“Queremos solução: demolição!” Há seis anos o mesmo grito é ecoado por moradores do Bairro Jardim dos Alfineiros, Zona Norte de Juiz de Fora, que convivem diariamente com os perigos do prédio de seis andares interditado por risco de desabamento na Rua Custódio de Rezende Bastos. Mesmo a Defesa Civil tendo condenado a edificação em 31 de janeiro de 2016, após as primeiras trincas e rachaduras aparecerem, a estrutura permanece no local, cada vez mais deteriorada, impactando a rotina de quem reside perto. Já os moradores dos apartamentos desativados continuam sem receber qualquer indenização, apesar das ações judiciais em curso. Para marcar a triste data, vários residentes do bairro realizaram um ato público no último domingo (6), com um abraço simbólico em frente ao prédio.
O objetivo foi chamar a atenção das autoridades para o problema, já que a população teme que a estrutura desabe, inclusive sobre casa vizinha, e também convive com a presença de moradores em situação de rua e usuários de drogas que utilizam as ruínas como abrigo, causando uma série de transtornos. A proposta do ato partiu da Associação de Moradores do Bairro Jardim dos Alfineiros, em parceria com a Comunidade do Sagrado Coração de Jesus (Paróquia São João Paulo ll). O evento começou com uma celebração religiosa, seguida de caminhada, partindo da capela, na Avenida Luíza Vitória Fernandes, em direção ao edifício. Faixas foram estendidas cobrando uma solução.
“No último dia 31 de janeiro completaram seis anos que o prédio foi condenado e, até o momento, nada em relação à demolição”, enfatizou o presidente da Associação dos Moradores, André Luiz dos Santos. Em 2019, decisão judicial determinou que a construção fosse demolida pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), devido ao risco de colapso.
Em matéria publicada pela Tribuna no ano passado, na ocasião dos cinco anos de condenação da estrutura, a PJF informou que não havia orçamento para a demolição em 2021 e garantiu que a Defesa Civil faria vistorias mensais para monitorar a situação do edifício, a fim de evitar danos para a população.
“Seis anos já se passaram, e o grito dos moradores do Bairro Jardim dos Alfineiros é um só: queremos solução: demolição!”, destacou André. “Esperamos que Administração municipal, Ministério Público e órgãos responsáveis tragam resposta e solução para este grave e grande problema que vem se arrastando há anos, causando transtornos, riscos e perigos aos moradores do bairro.” Ele reitera que o temor de que algo grave aconteça aumenta ano após ano, enquanto a estrutura não é lançada ao chão. “A situação do prédio piorou muito. Houve aumento no roubo das escoras que foram colocadas no local, e moradores de rua estão morando no lugar, acumulando lixo. Já teve morte de morador de rua lá, brigas entre eles também.”
O presidente da Associação dos Moradores disse que todos aguardam pela demolição o mais breve possível, para que possam retomar suas vidas com mais tranquilidade e dignidade. “No ano passado, por ser o começo do trabalho da Administração atual, alegaram que não havia orçamento para a demolição naquele ano. Vamos ver agora qual será o posicionamento. A única diferença na nova Administração municipal é que, do ano passado para cá, a Defesa Civil faz vistoria todo mês lá. Isso está acontecendo. Temos que reconhecer.”
PJF alega que demolição cabe à construtora
Procurada, a Prefeitura de Juiz de Fora informa que a última decisão judicial sobre o caso, em agosto de 2020, determinou que a construtora responsável pelo prédio deve realizar a demolição do imóvel. A Tribuna não conseguiu contato com a empresa até o fechamento desta edição.
Ainda segundo o Município, o prédio segue interditado pela Defesa Civil, assim como a casa ao lado. Conforme o posicionamento, no início de cada mês, a equipe de engenharia da Defesa Civil realiza vistoria para monitorar a situação do prédio. A próxima está agendada para esta terça-feira (8).