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Motoristas com carro a gás não tiveram problemas durante greve

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Número de veículos aptos a funcionar com GNV é baixo na cidade, aproximadamente 3.500, o que não chega a 2% da frota emplacada no município. (Foto: Marcelo Ribeiro)

Durante quase dez dias, Juiz de Fora ficou sem gasolina, etanol e diesel nos postos, causando impactos na vida de quem precisa do carro para os deslocamentos diários. A dependência por estes combustíveis ficou evidente nas ruas, com o fluxo de veículos muito aquém de dias normais, mesmo nos horários de pico. Mas para uma parcela pequena da população, os postos desabastecidos não foram motivos para o carro ficar na garagem. Ao contrário, teve motorista que lucrou, e muito, com a situação, pois tinha o automóvel convertido para funcionar com Gás Natural Veicular (GNV). Porém, o número de veículos aptos a funcionar com esta tecnologia é baixo na cidade, aproximadamente 3.500, o que não chega a 2% da frota emplacada no município.

A distribuição de GNV não foi afetada durante a crise porque o gás chega ao município por meio de tubulações, e não pelo transporte rodoviário convencional. Esta tubulação, de aço carbono, é ligada diretamente a oito postos de abastecimento, além de permitir o consumo de alguns condomínios residenciais e a uma base de distribuição. Neste local, um caminhão é abastecido para levar o GNV até um posto credenciado em Ubá.

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Motorista de táxi, Heluey França não teve problemas em manter as atividades profissionais ao longo da última semana. “Minha demanda aumentou muito e cheguei a percorrer, em dois dias, 400 quilômetros, distância que levo normalmente uma semana para vencer.” Tranquilidade também passou o missionário evangélico Francisco Marques, de Bicas. “Minha esposa precisou vir a Juiz de Fora fazer um tratamento, e não tive qualquer problema. Além disso, tirei muita gente do sufoco. Um amigo, por exemplo, precisava chegar ao aeroporto do Rio, e não teria como fazer o trajeto se não fosse no meu carro.” Já o motorista de aplicativo Paulo Silva disse que faturou, em um dia, o que normalmente levaria cinco dias de trabalho para ganhar. “Coloquei o GNV em 2012 e nunca tive qualquer problema no carro. Esta semana, ninguém me criticou por ter feito a conversão.”

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Procura em oficina

A conversão veicular para o carro aceitar gás GNV é feita em dois dias na cidade, pela única oficina credenciada pelo Inmetro a executar o serviço, a Top Gás. Na última semana, o proprietário Alessandro de Souza Cruz viu a busca por informações triplicar, até mesmo a partir de pessoas que não eram, até então, o seu público-alvo. “Geralmente quem coloca GNV é quem anda muito, como Uber, Táxi e vendedores. Mas esta semana o perfil foi bem diferente, de pessoas com boas condições financeiras para uso estritamente privado.”

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Segundo ele, a procura vinha em uma crescente, desde que a Gasmig lançou um bônus de incentivo, de R$ 2 mil, para qualquer motorista que fizesse a conversão. Com este bônus, o proprietário do carro recebia um cartão, neste valor, para ser utilizado como quisesse. “Antes do bônus, fazia cinco conversões por semana, em média. Depois aumentou um pouco e cheguei a fazer até duas por dia. Agora, por causa da greve, tive que reorganizar a oficina e, a partir da próxima semana, vou atender até três veículos por dia.”

E quem tiver interesse em submeter o carro ao processo vai ter que aguentar uma longa fila de espera: os próximos agendamentos estão sendo feitos para a segunda quinzena de julho.

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Gasmig vai ampliar bônus de incentivo

O GNV é mais barato que gasolina e etanol, com metro cúbico ao custo médio de R$ 2,25, o suficiente para percorrer cerca de 14 quilômetros, considerando um carro 1.0 sem ar-condicionado. Já o custo da conversão é variável e pode ir de R$ 3.500 a R$ 5 mil, dependendo, principalmente, do tamanho do cilindro a ser colocado no carro. Quanto maior, mais ampla a autonomia, mas menor o espaço para o porta-malas. Na ponta do lápis, significa que, quanto mais o carro convertido é utilizado, mais rápido o investimento será pago, uma vez que haverá economia de 50% a 70% com gastos de combustíveis.

O diretor-presidente da Gasmig, Pedro Magalhães Bifan, disse que a greve dos caminhoneiros fez a população se atentar a outras formas de abastecimento dos carros. “E não só carros, pois o GNV pode ser utilizado em veículos pesados, como os próprios caminhões e ônibus, reduzindo assim a dependência ao óleo diesel. Este é um mercado que queremos atingir, focando inicialmente no transporte coletivo urbano”, disse à reportagem, por telefone, na última terça-feira (29).

Outra iniciativa, segundo ele, será de ampliar o número de oficinas credenciadas para a conversão. Juiz de Fora tem apenas uma, e outra está prestes a ser aberta em Barbacena. “Assim, Juiz de Fora conseguirá, inclusive, atender a uma demanda que existe hoje de municípios próximos do interior do Rio de Janeiro.”

Novas tendências

No momento da conversa, Pedro preparava para embarcar para os Estados Unidos, onde conheceria novas tendências para o GNV. “Vou visitar uma empresa que desenvolve transporte de gás compactado, para atingir locais onde a rede não está disponível. De uma única vez, poderemos transportar até 16 mil metros cúbicos, o suficiente para manter o abastecimento diário de quatro mil carros, em média.” Outra novidade é que, nos próximos dias, o bônus de incentivo de R$ 2 mil será renovado para quatro mil novas conversões.

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