher

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Rafael Gomes, delegado responsável pelas investigações, deu detalhes sobre “vida luxuosa” que suspeito estaria levando (Foto: Fernando Priamo)

A Polícia Civil prendeu, nesta quinta-feira (8), o homem de 41 anos suspeito de envolvimento no sumiço de sua ex-mulher, Claudia de Paiva Rezende Alves, 47, moradora do Bairro Nova Era, Zona Norte, desaparecida desde 6 de julho. A informação foi divulgada no início da tarde pelo delegado responsável pelo caso, Rafael Gomes. Segundo ele, Jaime Tristão Alves foi capturado em uma casa em Rochedo de Minas, município da Zona da Mata, situado a cerca de 54 quilômetros de Juiz de Fora. Conforme a polícia, ele tentou fugir pelos fundos da residência e teve que ser contido e algemado. Contra Jaime já havia mandado de prisão temporária por dez dias, decretada pela Justiça no dia 22 do mês passado. O delegado informou que vai representar pela prisão preventiva dele. “O objetivo da investigação agora é achar onde está Claudia, viva ou morta”, enfatizou.

Sobre uma possível morte, o delegado afirmou já ter realizado “diligências no intuito de localizar a desaparecida e mapeado alguns locais, mas pelo tamanho da cidade, pelas possibilidades que ele (suspeito) tinha, é bem complicado podermos localizar um corpo. Mas tudo aponta para um crime de feminicídio consumado, com ocultação de cadáver, uma vez que a mulher nunca sumiu de forma voluntária, não tinha qualquer dependência química e nem o costume de deixar os filhos sozinhos. Caso o fizesse, deixava um responsável e ligava de hora em hora.”

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Ao chegar à 1ª Delegacia Regional, por volta das 15h, o suspeito parou para falar com os jornalistas e afirmou não ter cometido qualquer crime contra sua ex-companheira. “Eu não fiz nada, só isso que tenho a dizer. Jamais faria isso. É a mãe dos meus filhos, que eu amo. Estou sendo acusado injustamente e vou provar minha inocência.” Ao ser questionado sobre o motivo da fuga, ele respondeu: “Fugi porque estava com medo. Meu pai e minha mãe falaram para mim que cadeia não foi feita para homem. Não tenho dinheiro para ficar pagando advogado, não tenho condições.” Ele disse desconhecer o paradeiro de Claudia. “Não tenho nem ideia. Ela não ficou comigo, não estava comigo. Estou sendo sincero, pelos meus filhos e por tudo que é mais sagrado.” Por fim, alegou estar arrependido de ter fugido. “Quando me deram a cadeia me perguntaram: ‘É melhor você fora do que lá dentro. O que você quer?’ Tomei a atitude porque não quero ser preso.”

Jaime Tristão Alves chegou algemado à 1ª Delegacia, por volta das 15h desta quinta; aos jornalistas, negou ter cometido qualquer crime contra Claudia (Foto: Fernando Priamo)

Nova imagem, obtida nesta quinta-feira pela Polícia Civil, revela que uma pessoa, com características semelhantes às de Claudia, entrou no carro do suspeito exatamente na Rua Eraldo Guerra Peixe, mesma via para onde tanto a mulher, quanto o ex-marido, haviam convergido no dia do desaparecimento, conforme gravações anteriores. O local fica a uma quadra da casa onde ambos moram. Para o delegado, a filmagem feita pela câmera de um galpão reforça a suspeita de que Jaime tenha praticado feminicídio e ocultação de cadáver. “Tudo leva a crer que é a Claudia quem entra no carro. É mais um indício em desfavor dele. Pedimos a todo momento para que se explicasse, mas se demonstrou totalmente frio e indiferente.” O novo material será periciado, e o suspeito deverá passar por uma série de interrogatórios.

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A polícia afirma já ter fechado o cerco, por meio de câmeras de segurança, de todas as ruas por onde Claudia passou no dia 6 de julho. O trabalho mostra que ela desapareceu na Rua Eraldo Guerra Peixe. O suspeito, no entanto, afirma não tê-la visto em via pública naquela ocasião, apesar das coincidências entre os trajetos dos dois no mesmo horário. Naquele período ainda foi registrada uma ligação do celular dele para o dela. Depois desse telefonema, o aparelho da mulher foi desligado. Ele também alega que ninguém entrou no seu carro na ocasião. Ao ser confrontado com a imagem, entretanto, pediu para que seu advogado fosse chamado. O suspeito passou por exame de corpo delito no IML, durante a tarde, antes de ser conduzido ao Ceresp.

Casa alugada por suspeito há três meses

Segundo o delegado Rafael Gomes, desde a fuga de Jaime, que teria ocorrido no mesmo dia em que sua prisão foi decretada, a equipe manteve as buscas. “Nesta data recebemos informações de que ele estava em Rochedo de Minas. Fomos para lá, realizamos algumas diligências, inclusive com campana em frente à residência apontada. Nos deparamos com ele no sofá, assistindo TV, e ele tentou empreender fuga. Estava levando uma vida de foragido ‘luxuosa’, em uma casa com piscina, cerveja na geladeira e muita carne para churrasco. Fato incompatível com quem está de luto pelo desaparecimento ou até mesmo pela morte da ex-esposa, mãe dos filhos dele.” O imóvel teria sido alugado pelo homem há cerca de três meses.

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Conforme Rafael, o casal tinha um histórico de relacionamento conturbado. Claudia inclusive já chegou a requerer medida protetiva contra o ex-marido, com quem continuava dividindo a casa, sendo o imóvel separado em duas partes após o fim do relacionamento. Claudia também havia registrado boletins de ocorrência contra Jaime por agressão física e ameaça. Em um deles, no dia 3 de dezembro de 2017, a vítima relatou que seu esposo, por motivos de relacionamento, a ameaçou de morte e agressão, sendo contido pelo seus filhos adolescentes, fugindo em seguida. Ela acrescentou já ter sido agredida em outras ocasiões. “A Polícia Civil trabalha com provas e evidências e, quanto mais investigamos, mais as provas vão na direção dele”, ressaltou o delegado.

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Vestígios de sangue

Peritos da Polícia Civil encontraram, com o uso da substância luminol, vestígios de sangue no carro de Jaime e na jaqueta que ele estaria usando no dia do sumiço. O veículo foi apreendido no decorrer das investigações e revelou resquícios do líquido vermelho no encosto de cabeça do banco do motorista e no cinto de segurança do mesmo lado. O material foi encaminhado para Belo Horizonte, para ser confrontado com o DNA de familiares de Claudia.

Outro fato que chamou a atenção da polícia foi o de o próprio suspeito ter procurado a Polícia Militar para registrar o desaparecimento da ex-mulher, caindo em contradição posteriormente em depoimento. Ele alegou que havia bebido e não se lembrava de horários e nem o que havia feito, justamente no período em que Cláudia foi vista pela última vez.

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