A Polícia Civil informou, nesta quarta-feira (8), o desfecho das investigações de mais dois assassinatos ocorridos em Juiz de Fora este ano. Os casos aconteceram na Vila Olavo Costa, Zona Sudeste, e no São Pedro, Cidade Alta. O titular da Delegacia Especializada de Homicídios, Rodrigo Rolli, destacou que as duas ocorrências vitimaram rapazes muito jovens, tiveram como pano de fundo o tráfico de drogas, assim como a rivalidade entre grupos, e foram praticadas com armas de fogo. Para ele, essas características resumem a “tônica da criminalidade violenta em Juiz de Fora”.
As apurações também resultaram na prisão de dois suspeitos. Um deles, de 26 anos, foi capturado pela Polícia Militar na semana passada, mediante mandado de prisão preventiva, solicitado pela delegacia à Justiça. Segundo o delegado, o homem teria conduzido a motocicleta utilizada no assassinato de Thyerry Gonçalves Viana Vital, 15 anos, ocorrido em 10 de fevereiro na Rua Filonilia Carlota de Jesus, na Olavo Costa. Já o atirador, 22, ainda não foi localizado.
“Os dois autores se conheceram no sistema prisional e estavam de saída temporária na data do crime, tanto que não retornaram”, observou Rolli. Para explicar a motivação, ele lembrou que a Vila Olavo Costa é “dividida em três regiões pelo tráfico”. “A vítima morava em uma das áreas, mas andava com pessoas de outro segmento. Essas queriam que ele levasse informações de onde residia, para que pudessem promover um ataque, mas ele não quis fazer isso e foi morto.”
Ainda conforme a polícia, no dia do crime, os dois suspeitos conseguiram cercar o adolescente em via pública e efetuaram vários disparos. O jovem chegou a ser socorrido até o HPS, mas não resistiu às 17 perfurações pelo corpo. “Na investigação ficaram claras a motivação e a autoria”, destacou o delegado, acrescentando que o homem preso se reservou ao direito de permanecer calado durante o depoimento na delegacia.
Já o comparsa, que ainda é procurado, chegou a assumir o homicídio, segundo Rolli, ao prestar declarações antes de ser decretada sua prisão preventiva. “Ele confessou a prática do crime e que estava na garupa da moto, mas se negou a dizer quem pilotava. Não quis entregar o comparsa, mas as oitivas de testemunhas veladas comprovaram (o envolvimento do homem que está preso).”
A outra investigação é referente ao assassinato de Adriano Marques, 34 anos, executado com vários tiros, no dia 22 de abril, na Rua Virgulino João da Silva, no São Pedro. O suspeito, 18, foi preso pela PM, no fim do mês passado, por meio de mandado de prisão temporária expedido pela Justiça, com base em solicitação da Polícia Civil.
“Adriano estava na calçada e foi surpreendido pelo autor, que chegou de bicicleta e efetuou o primeiro disparo. A vítima caiu, e o autor desceu da bicicleta, atirando mais cinco vezes contra o peito e o rosto, demonstrando vontade em executá-la”, disse o delegado. Segundo ele, mesmo sem testemunhas veladas, os depoimentos contidos no inquérito confirmam a autoria. “A motivação seria uma desavença existente entre vítima e autor, acirrada pela questão de tráfico”, concluiu Rolli.
Ainda segundo o titular da Especializada de Homicídios, o inquérito foi enviado ao Poder Judiciário com pedido de transformação da prisão do suspeito em preventiva.