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UFJF pode perder 30 bolsas de mestrado

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Segundo Marcus David, a UFJF possui boa capacidade para captar recursos próprios, mas o corte de 30% ameaça programas de graduação, extensão e internacionalização (Foto: Leonardo Costa/Arquivo TM)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) pode perder cerca de 30 bolsas de mestrado dos programas de pós-graduação em Matemática, Ecologia e Enfermagem. A redução representa o impacto do bloqueio de mais de 2.700 bolsas de mestrado e doutorado no país, anunciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) na terça-feira (4). Em entrevista concedida ao programa Pequeno Expediente, da Rádio CBN Juiz de Fora, na quinta-feira (6), o reitor Marcus David explicou as perspectivas da instituição diante das medidas de restrição de custos anunciadas recentemente.

Segundo a Capes, órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), o bloqueio tem o propósito “de alinhar a concessão de bolsas no país à avaliação periódica, preservando os cursos mais bem avaliados nos últimos dez anos”. O congelamento não afetará os bolsistas que atualmente recebem o benefício. Na UFJF, os cursos de doutorado não serão atingidos, mas as chances em programas do mestrado serão reduzidas de forma significativa. No curso de Matemática, por exemplo, a expectativa é de que as bolsas sejam reduzidas pela metade.

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Esta não é a única medida que ameaça a realização das atividades na UFJF e demais universidades do país. Em abril, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, informou que o MEC promoveria o corte de verbas de instituições que “não apresentassem bom desempenho e estivessem promovendo “balbúrdia” no campus”. A redução seria de cerca de 30% do orçamento destinado às chamadas despesas não obrigatórias, que incluem água, luz, limpeza, pagamento de trabalhadores terceirizados e pesquisa. O anúncio levou estudantes, professores e funcionários às ruas. Duas manifestações foram realizadas em todo o país, nos dias 15 e 30 de maio.

“O anúncio inicial do ministro, associando esse corte ao desempenho das universidades e à balbúrdia, se mostrou um equívoco porque a distribuição dos recursos para as instituições já segue o critério de avaliação de produção, desempenho e qualidade. Criou-se um ambiente político tenso em função desse posicionamento”, declarou o reitor Marcus David. “Depois, o corte passou a ser associado à crise econômica. Como no Brasil, estamos enfrentando uma política de austeridade fiscal há pelo menos cinco anos, o orçamento das universidades já vêm sofrendo reduções consecutivas. Quando vemos mais um corte de 30%, isto ultrapassa o limite, e as instituições vão ter dificuldade de operar.”

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Segundo ele, a UFJF possui uma boa capacidade de captar recursos próprios, e isto teria feito com que as operações fossem mantidas dentro da normalidade nos últimos anos. Com o corte de 30% no orçamento, ele afirma que os programas de graduação, pós, extensão, cultura, inovação e internacionalização estão ameaçados. “O Conselho Superior ainda não decidiu como vai se adequar a esta realidade, porque entendemos que ainda existe a possibilidade de reverter esta decisão. De qualquer forma, estamos trabalhando para que o funcionamento da UFJF seja mantido até o final do ano.” Ele esclareceu, ainda, que o cenário prejudica a conclusão de grandes projetos, como o Hospital Universitário e o Parque Tecnológico.

Situação preocupa pesquisadores

Após o anúncio da Capes, pesquisadores da UFJF ressaltaram a preocupação com os possíveis impactos. “A questão coloca em risco uma grande quantidade de programas de pós-graduação que estão em situação inicial e que, por diversos fatores específicos, podem não ter conseguido avançar no seu conceito. Isso vai atingir, principalmente, as universidades menores e os programas mais recentes”, avaliou o pró-reitor adjunto de Pós-graduação e Pesquisa, Luis Paulo da Silva Barra.

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De acordo com o coordenador do mestrado em Matemática, Eduard Toon, a maioria dos alunos do curso é de baixa renda, o que dificulta a realização dos estudos sem a bolsa. “Com este corte brutal, enfrentamos a séria possibilidade de que, em breve, nosso programa seja descredenciado.” O coordenador do mestrado em Ecologia, Nathan Barros, também demonstrou preocupação. “A mão de obra da ciência no Brasil é feita por estudantes de mestrado e doutorado.” A coordenadora do mestrado em Enfermagem, Nádia Fontoura Sanhudo, destacou a grande demanda pelo curso.”Os estudos que desenvolvemos buscam consolidar a produção, difusão e divulgação do saber em saúde e em enfermagem. A busca por formação em nível de mestrado se confirma com as 55 inscrições na seleção de 2019.”

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