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Mães de pessoas com deficiência lutam por atendimento

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Grupo se reuniu com vereadores na últimaquarta-feira para reivindicar continuidade do atendimento feito por entidades (Foto: Marcelo Ribeiro)

Mães de pessoas atendidas por organizações da sociedade civil (OSCs) aguardam a oportunidade de diálogo com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). O grupo se reuniu com vereadores na última quarta-feira (3), quando reivindicaram a continuidade do atendimento feito por entidades que se dedicam à convivência e ao fortalecimento de vínculos. Foi solicitada agenda com o prefeito Antônio Almas (PSDB) para discutir a situação. Porém, até o momento, o que as mães conseguiram confirmar foi uma reunião com a secretária de Desenvolvimento Social, Tammy Claret, na segunda-feira (8), às 16h30.

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No entendimento delas, o edital de chamamento público em vigência diminuiria o tempo que cada pessoa com deficiência passaria dentro das instituições. O que poderia alterar drasticamente as rotinas dessas famílias, que temem perder os avanços já obtidos por esse atendimento. Os vereadores João Coteca (PR), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Câmara, Vagner de Oliveira (PSC) e Júlio Obama Jr (PHS), e um representante do vereador José Mansueto Fiorilo (PTC) ouviram os relatos dos pais e se comprometeram a buscar o diálogo com o prefeito.

A gerente do Departamento de Políticas para a Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos (DPCDH), Thaís Altomar, também esteve na reunião, representando a secretária de Desenvolvimento Social, Tammy Claret. Ela disse que vai levar as queixas e preocupações dos pais para o conhecimento da secretária. Além disso, pontuou que o chamamento não foi feito de maneira irresponsável e, se as questões levantadas pelos pais puderem ser revistas, elas devem ser avaliadas pela pasta. Thaís também ressaltou que essa não foi a primeira reunião sobre o tema na Câmara. Ela pontuou que, nas anteriores, os pais não estiveram presentes. Os responsáveis, no entanto, disseram que se propuseram a discutir a temática e a ajudar a construir essa relação, mas que não foram avisados das reuniões, nem tiveram acesso à conversa com a Secretaria de Desenvolvimento Social.

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“Nossas rotinas são muito difíceis. Para que nossos filhos possam estar dentro dessas instituições, temos todo um processo. A proposta que temos é a de estarmos nas entidades quatro horas por semana. Isso é muito pouco. Os excepcionais levam mais tempo para aprender. O recurso é muito pequeno. Se os nossos filhos ficam em casa, como a Prefeitura pode dizer que faz inclusão? Isso não é justo para eles e nem para nós, porque vamos precisar ver nossos filhos regredirem, depois de todo avanço que alcançaram”, afirmou Maria Ignez Junqueira, mãe de um dos atendidos pela Associação de Livre Apoio ao Excepcional (Alae).

A filha de Luciney Aparecida da Cruz Pereira é uma das atendidas pelo Instituto Médico Psico-Pedagógico (Imepp). Ela diz que a jovem reconhece a instituição como sua segunda casa e demonstrou medo de que o chamamento e a possibilidade da interrupção no atendimento possam fazer com que ela regrida. “Não sei dar o mesmo suporte que os profissionais do Imepp oferecem. Não é justo tirar isso dela. Lá ela participa de várias atividades, vemos a melhora, o resultado que ela tem alcançado. Não se deve mexer em algo que está dando tão certo.”

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A incerteza sobre a continuidade do trabalho também é uma preocupação para Silvana Ribeiro, que também tem uma filha atendida pela Alae. “Todo ano é esse desgaste. Estamos muito cansados dessa situação. Pais de filhos sem deficiência já estão fazendo a rematrícula. Sabem onde seus filhos irão estudar. Os nossos não. Não sabemos se continua. Não podemos aceitar isso. Nossos filhos têm consciência do que está acontecendo. Eles vão adoecer. Nós estamos lutando pelo mínimo de autonomia para eles, porque sabemos que, quando faltarmos, eles estarão desamparados.”

Por meio de nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social informou que, em cumprimento à Lei Federal 13.019, está com o edital de número 3 em andamento, o qual trata do serviço socioassistencial a pessoas com deficiência, idosas e suas famílias/programa de referência e apoio à habilitação e reabilitação social. O texto pontua, ainda, que o prazo para as entidades interessadas entregarem o envelope com a documentação para participarem do processo de Chamamento Público terminou nesta sexta-feira (5). A próxima etapa será de abertura e avaliação das propostas de cada entidade. A nota não faz menção ao perigo da redução de assistência temido pelas mães dos assistidos.

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