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Falta de centros de alta complexidade dificulta tratamento contra câncer

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Neste sábado (4) foi comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer, e a data, mais uma vez, chama atenção para o diagnóstico precoce da doença que pode apresentar 704 mil novos casos por ano no Brasil até 2025, conforme estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Apesar de o país possuir ampla rede de atendimento gratuita a pacientes de diversas enfermidades, hospitais de alta complexidade especializados em oncologia ainda carecem de ampliação. Em toda Zona da Mata mineira, que reúne 143 municípios, apenas quatro cidades contam com unidades credenciadas, fazendo com que pacientes em tratamento, não residentes nesses municípios, tenham que percorrer, por vezes longas distâncias, para contar com o serviço de alta complexidade.

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A dificuldade de acesso ao diagnóstico precoce se alia, em muitos casos, a jornada até os centros especializados. Apenas as cidades de Juiz de Fora, Cataguases, Ponte Nova e Muriaé possuem centros de Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) ou Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) habilitados e credenciados no tratamento de câncer.

Com cerca de 317 unidades e centros de assistência no tratamento do câncer em todo o país, o número ainda é baixo se comparado à abrangência do território. Com mais de meio milhão de habitantes na cidade, Juiz de Fora possui três centros que realizam atendimento a pacientes oncológicos da região: Ascomcer, Instituto Oncológico e Instituto Brasileiro de Gestão à Saúde (IBG), de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES/MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora.

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Dona Ana Maria Ubaldino, 72 anos, é uma das milhares de brasileiras que foram afetadas pelo câncer de mama. Os nódulos fizeram com que ela tivesse que retirar os dois seios. Além da cirurgia, ela foi submetida a diversas sessões de quimioterapia e radioterapia. Há 32 anos ela lida com a doença, mas os dois últimos anos se tornaram um divisor de águas, período em que ela começou a ser cuidada pela Ascomcer. A gratuidade do serviço dá a ela a possibilidade de um tratamento que suas condições financeiras não permitiriam.

A senhora conta, com gratidão, que a Prefeitura de sua cidade, Santos Dumont, disponibiliza um veículo para ela fazer o tratamento em Juiz de Fora. Com problemas também no coração, seu quadro não permite ficar muito tempo sentada. Ainda assim, o pensamento sempre positivo de Dona Ana se justifica em continuar inscrevendo no mundo sua história, mesmo quando alguns médicos pensaram que ela não aguentaria.

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Encaminhamento

Quando, ainda na rede de atenção básica, os pacientes são identificados com câncer, eles são encaminhados para os Unacons. A Ascomcer, um dos hospitais que oferecem esse serviço, chega a atender também outras 90 cidades mineiras. A instituição faz, em média, cinco mil atendimentos por mês, nos ambulatórios de Quimioterapia e Radioterapia. Em um panorama da incidência de novos casos esperados até 2025, 70% deles estão previstos para as regiões Sul e Sudeste. Sendo os de mama, próstata, cólon e reto os mais incidentes, segundo o Inca.

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Ascomcer realiza, em média, cinco mil atendimentos por mês em ambulatórios (Foto: Felipe Couri)

PJF reconhece dificuldade em atender toda a demanda

Procurada, a Prefeitura de Juiz de Fora reconhece que, atualmente, existem alguns setores que apresentam dificuldade para atender todas as demandas. De acordo com o Município, em algumas especialidades, como oncologistas especialistas em cabeça, pescoço e da área ortopédica o acesso é limitado. Para casos em que o atendimento é feito somente através do Sistema Único de Saúde (SUS), a carência seja de pessoal ou estrutura em determinados segmentos significa um grande problema na prática.

Com 60 anos de criação, a Ascomcer luta em favor dos pacientes oncológicos em vulnerabilidade. No hospital, 98% dos atendimentos são voltados a pacientes do SUS. Uma dificuldade enfrentada é a tabela de remuneração dos serviços defasada. A falta de reajuste há mais de 15 anos, afirma a entidade, faz com que seja necessário buscar recursos para ajudar a manter a assistência hospitalar oncológica. A expectativa, porém, é que os órgãos públicos usem a estimativa do INCA, de novos casos nos próximos anos, como ferramenta de planejamento e gestão na área oncológica não só em Juiz de Fora, como na região e em toda a Zona da Mata.

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