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Affonso Schröder, 86 anos – Em nome do amor

Foto: Arquivo Pessoal

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Foto: Arquivo Pessoal

Affonso Schröder era um homem apaixonado. Há 64 anos, casou-se com Terezinha, com quem teve cinco filhos, seis netos e três bisnetos. Descendente de alemães, herdou da família a oficina de molas de caminhão, onde trabalhou por toda a vida e de onde tirava o sustento de casa. “Ele era muito honesto, trabalhador desde jovem, teve muitos amigos e era muito querido pelos parentes”, lembra a filha Marileia de Fátima Schröder, que há quatro anos viu o pai mudar-se para uma casa de repouso. Affonso estava saudável, era independente, mas perseguia o amor. Terezinha, com quem se casou aos 22 anos, exigia cuidados específicos, já acometida por um estado avançado do Alzheimer. A memória não permitia que ela reconhecesse os filhos, nem o marido. Ainda assim Affonso acompanhou a esposa. “Nós oferecemos, eu e meus irmãos, nossa casa, para que ele ficasse com a gente, mas ele não aceitou. Dizia que amava muito ela”, recorda-se a filha, contando que Affonso tinha autonomia, até que há alguns meses levou um tombo na Rua Halfeld e os filhos orientaram que não mais saísse desacompanhado. “Muito teimoso, ele passou a não querer sair mais”, pontua Marileia, citando, ainda, a perda do irmão mais velho, falecido há um ano e cinco meses, o que abalou bastante o idoso. Sem sair da casa de repouso, Affonso contraiu a Covid-19, e a família o levou a um hospital, onde ele permaneceu por dez dias. A esposa não foi infectada. No último dia 27, aos 86 anos, o coração de Affonso, que batia por Terezinha, parou. “Na última vez que falei com ele, estava feliz e alegre. Lembro que pediu, logo que começou a pandemia, para que eu não fosse mais à casa, para não correr riscos”, relata a filha, trazendo à memória o último abraço do pai. “Ele era muito carinhoso.”

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