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Professora de JF é selecionada para orientar estudo da matemática no país

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Formada há 15 anos, Pricilla trabalha na preparação de professores (Foto: Olavo Prazeres)

O mundo dos números e das operações exatas não figura como tema preferido no imaginário da maioria dos estudantes. Assim, ao longo da vida escolar, é comum encontrar aqueles que já tiveram alguma dificuldade com a matemática em algum momento. Algo que se tornou um verdadeiro problema para a educação no país. Justamente por ir no caminho inverso e encarar de frente a pergunta “por que não gostar?” é que a mestre em matemática Pricilla Cristina Mendes Cerqueira foi escolhida para o time de cinco especialistas que vai orientar a produção de 1.500 planos de referência da Base Nacional Comum Curricular.

“Eu nunca gostei de matemática. Mas quis saber porque não gostava. Entendi que, geralmente, não gostamos do que não tem significado para nós. No mestrado, encontrei a especialista Kátia Stocco Smole e, por meio dela, encantei-me com a disciplina”, conta. Formada há 15 anos, Pricilla se dedica ao ensino da matemática e trabalha na formação de professores, desde a educação infantil até os ensinos médio e superior. Ela trabalha atualmente no Centro de Ensino Superior Estácio de Sá, no Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (If Sudeste) e no Instituto Mathema, em São Paulo.

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O processo de seleção para o grupo de autores envolveu 13 mil inscrições de todo o país. São cinco especialistas, 30 mentores e 150 professores de todo o país que produzirão 1.500 planos entre novembro deste ano e fevereiro de 2018. De acordo com Pricilla, a expectativa é de que pelo menos mil planos sejam disponibilizados em janeiro. Eles nortearão o ensino da matemática para alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental de todo o Brasil. O material de referência vai ser disponibilizado gratuitamente para os professores. O primeiro encontro presencial do time de autores acontece em um hotel fechado em Itapeva (SP) entre 2 e 5 de novembro. No próximo ano, serão selecionados os orientadores para a composição dos planos de Língua Portuguesa, Ciências, História, Geografia, Inglês e Educação Infantil.

“Encaro essa responsabilidade com temor e tremor. Esse encontro é chamado de Virada de Autores da Nova Escola, onde nós vamos trabalhar e discutir como vai ser a organização deste trabalho.” A mestre em matemática conta que os planos serão divididos em dois: conceituais e de ampliação. “É um trabalho muito extenso, árduo e baseado no compartilhamento. Temos estudado muito. Estou 24 horas ligada nisso. Queremos que seja um material de qualidade para todos. A proposta é alcançar o maior número possível de estudantes e profissionais”, revela.

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O que motiva a especialista a participar do projeto é a capacidade de transformação que a ideia carrega. “Eu espero que eu, Pricilla, sozinha, consiga somar a outras pessoas que acreditam no poder transformador da educação. Somos capazes de contribuir para um futuro melhor, e eu me sinto humildemente privilegiada por poder contribuir.” Ela afirma que espera transformar a vida desses educadores. A intenção é buscar fazer da disciplina que ela não gostava algo que tenha significado e seja, de fato, aprendida nas escolas. “Que essas crenças de que a matemática é muito difícil ou que não é para todos seja modificada em curto, médio e longo prazo. Me realizo contribuindo para isso!”

‘O aluno entende o que eu falo?’

As mudanças tecnológicas que impactam a educação já deixaram de ser novidade há algum tempo. Isso exige uma mudança de postura do professor, que deve ser levada em conta na produção de todo o material. “Não existe mais o processo em que o docente fala e o estudante escuta quieto. É preciso que o professor possa atingir o aluno de maneira mais eficaz. Qual é a linguagem mais apropriada? Qual metodologia se encaixa melhor? Quando devo intervir? Usar um jogo, um software, uma brincadeira? Essa quebra de paradigma me atrai muito”, reflete a educadora. Segundo ela, o que se espera agora é a colaboração, o processo de troca. “Queremos que o aluno se sinta confortável para levantar hipóteses, propor novos caminhos, outras resoluções. Queremos formar um indivíduo crítico em sua integralidade.”

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Ela identifica que um dos maiores erros, que já é visto e debatido pelo Ministério da Educação, é a falta de uma formação continuada para os professores. “Nenhuma graduação faz com que o professor esteja totalmente pronto para ensinar fora da sala de aula, tanto em nível de conteúdo, como em forma e metodologia. Isso deixa o professor muito sozinho no processo de ensinar e aprender.” Por isso, é preciso que o professor esteja atento à maneira como fala e a forma como o estudante aprende.

Aqui, cabe outra pergunta, que deve, conforme Pricilla, nortear o trabalho dos docentes: “O aluno entende o que eu falo?” “Se todos respondessem a essa questão, não estaríamos com avaliações tão ruins, não só no ensino da matemática, como de todas as outras matérias.”

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Por ser uma parceria entre a Associação Nova Escola, a Fundação Lemann e o Google.org, não há, conforme Pricilla, a possibilidade de descontinuidade desse processo. “Não é um projeto político. É um edital público, aberto à população. Independentemente das eleições do ano que vem, ele continua. Esse processo sinaliza algo muito importante para a nossa classe. Ela precisa se valorizar. Precisamos perceber que lidamos com o futuro do país, e isso traz muita responsabilidade a esse processo.”

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