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Mães denunciam uso de imagens de adolescentes em vídeos sexuais

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A Polícia Civil investiga a autoria de vários vídeos que estão circulando no aplicativo WhatsApp e nas redes sociais com fotos em sequência de dezenas de jovens, reproduzidas de perfis e manipuladas com cunho sexual. Os áudios das montagens divulgadas são de músicas funk com teor pornográfico, como uma que insinua relação das garotas com homens mais velhos. Só na quarta-feira (4), pelo menos dez mães e responsáveis estiveram na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher para formalizar as denúncias. Os materiais estão sendo compartilhados desde a última sexta-feira, principalmente pelo WhatsApp e também pelo Twitter e Facebook. Além das fotografias, a maioria mostra adolescentes do sexo feminino, os criminosos também usam em alguns vídeos prints de conversas fakes criadas por meio de um aplicativo, para simular que essas jovens se prostituem. Por conta disso, elas chegaram a ser importunadas em suas páginas com convites para programas.

Apenas em um grupo de WhatsApp, criado para reunir as jovens lesadas que buscam providências, foram contabilizadas mais de 40 vítimas, de acordo com uma moradora da Zona Nordeste. Ela teve sua filha de 16 anos exposta em vídeo, com foto, nome e sobrenome. “Nem dormimos à noite, passamos a madrugada acordada, pensando naquilo. No domingo, minha filha ficou hibernada em casa. Na segunda, saiu para trabalhar de casaco e capuz. Mas muitas meninas ainda não querem sair, estão com vergonha. São de vários bairros, da cidade inteira, de canto a canto.” De acordo com a assessoria da Polícia Civil, a partir das denúncias, foi aberto um procedimento pela delegada Bianca Mondaini. As vítimas começaram a ser ouvidas na quinta-feira (5), e as oitivas devem se estender pelo menos até a próxima terça, para que se possa delimitar os crimes pertinentes ao caso, inclusive o de compartilhamento dos conteúdos.

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Segundo a mãe da adolescente, as produções são geralmente curtas, com cerca de 30 segundos. “(Em uma delas) colocaram fotos somente de menores e cantaram um funk pejorativo. Essa música, de baixo calão, insinuava que as meninas faziam programas com velhos.” Ainda conforme ela, o número de audiovisuais logo aumentou no sábado, incluindo as imagens dos prints de conversas manipuladas como se fossem do WhatsApp. Nas mensagens, por exemplo, alguém solicitava o valor do programa, combinava horário, pedia fotos e o endereço de onde deveria buscar a adolescente, enquanto outra pessoa respondia como se fosse a própria jovem.

“Isso começou a viralizar de uma tal maneira e envolveu centenas de meninas. Não só adolescentes, mas sempre jovens.” Alguns rapazes também tiveram suas fotos usadas. “Vão rodando as imagens no vídeo, com um funk que insinua que eles são ‘viados’.”

Apesar de ainda não ter ficado evidente um elemento de ligação entre as vítimas para ajudar na elucidação da autoria, já que elas estão pulverizadas por várias partes da cidade, muitas famílias conseguiram criar uma rede de apoio. “Quando fui a um posto policial no Centro para fazer um boletim de ocorrência, na segunda-feira, minha filha nem quis andar de ônibus. Também procurei a Delegacia de Mulheres, mostrei os vídeos e o aplicativo de mensagens fake, porque ela foi uma das vítimas que teve conversas montadas. Depois disso, e com a solidariedade das amigas, das meninas do grupo, ela ficou bem melhor, mais confiante. Mas antes estava muito mal, nem queria ficar em Juiz de Fora. Chegou a fazer contato com uma tia no Rio de Janeiro. Queria ir para lá porque estava com muita vergonha”, lamentou a moradora da Zona Nordeste. “Acredito que são várias pessoas fazendo essas montagens. A delegada vai tentar mapear e tentar ver o que tem em comum, para tentar pegar e punir os autores. É importante alertar outras meninas para que procurem a delegacia.”

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Mulher teve filhas de 14 e 26 anos expostas

Sofrimento em dobro foi sentido por uma moradora da Zona Sudeste de Juiz de Fora, que teve duas filhas, de 14 e 26 anos, expostas nos vídeos montados com conteúdo sexual. “Estão falando que elas são ‘puta’ (conforme a letra do funk). Estou muito triste perante tudo isso. A mais nova está só deitada e nem está indo à aula. Só Deus sabe o que estamos passando. É muito constrangimento. Chocou todas nós, que somos mães”, desabafou a mulher, 45. “Nunca vimos uma coisa dessas. Não sei se foi maldade ou se foi brincadeira, mas esperamos que cheguem até a pessoa que fez. Da minha filha mais velha já até descobrimos. Foi uma moça de 15 anos, que tentou imitar o povo que estava fazendo.” A responsável acrescentou aguardar por justiça. “Como pode uma pessoa destruir vários lares? Tem mães que não estão conseguindo ir trabalhar devido a essa difamação. Chocou todos os familiares que tiveram menores envolvidas nesses vídeos. Só Deus sabe a dor que a gente está sentido e o mal que temos passado.”

Outra mãe, 37, residente na região Leste, não pôde comparecer à delegacia na quarta-feira (4) devido ao horário de trabalho, mas sua outra filha acompanhou a vítima, de 18. “Foi um susto. Várias pessoas começaram a mandar esse vídeo no sábado à noite e já estava rodando em todas as redes sociais. Minha filha não queria pisar no portão. Foi inexplicável, porque isso é uma coisa que eu tenho certeza que ela não faz e, por isso, estou correndo atrás. Pretendo muito achar o responsável, não só eu, como as outras mães também.” Ainda demonstrando indignação, a mulher disparou:

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“Eu a sustento, com estudo e tudo, para alguém invadir os perfis das redes sociais dela, pegar foto e fazer vídeo, falando esses absurdos? Só que minha filha tem família, e nós não vamos sossegar até acharmos o verdadeiro culpado.”

Para uma moradora da Zona Norte, 38, nos vídeos em que sua filha de 19 anos aparece, sugerem que ela “estaria andando com marido dos outros”. “Pegaram as fotos dela no Facebook e usaram. Foi uma coisa muito constrangedora, porque acabou causando falatório na rua. Como mãe, me senti muito triste, e ela também está chateada. Foi um ato de desrespeito, e não sabemos nem quem fez isso, para poder tomar providência.” Ela também destacou esperar por justiça. “A pessoa que fez isso foi desumana e cruel. A mesma dor que estou sentindo, as outras mães também estão.”
O nome das entrevistadas foi preservado para não identificar e expor as vítimas.

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