A Polícia Civil desvendou mais três homicídios ocorridos este ano em Juiz de Fora. Todos os assassinatos aconteceram no segundo semestre e tiveram como vítimas uma mulher e dois homens. O caso mais recente aconteceu no último fim de semana em Valadares, Zona Rural. Franciane Ferreira Lopes, de 33 anos, morreu no domingo (1º), após ser baleada em evento na frente de um bar, ao lado do campo de futebol onde acontecia uma cavalgada. O namorado da vítima, 27, também foi alvejado por um tiro, mas sobreviveu.
De acordo com o titular da Delegacia Especializada de Homicídios e responsável pela investigação, Rodrigo Rolli, o suspeito do crime é um jovem, 23, morador de Igrejinha, Zona Norte. O delegado ressaltou que estavam acontecendo dois eventos em Valadares com aglomeração, mesmo com a pandemia. “Por volta das 18h30, o autor, sem qualquer motivação, disparou em direção a essas pessoas, acertando duas vítimas inocentes. A Franciane foi atingida no coração e morreu no local, ao passo que seu companheiro foi ferido no lado direito do peito.” A motivação não foi esclarecida, mas o delegado acredita que possa estar ligada a rivalidade entre moradores de Igrejinha e Valadares. “Há uma desavença entre essas duas regiões.”
Segundo Rolli, além da própria vítima sobrevivente, várias testemunhas que foram ouvidas “confirmam categoricamente a autoria”. Ainda conforme ele, o suspeito ainda não foi localizado, mas será indiciado. “Vamos remeter o inquérito para o Judiciário pedindo a prisão preventiva dele.”
Morto na frente dos filhos
Outro caso elucidado pela Delegacia de Homicídios é o assassinato de Elberti Dutra de Almeida Ferreira, 42 anos, executado com um tiro na cabeça na presença dos filhos – um jovem, 14, e uma mulher, de 21 anos. O crime aconteceu no dia 21 de outubro no Bairro Nossa Senhora Aparecida, Zona Leste. Segundo o delegado, o suspeito, 20, foi identificado e teria confessado em depoimento o assassinato, praticado após ele perder um celular enquanto trafegava de moto pela região. Ao refazer o trajeto, o rapaz teria encontrado a capa do telefone na calçada da casa da vítima e passou a questioná-la. Mesmo diante da negativa de Elberti em ter encontrado o aparelho, ele acabou sendo morto.
“Outra vítima inocente. A filha ainda emprestou o celular dela ao jovem para que ele pudesse ligar e encontrá-lo, mas deu caixa postal duas vezes. O rapaz continuou a procurar no entorno, e uma pessoa, de forma equivocada, começou a dizer que teria visto a vítima perto de onde estava a capa. Com isso, o jovem retornou e voltou a indagar a vítima, que negou novamente, junto com seus familiares”, explicou o delegado. No entanto, o criminoso não teria ficado convencido e voltou cerca de dez minutos depois armado, como havia prometido. “Ele exigiu o celular, e a vítima até ofereceu entregar o telefone dela mesma. Mesmo assim, não satisfeito, ele efetuou um disparo à queima-roupa no rosto. O pai foi executado de forma banal na frente dos filhos.”
De acordo com Rolli, o revólver calibre 32 utilizado na execução foi encontrado pela equipe de investigadores em um matagal próximo ao local do crime. O inquérito será encaminhado à Justiça na próxima semana com indiciamento do jovem por homicídio duplamente qualificado.
Pai e filho baleados
O terceiro crime desvendado pela Polícia Civil aconteceu no dia 3 de julho no Bairro Jardim Esperança, Zona Sudeste. João Batista da Silva, 47 anos, não resistiu aos ferimentos, mas o filho dele, 23, sobreviveu. O crime ocorrido dentro de uma lanchonete ainda foi presenciado por uma filha da vítima, 20, e por um advogado, 53. “Eles estavam conversando, quando entraram dois executores disparando contra o homem e demais pessoas presentes, fugindo em seguida”, disse Rolli.
Segundo ele, os dois atiradores e um terceiro envolvido, que teria dado cobertura dirigindo um carro, foram identificados, reconhecidos pelos sobreviventes e por testemunhas veladas. Eles foram ouvidos na delegacia, mas negaram a prática do crime. Dias depois, um deles foi preso em flagrante pela Polícia Militar em Matias Barbosa por tráfico e porte de arma. Ele seria o motorista de um dos veículos utilizados. Posteriormente, o mandante também foi identificado. Ainda de acordo com o delegado, a motivação seria uma briga ligada ao tráfico ocorrida cerca de dez dias antes.
Rolli destacou que um dos executores, de 30 anos, era o alvo principal da Delegacia de Homicídios este ano, porque é suspeito de envolvimento em quatro dos 45 assassinatos praticados na cidade em 2020, ou seja, seria responsável por quase 10% do total de mortes violentas. Os envolvidos no crime do Jardim Esperança vão responder pelo homicídio consumado e por dupla tentativa (contra os filhos), além de associação criminosa. As prisões preventivas já foram decretadas pela Justiça, e três dos suspeitos estão detidos. O quarto é considerado foragido.
Idoso esfaqueado
A Delegacia de Homicídios prossegue com a investigação da tentativa de assassinato contra um idoso, 67, esfaqueado e empurrado em um barranco na tarde de terça-feira (3). Após o crime no Bairro Jóquei Clube, Zona Norte, uma mulher, 46, se apresentou na delegacia voluntariamente, confessando a autoria. Na ocasião, ela afirmou que teria sido estuprada pelo idoso em data anterior e que estaria sofrendo importunações e agressões por parte do mesmo.
As apurações da Polícia Civil até o momento, entretanto, vão contra a versão apresentada pela suspeita. “Ela alega ter sido abusada sexualmente por seu vizinho, mas não há ocorrência ou procedimento policial a respeito disso. Não tem nada que comprove. Apuramos que havia uma discussão entre eles por causa de uma servidão de passagem, entre o imóvel da autora e da vítima”, disse o delegado Rodrigo Rolli. Naquela terça, o idoso teria impedido a passagem dela pelo local, impossibilitando que a vizinha chegasse em sua casa.
Conforme Rolli, a mulher, que acabou presa em flagrante após confessar o crime, desferiu nove facadas contra o idoso, que sofreu ferimentos no pescoço, abdômen, costas e peito, mas foi internado no HPS com quadro estável. “Ele estava sentado em um banco, na frente da casa dele, quando a autora chegou desferindo as facadas”, contou o delegado. Antes de encaminhar o inquérito à Justiça, a polícia vai ouvir mais uma testemunha e juntar os laudos periciais.