Atualizada às 18h55
Com a filosofia na ponta da língua: “o que importa é a qualidade e não a quantidade”, o general da Banda Daki Zé kodak não se fez de rogado e deu a partida do bloco que comanda há 43 anos, invadindo a Avenida Rio Branco com alegria, tradição e marchinhas de carnaval. Acostumada a arrastar dezenas de milhares de foliões, a Daki levou para a festa, conforme estimativa de Polícia Militar, cerca de 4 mil pessoas embaladas pelo som da banda Realce.
Bruno Siqueira avaliou o carnaval de 2016 de forma positiva. “Tivemos muitos blocos durante a semana toda. Está sendo uma festa de muita alegria”, afirmou o prefeito, acrescentando que hoje a Avenida Rio Branco será fechada para dar continuidade à festa. Na programação, tem a banda infantil Trupicada, no trevo do Bom Pastor, a partir das 10h.
Para o superintendente da Funalfa, Toninho Dutra, a festa se mede pela resposta do público que, segundo ele, foi sensacional. “São milhares de pessoas na rua durante os eventos do pré-carnaval. Temos pouca coisa para corrigir para o próximo ano. Foi um grande carnaval, sem dúvida”, avaliou o superintendente, que acompanhou todo o desfile.
O trajeto, que terminou na Catedral Metropolitana, foi acompanhado pela Polícia Militar, que não registrou qualquer ocorrência na edição deste ano. Além de grades instaladas na Rio Branco, o desfile contou com um efetivo de 200 homens, que faziam o monitoramento a pé, em viaturas e a cavalo.
Irreverência
Figura que não pode faltar no desfile da banda, o Kiko compareceu à farra. Não veio com o Chaves, mas trouxe o Kikinho, o pequeno Ricardo, de 4 anos. “Estou passando o meu legado”, conta o comerciante Gilberto Tadeu, 48, já na nona edição fantasiado do hilário personagem mexicano. Quem também parou os presentes para fotos foi a carismática boneca Ana da Banda, que neste ano levou para a avenida a neta, de 18 anos, batizada ali na hora de Luana da Banda. “Não existe coisa melhor do que a Banda Daki. É aqui que me divirto”, sentenciou a foliã cativa.
Se a farra capitaneada por Zé Kodak é conhecida por manter, ao longo dos anos, os costumes do autêntico carnaval, claro que não podia faltar o Pierrot. “Estou na banda desde 1997, e estou feliz por poder fazer bodas de prata de Pierrot. Aqui se resgata o carnaval das marchinhas. Dá uma tristeza tirar a fantasia quando a folia acaba, porque o Pierrot é um eterno apaixonado”, destaca o cozinheiro André Tavares, 39.
Para garantir uma festa de paz e tranquilidade para os foliões, direto do Vaticano chegou o Papa Francisco. “O papa gosta de alegria, de abençoar o público de Juiz de Fora”, brinca o aposentado José Américo, 78, conhecido como Zé da Banda.
O que também já virou um hábito nesta antiga folia é a renovação dos votos de Adriene Orsay, 43, e Alexandre Menigatte, 45. A cada ano, uma fantasia diferente. Desta vez, a opção da corretora de seguros e do designer gráfico foi ir para avenida trajados de casal Zorro. “A gente vem sempre porque é muito amor envolvido entre a gente e com a banda”, conta Adriene. Esbaldando-se na concentração, estava Davi Figueiredo, um palhacinho de 1 ano e 4 meses. Não demorou muito para ele encontrar um outro palhacinho, o pequeno Samuel Grupi, e sair brincando. “Ele veio na banda, era muito bebezinho ainda. Não se lembra de nada. Adoro essa interação de todas as crianças com o lúdico do carnaval”, diz a mãe Mariane Figueiredo, 32, dentista.
Como disse Zé Kodak, nesse carnaval “tem de tudo mesmo”, inclusive um pescador. “Sou pescador de ilusões! Mas … Caiu na rede, é peixe!!!, dizia o cartaz que o professor Júlio Lopes, 55, exibia na cabeça. “Eu me inspirei num vídeo que estava na internet sobre vários cardumes que foram lançados ao mar na Índia para matar a fome do povo. Essa fantasia é mágica. Decidi tudo de última hora, peguei um objeto aqui, outro ali e deu nisso”, diz o folião, celebrando o trigésimo aniversário de banda Daki. Confirmando a fama de que o carnaval da banda é feito em família, as irmãs Elaine Gonzaga, 45, depiladora, e Lili Gonzaga, 40, técnica de enfermagem, foram juntas de Malévola para o desfile, atraindo os olhares da garotada. “A gente sempre vem com personagens que as crianças adoram. Somos malévolas, amamos essas pragas”, brinca Elaine, que era aguardada para fotos.