Centenas de juiz-foranos foram às ruas neste sábado (3) em mais uma manifestação por mais vacinas, pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e por novas eleições diretas. O movimento, que aconteceu simultaneamente em várias cidades do país e até do exterior, ganhou fôlego após a última semana, quando vieram à tona denúncias de possível corrupção do Governo federal na negociação para a compra de imunizantes contra a Covid-19. A triste marca de 522 mil mortos em decorrência do coronavírus no Brasil também foi destacada pelos manifestantes, que se concentraram a partir das 10h em frente à Câmara Municipal, no Parque Halfeld.
“Estamos aqui, mais uma vez nas ruas, com os movimentos sociais, sindicatos, partidos de esquerda e demais partidos que estão contra o Governo federal, exigindo o impeachment de Bolsonaro, em face de tudo que estamos acompanhando: negacionismo, demora na compra de vacinas, não testagem em massa. Defendemos vacinação e educação para todos e todas”, enfatizou Robson Marques, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Bancários) da Zona da Mata e Sul de Minas e secretário da Central Única dos Trabalhadores (CUT) regional Zona da Mata. Segundo ele, o ato reuniu representantes de mais de 40 entidades, além da população em geral.
A caminhada pelo Centro – com distanciamento, uso de máscaras e álcool gel – começou por volta das 11h e seguiu o trajeto pela Avenida Rio Branco, no sentido Manoel Honório, até a Rua Afonso Pinto da Mota. Em seguida, o grupo acessou a Avenida Getúlio Vargas, onde o protesto demonstrou proporção ainda maior em relação aos dois atos anteriores, realizados nos dias 19 de junho e 29 de maio. A presença de muitos jovens e de pessoas não vinculadas a movimentos ou partidos também chamou a atenção, além das dezenas de cartazes lembrando os mais de 500 mil mortos e conclamando o impeachment.
“Esse ato é ainda maior que o anterior e tornou-se internacional. Antecipamos a manifestação marcada para o dia 24, impulsionados pelas novas denúncias à CPI da Covid. Mas também vamos manter a próxima data, diante dessa denúncia, que aponta um dólar de propina na compra de cada vacina. Vamos para as ruas quantas vezes forem necessárias para gritar fora Bolsonaro e fora Mourão, em defesa da vida e da educação”, garantiu Marques.
Também presente no protesto, Maria Inês Farany, uma das representantes em Juiz de Fora da Frente Brasil Popular – que congrega vários movimentos, centrais sindicais e partidos desde 2015 -, falou da importância de lutar contra o Governo federal. “Estamos passando por uma crise, agravada pela pandemia. Eram 500 mil mortos há 15 dias, e agora já chegamos a 522 mil. Ou seja, são mais de mil pessoas morrendo por dia. Nesse genocídio, os que mais sofrem são os pobres e vulneráveis. Ainda há o desemprego, a fome e todo esse desrespeito, com a falta de medidas corretas diante da pandemia. E também as privatizações aceleradas, sem a devida participação popular, de empresas básicas para o Brasil, como a Eletrobras.”
A manifestante ainda citou a falta de políticas públicas para saúde, educação e para a preservação do meio ambiente e dos povos indígenas. “As últimas denúncias de vacinas superfaturadas demonstram o grau de desumanidade desse Governo. Queremos mesmo uma transformação, não só a saída do Bolsonaro, mas do Mourão (vice-presidente), dos militares e a mudança dessa política. Eleições diretas já.”
Outra representante da Frente Brasil Popular, Maria Luiza Pires Ventura reforçou a necessidade de manifestar a indignação nas ruas “a tudo isso que está acontecendo, à quantidade de desemprego e às 522 mil vítimas da Covid – número que poderia ser muito menor se o Governo federal tivesse comprado vacina desde o ano passado e colocado nas redes nacionais de comunicação os cuidados sanitários necessários com a pandemia”.