O medicamento cloridrato de metilfenidato, popularmente conhecido como Ritalina e utilizado, principalmente, para o tratamento de crianças e adolescentes que convivem com o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), está em falta nas principais drogarias e farmácias da rede pública do país. O problema tem sido recorrente. Em agosto, o laboratório Novartis, empresa responsável pela fabricação da Ritalina, chegou a enviar uma carta-reposta, em relação ao questionamento sobre o desabastecimento de Ritalina e Ritalina LA, à presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção, Iane Kestelman, informando que o abastecimento deste medicamento estava sendo restabelecido e que a regularização deveria acontecer em até 60 dias.
Contudo, a situação voltou a ocorrer durante o mês de setembro. Por meio de nota, a empresa justificou alegando que a “falta temporária de produtos de uso crônico gera um aumento de demanda por parte do paciente que, preocupado faz estoques preventivos, dificultando ao atendimento rápido da demanda aumentada”, mas que, ao detectar essa situação de desabastecimento temporário, a Novartis notificou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em junho de 2018, e buscou alternativas para retomar o abastecimento ao mercado brasileiro. “Entretanto, a procura do produto em níveis muito acima da média dificulta o atendimento completo da demanda”, pontua o texto, que também reforça a busca pela regularização do fornecimento, produção, importação e distribuição do medicamento, pelo laboratório.
A Anvisa também se posicionou sobre o caso e afirmou estar monitorando a situação, e que, caso seja constatada alguma infração, “serão tomadas as providências cabíveis”.
A Tribuna procurou a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) para verificar se a situação deixou em falta ou afetou a distribuição das variações do medicamento no Estado. Contudo, a pasta informou somente que a responsabilidade de distribuição da Ritalina pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é apenas em algumas situações, por meio de demandas judiciais. A reportagem tentou, ainda, contato com o Sindicato dos Práticos de Farmácia e dos Empregados no Comércio de Drogas, Medicamentos e Produtos Farmacêuticos do Estado de Minas Gerais (Sinprafarma/MG) subsede Juiz de Fora, e com o Sindicato Intermunicipal da Indústria Química e Farmacêutica de Juiz de Fora (Sinquifar), mas não obteve retorno.
Circunstância afeta grupo em Juiz de Fora
Conforme a presidente do Grupo de Apoio a Pais e Profissionais de Pessoas com Autismo (Gappa), Arienne Menezes, a falta de Ritalina nas drogarias de Juiz de Fora tem, há pelo menos dois meses, prejudicado quem necessita da medicação. “Uma das funções da Ritalina é manter o foco, controlar a hiperatividade. No caso de crianças com autismo, que têm também o TDAH, muitas não têm conseguido acompanhar as aulas. Algumas famílias estão sendo orientadas a não levarem as crianças para as escolas”, lamenta.
De acordo com a presidente do Gappa, apenas duas farmácias no município têm fornecido a droga. Porém, como a saída é grande, o estoque do medicamento fica rapidamente esvaziado.