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JF está entre os 120 municípios que concentram metade dos homicídios no país

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Juiz de Fora está entre as 120 cidades brasileiras que concentram metade dos 65.602 homicídios ocorridos no país em 2017. O estudo consta no Atlas da Violência 2019, divulgado na última segunda-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Levando-se em conta as taxas estimadas de assassinatos por 100 mil habitantes, o município ocupa a 103ª posição no ranking dessas 120 localidades, que correspondem a apenas 2,1% das 5.570 cidades do Brasil, mas aglomeram 39,6% da população e somam sozinhas 32.801 óbitos em decorrência de ações criminosas. O levantamento contabiliza 137 homicídios registrados em 2017 em Juiz de Fora e também leva em conta 27,4 mortes violentas com causa indeterminada, resultando em um índice de 29,2 casos por cem mil habitantes naquele ano.

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O Atlas da Violência esclarece que os homicídios correspondem aos óbitos causados por agressões, e aqueles ocultos “seriam homicídios ou suicídios, ou mortes ocasionadas por acidentes, mas para os quais as autoridades e o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, falharam em estabelecer a causa correta”. “Nesse estudo, o autor produziu estimativas da probabilidade de que cada morte violenta com causa indeterminada tenha sido, na verdade, homicídio não classificado como tal. A partir dessas estimativas, calculou-se a esperança matemática do número de homicídios ocultos.”

O titular da Delegacia Especializada de Homicídios, Rodrigo Rolli, pondera que os dados apresentados podem causar um “pavor social”, mas que hoje a realidade é outra. “Juiz de Fora já viveu uma epidemia de homicídios sim, mas os números começaram a cair exatamente em 2017. Este ano de 2019, por exemplo, tivemos 29 casos, 25 no primeiro semestre e quatro agora.” No início de julho, a especializada divulgou queda de 55% dos assassinatos na comparação do primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2018, passando de 55 para 25 casos. O declínio é significativo principalmente porque entre 2012 e 2017 mais de 800 vidas foram perdidas para o crime, sendo mais de 400 delas de jovens com até 25 anos, segundo levantamento da Tribuna. No ano passado, foram instaurados 85 inquéritos de homicídios, contra 124 em 2017.

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Outras seis cidades mineiras aparecem entre as 120

Além de Juiz de Fora, outras seis cidades mineiras aparecem no Atlas da Violência entre as 120 que acumulam metade dos homicídios do país: Betim, Governador Valadares, Ribeirão das Neves, Contagem, Belo Horizonte e Uberlândia. Conforme o estudo, há maior prevalência de violência letal em localidades das regiões Norte e Nordeste do país. (ver quadro). “É interessante ressaltar que, nas últimas duas décadas, os municípios menores tiveram crescimento acentuado das taxas de homicídio, ao passo que os maiores lograram redução nos índices, fazendo com que esses grupos ficassem mais parecidos.” As cidades mais violentas também costumam ter piores números relacionados a acesso a educação, desenvolvimento infantil e mercado de trabalho, enquanto as mais pacatas são mais desenvolvidas nesses quesitos.

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Em Minas, a taxa de homicídios, em 2017, foi de 24,9 por cem mil habitantes, sendo o terceiro estado mais violento da região Sudeste. O Rio de Janeiro assumiu a primeira posição, com taxa de 45,2, seguido pelo Espírito Santo (40,4). Já São Paulo aparece em último, com 14,3. “Em 2017, podemos notar que, enquanto 75% dos municípios concentravam 11,2% das mortes, 50% dos homicídios do país estavam concentrados em 2,1% dos municípios (ou 120 municípios).” O levantamento destaca, ainda, que metade dos assassinatos nas cidades consideradas mais violentas acontecia em, no máximo, 10% dos bairros, ao passo que em 50% dos bairros pertencentes a esses municípios a taxa de homicídio era praticamente nula. Os dados apontam para a necessidade de políticas de segurança pública focalizadas.

Das 120 localidades que concentram 50% dos homicídios estimados do país, 16 são do Estado do Rio de Janeiro, 14 estão situadas na Bahia e dez em Pernambuco. “O fato é que, antes da violência e da morte prematura de jovens nos territórios mais violentos, já houve inúmeras mortes simbólicas, uma vez que uma parcela da sociedade residente nesses locais não teve acesso a condições de desenvolvimento infantil, a oportunidades educacionais e ao mercado de trabalho na juventude, nem a bens culturais e materiais, parte do ideal de sucesso nas modernas economias de mercado”, conclui o estudo.

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